Medjugorje é continuação da mensagem de Fátima.
A viagem a Medjugorje levou-nos ao encontro de um grupo de peregrinos vindos de Portugal. Muitos deles, tocados pela graça de Nossa Senhora, são peregrinos frequentes deste lugar humilde e de singular beleza espiritual. Numa comunhão de fé, presenciámos a vivência daqueles – entre muitos – que têm, pelas mãos de Nossa Senhora, Medjugorje no coração, e onde quer que estejam a Virgem Santíssima espelha-se no seu olhar. Na noite anterior ao regresso do grupo peregrino, recolhemos o testemunho de António Benito, um peregrino cuja fé o transformou. Hoje é um guia, uma candeia que tem alumiado a muitos nos caminhos do Senhor.
O CLARIM – Já vem a Medjugorje há muitos anos?
ANTÓNIO BENITO – Venho a Medjugorje há quase quinze anos, mas com maior regularidade há cerca de dez anos. Somos a agência de Portugal que faz mais peregrinações e tentamos ter um relacionamento com todas as pessoas muito idóneo, muito respeitador, demonstrando-lhes que de facto o que vimos fazer com os nossos peregrinos é que se mantenham ligados a Nossa Senhora e que cresçam com Nossa Senhora, porque as mensagens de hoje são diferentes e, ao mesmo tempo, possamos comungar com eles este prazer, esta alegria que eles têm de Nossa Senhora aparecer aqui. Partilhamos como uma irmandade e não como uma forma comercial ou tentando tirar partido do que aqui existe. Penso que assim criamos relações humanas, que nos ajudam a crescer, como faziam os primeiros cristãos, que mesmo não se conhecendo se ajudavam mutuamente. Medjugorje recupera esse princípio do Evangelho e nós sentimos isso, uma situação rara de se encontrar em outra parte do mundo.
CL – Então podemos dizer que a vossa agência se entregou aos caminhos da fé?
A.B. – Dedicamo-nos às peregrinações que sejam um verdadeiro caminho, ou seja, não fazemos peregrinações que levem as pessoas a passear, mas sim a crescer espiritualmente. Achamos que é conhecendo mais Jesus que as pessoas dificilmente o deixam de amar, e isso reflecte-se na sua vida familiar, nos amigos e na sociedade. Achamos, por aquilo que constatamos nas peregrinações que fazemos, que os dias de hoje são dias em que as pessoas também gostam de caminhar e querem caminhar, não perdendo tempo com algo que não as ajude a dar um passo mais em frente, ou seja, cada peregrinação constitui uma maior aproximação, um maior conhecimento de Deus. Daí fazermos peregrinações que achamos que possam ter esse conteúdo e possam ser acompanhadas espiritualmente de modo a sermos cúmplices no crescimento espiritual. Temos visto muitas coisas ao longo destes anos, desde pessoas sem fé a pessoas que despertaram na sua fé adormecida. Temos visto curas físicas, temos visto a renovação, a conversão das pessoas, que normalmente as torna melhores no sentido de se tornam mais agradáveis, mais compreensíveis, e isso reflecte-se depois na própria comunidade. Em primeiro lugar a uma escala menor, na família, porque quem cresce com Deus vai trazer uma outra vivência à família: alegria, tranquilidade, amor. Isto agrada-nos porque sabemos que tudo contribui para a felicidade das pessoas, e ao mesmo tempo para nós.
CL – Sente-se pela sua emoção que é um homem de fé. O que poderia transmitir às pessoas da sua vivência e relação com Medjugorje, e com as aparições de Nossa Senhora?
A.B. – Medjugorje é um local diferente, um local de graça, porque Nossa Senhora assim o quer. Este é um local de catequese. Mesmo que nós não compreendamos de início, Nossa Senhora vai-nos transformando. Não se pode comparar com nada, nem há palavras que possam descrever com exactidão o que aqui se sente. Em Medjugorje vive-se com o coração, Nossa Senhora fala-nos ao coração.
CL – Por toda a sua fé e caminhada, sendo um homem que leva as pessoas a serem tocadas por Deus, ligado à Igreja e que vive a fé dentro dela, o que poderia dizer às pessoas que se refugiam no seu “quarto”, dizem ser católicos, mas não praticantes, e vivem a sua fé fora da Igreja?
A.B. – Nossa Senhora, aqui em Medjugorje, tem uma abordagem muito carinhosa para com essas pessoas, que é o facto de se referir a elas como aquelas que ainda não conhecem o amor de Deus. Todo aquele que caminha no sentido de se aproximar de Deus não caminha sozinho, aliás, o Evangelho diz que nós não nos salvamos sozinhos. Não podemos de facto ter uma vivência com Deus sozinhos, a nossa espiritualidade é uma espiritualidade comunitária, se assim não fosse, Jesus poderia ter ele próprio escrito os Evangelhos e dado a cada um dos apóstolos, e que eles os interpretassem sozinhos. Ao contrário, Jesus criou uma comunidade, portanto – nós – vivemos em comunidade, e é isso que nos salva, é isso que também muitas vezes nos traz dissabores ou dificuldades, mas faz parte da caminhada. Se efectivamente as pessoas sentirem que se encontram melhor sozinhas, este é um sinal de alarme e devem procurar uma peregrinação, devem procurar ser acarinhados por Nossa Senhora. Nossa Senhora pede sempre que façamos a experiência do amor de Deus em conjunto. João Paulo II dizia: «queres amar a Deus, ama primeiro o teu irmão». Ninguém pode dizer que ama a Deus se não ama primeiro o seu irmão. Para fazermos a experiencia do amor com o nosso irmão, temos de sair do nosso conforto, e é só nessa altura que quando amamos o próximo nos curamos, porque se procuramos a solidão é porque estamos mal por algum motivo.
CL – Vemos que valoriza a Igreja e os sacerdotes, trazendo neste grupo peregrino dois sacerdotes…
A.B. – Acompanham-nos sempre. Em Medjugorje tomamos consciência porque Nossa Senhora pede-nos, por exemplo, que nos confessemos pelo menos uma vez por mês. É um sacramento criado por Jesus; sem os sacerdotes não podemos ter o perdão, não temos Jesus sacramentado, não existe Igreja. Está fora de questão não os termos, não como exigência, como instituição, mas pelo facto que lhes devemos muito e que os devemos apoiar numa época em que são muito atacados. Em que há um ataque feroz à Igreja, um ataque pelos meios intelectuais, por várias correntes que negam a Deus. E se queremos de facto manter a nossa fé, temos de proteger os nossos sacerdotes. Temos de fazer uma reflexão: nós enquanto cristãos católicos não podemos querer ter sacerdotes, se primeiro não cultivarmos a fé na nossa família. Se a família for forte, a Igreja vai ser forte. Se a família for fraca, a Igreja vai ser fraca. Os sacerdotes saem das nossas famílias, não são adquiridos de outra forma, nascem no seio das nossas famílias. Se as nossas famílias forem santas, se estiverem com Deus, vão aparecer sacerdotes santos. Medjugorje vem dar resposta a um alerta que a irmã Lúcia já nos tinha falado: a última batalha seria pelos sacerdotes e pelas famílias. Nossa Senhora aqui faz apelo a que rezemos pelos sacerdotes. Tem havido muitas vocações nascidas em Medjugorje, graças às aparições de Nossa Senhora. Muitos sacerdotes que vêm aqui voltam a encontrar a alegria, um vigor, como não tinham, porque quando aqui chegam sentem-se como sacerdotes – quando sentem o carinho com que a Nossa Senhora os trata numa aparição.
CL – O que lhe toca mais em Medjugorje?
A.B. – É ver a conversão das pessoas, a mudança de vida…
CL – Sente-se uma grande espiritualidade em Medjugorje…
A.B. – Medjugorje é um lugar único que contribui para um despertar de consciência, um reforço da fé. Nossa Senhora escolheu esta paróquia para ser um exemplo para o mundo, mas também escolheu esta paróquia – porque aqui existia fé – para catequisar o mundo, o que se resume nas chamadas cinco pedrinhas de Medjugorje, aquilo que Nossa Senhora considera de mais importante para que possamos crescer espiritualmente e mantenhamos uma fé sólida: a Confissão, para que nos possamos manter limpos e unidos a Deus; a Eucaristia; a leitura da Bíblia, principalmente a leitura em família; o jejum; e o Rosário. O nosso corpo deveria ser um templo sagrado, assim, o jejum é muito importante e surge em Medjugorje como uma referência muito forte. Nossa Senhora começou por pedir o jejum à sexta-feira e depois à sexta e quarta-feira. Nossa Senhora pede sempre as coisas de uma forma gradual, nunca “radical”. Nossa Senhora também nos pede em Medjugorje o que tem pedido em outras aparições: a oração do Rosário, mas como uma mensagem para os dias de hoje. Nossa Senhora pede-nos uma oração esclarecida, que o façamos com amor, logo, que compreendamos e meditemos em cada mistério do Rosário, porque cada mistério tem um significado especial. Por exemplo, quando meditamos no encontro de Nossa Senhora e da sua prima Isabel, quando a criança no ventre de Isabel reage à presença do Espírito Santo, vemos o quanto as crianças são sensíveis à presença do Espírito Santo. Portanto, se todos meditassem nisto, as mulheres pensariam melhor antes de fazer um aborto, pois transportam dentre de si um ser sensível à presença do Espírito Santo, mesmo sendo pequeno, a sua consciência de amor já está plenamente desenvolvida, e a sua sensibilidade espiritual é tão desenvolvida como a de um adulto. Nossa Senhora em Medjugorje diz-nos o mesmo que nos disse em Fátima, o mesmo que nos disse em Lourdes e noutros locais, mas aqui ajuda-nos. Nossa Senhora quer transmitir-nos o conhecimento para que possamos amar, porque é impossível conhecer a Deus e não o amar. Hoje muitos jovens, muitas pessoas, não amam a Deus porque não o conhecem. Nossa Senhora em Medjugorje oferece-nos o seu coração de mãe para que possamos amar o filho como Ela O ama.
CL – Qual a importância do padre franciscano Slavko Barbaric para a espiritualidade de Medjugorje?
A.B. – O padre Slavko, aqui nascido, dada a sua inteligência, foi enviado para a Áustria e Alemanha, formando-se em Psicoterapia. No início das aparições, os franciscanos, por terem receio de complicações que pudessem vir – porque ainda não havia certezas – enviaram o padre Slavko a verificar a veracidade e evitar que os comunistas voltassem a atacá-los, caso fosse tudo fruto de uma imaginação. Como falava seis ou sete idiomas, naturalmente tornou-se no primeiro guia a explicar, aos primeiros peregrinos que vieram, as mensagens de Nossa Senhora. Crente nelas, não se limitava só a ouvi-las, pedindo também que as vivessem. Ele criou, assim, com as mensagens, a espiritualidade de Medjugorje.
CL – Disse que o padre Slavko tem uma aura de Santidade…
A.B. – O padre Slavko está no processo de beatificação e ao longo destes anos foi o único referido por Nossa Senhora, na sua aparição a Marija, a 25 de Novembro de 2000, no dia seguinte à sua morte: «Não fiquem tristes, porque o padre Slavko nasceu nos céus e intercede por vós».
CL – De certo modo o padre Slavko dá bastante credibilidade às aparições de Nossa Senhora em Medjugorje…
A.B. – Dá! E para além de dar credibilidade, dá um método de crescimento. Para se entender as mensagens e crescer espiritualmente com elas. As mensagens de Medjugorje não são mensagens para serem vividas como uma “referência” histórica: Nossa Senhora apareceu e disse. Não! São mensagens que se tornaram numa fé operosa, a fé tornou-se em obras. Uma fé viva, praticada e que tem dado muitos frutos.
CL – Se alguém pretender fazer uma peregrinação consigo, com a vossa agência, como o poderá contactar? Têm algum um site na Internet?
A.B. – Estamos agora a preparar o nosso site. A empresa chama-se Grandevasion. Temos os contactos na Internet e a partir do momento que nos contactam colocamos as pessoas na “mailing list” e divulgamos as peregrinações que fazemos: a Medjugorje, à Terra Santa, a Itália, Coreia, Turquia, Filipinas, entre outros lugares. Medjugorje também tem essa particularidade, em que nos ajuda a estarmos mais receptivos àquilo que é a comunicação de Nossa Senhora connosco. Quem quer fazer uma caminhada, quem se quer aproximar de Deus ou se sente sem rumo, procure vir a Medjugorje porque uma peregrinação pode ser determinante para o resto das nossas vidas.
Miguel Augusto
Em Medjugorje (Bósnia-Herzegovina)