Padre Mai Lio esperou 26 anos para entrar na China Continental

Sonho comanda a vida.

Natural de Itália, o padre Mai Lio sentiu, ainda em criança, o desejo de ir para a China continental. «É talvez inacreditável, mas comecei a sonhar com isso aos nove anos de idade. Porquê? Havia um santuário próximo da povoação onde vivia. Caminhávamos cinco quilómetros até esse santuário, onde havia franciscanos. Um padre deu-nos um pequeno papel, chamado “cinesino”, sobre a missão franciscana na China… E foi assim que tudo começou», disse a’O CLARIM o sacerdote, que entrou no seminário menor dos franciscanos aos nove anos de idade.

A Segunda Guerra Mundial tinha já terminado e a fome grassava em Itália. Não escapando às agruras da época, o futuro padre teve que recuperar em casa, mas passados os três meses que durou a convalescença não pôde retomar os estudos no seminário. Encontrou então uma congregação que o aceitou.

Mesmo após ser ordenado padre, o sonho continuava a ser o de sempre – entrar na China –, mas o País estava fechado sobre si mesmo. «Querendo ir realmente para a China continental, fui então aconselhado a ir para um país próximo… e esperar [até que situação mudasse]», lembrou, acrescentando: «e foi assim que esperei vinte e cinco anos no Japão». Esteve também em Taiwan, onde aprendeu a falar Chinês.

A oportunidade inicial do sacerdote italiano surgiu através dos padres jesuítas, que restauraram uma catedral na província de Anhui e convidaram-no a ir à China continental um ano depois de ter chegado a Taiwan. O sonho estava realizado, mas havia muito trabalho pela frente. «Atravessámos dificuldades várias, relacionadas com o trabalho pastoral, mas a nossa satisfação foi ver que o número de fiéis aumentou», frisou.

Décadas depois de realizar o seu sonho, o padre Mai Lio sustentou que «há grandes progressos» na maneira como a Igreja Católica, da Santa Sé, é vista no interior da China. É seu «desejo que a liderança do Presidente Xi Jinping seja profícua no estreitar das relações com o Vaticano», por via do «Papa Francisco».

Consciente de que «nem tudo é fácil no diálogo», disse esperar que «se construa pouco a pouco uma ponte de entendimento» entre ambas as partes, dado que «o Catolicismo pode ser uma via para o progresso e harmonia do País».

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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