São José fortemente celebrado em todo o mundo
É um dos grandes santos da Igreja, esposo de Maria e pai adoptivo de Jesus. Era membro da casa de David. A sua vida tem referências na Bíblia, no Novo Testamento. É conhecido como o “santo silencioso”, pois não se conhece qualquer frase sua. A sua postura serena e discreta, de acção, está também na base dessa realidade.
Viveu no Século I a.C., não se conhecendo a sua data de morte, que terá sido antes da Paixão de Cristo. A maior parte dos estudiosos refere que terá morrido com cerca de 50 a 60 anos de idade, antes do começo da vida pública de Jesus. Todavia, a história de José, o Carpinteiro, (compilação bizantina de textos sobre o Santo, efectuada no Egipto nos Séculos VI-VI, em Grego) refere que terá morrido no dia 20 de Julho de 18 ou 19, com 111 anos. Epifânio, outro biógrafo, refere que morreu com noventa anos. Terá nascido em Belém de Judá, como Jesus, e morrido em Nazaré da Galileia, onde viveu boa parte da vida com a Sagrada Família, exercendo a profissão de carpinteiro, artesão, ou simplesmente “operário”.
O seu culto é imemorial, com Festa a 10 de Março, como São José esposo da Bem-aventurada Virgem Maria (Rito Romano) e como Pai. Tem também Festa, no Rito Romano, no dia 1 de Maio, como operário e patrono do trabalho. No Rito Bizantino, a sua Festa cai no Domingo a seguir à Natividade, enquanto no Rito Moçárabe se celebra a 3 de Janeiro. Os coptas ortodoxos celebram São José a 20 de Julho. Na Igreja Católica, é o patrono de vários países (Áustria, Bélgica, Vietname, por exemplo) e cidades como Turim. É o padroeiro também dos carpinteiros, artesãos, dos trabalhadores em geral, dos emigrantes, viajantes e das crianças por nascer, além de patrono da Família Cristã. É também patrono da “boa morte”, da santa morte, pois acredita-se que terá tido a melhor das mortes, ou seja, nos braços de Jesus e Maria. Na Argentina, é o patrono da acção católica naquele país.
Na arte, a sua representação ocorre desde a Idade Média, sempre no âmbito da Sagrada Família, desde a escolha como esposo de Maria, até à Natividade do Menino em Belém, à vida em Nazaré, à ida ao Templo a Jerusalém, quando se perde do Filho. Depois, José surge como pai, ensinando o Menino na carpintaria, a ler, ou a vigiar a educação e a vida do santo petiz. Uma das mais impressivas representações é a da dúvida de José em assumir a paternidade do Menino, na aparição do Anjo, dúvida essa que elimina e convictamente se torna o protector e amparo diligente de Maria e de Jesus. Essa determinação, lealdade e empenho demonstra de forma plena na migração forçada que foi a fuga da Sagrada Família para o Egipto, perante a ameaça de Herodes. Liderando a Família, migra para um destino desconhecido, o Egipto, onde a história judaica e o Antigo Testamento celebram outro José, filho de Jacob e de Raquel, que por lá andou em venturas e pleitos, como depois o seu sobrinho-neto Moisés, que lá nasceu e traçou o rumo da sua vida e do monoteísmo para sempre, através do seu êxodo. José e a Sagrada Família são assim a imagem dos migrantes de todos os tempos, que fogem à guerra e à barbárie, que enfrentam o desconhecido, os perigos e o destino incerto. José, pai abnegado e responsável, abraça o desígnio de uma vida, de uma santidade silenciosa e leal, sem protestar nem exigir, sem pedir nada em troca e sempre em silêncio, aceitar sem hesitar. Assume Jesus e Maria e constrói uma vida, uma família e enfrenta tudo e todos em nome da unidade da mesma.
Por isso, vários autores cristãos o celebram, como o Venerável Beda, São Bernardo de Claraval ou São Tomás de Aquino, mas será uma mulher, uma monja reformadora do Carmelo, São Teresa de Ávila, a refundar e afirmar a figura e a devoção a São José. Será a mística espanhola a conferir em definitivo o valor espiritual de São José, plasmando a sua devoção no seu “Libro de la Vida” e atribuindo o seu orago a vários mosteiros que refundou ou reformou no Carmelo Descalço. Antes, refira-se que também alguns autores franciscanos (Escoto, Olivi, Ubertini de Casale, São Bernardino de Siena…) se dedicaram a São José, definindo-o como modelo único de paternidade, de fidelidade, humildade, pobreza e obediência.
Pio IX proclamaria São José como patrono da Igreja universal a 8 de Dezembro de 1870 (Solenidade de 19 de Março). Em 1889, Leão XIII dedicaria uma Encíclica ao Santo, a Quamquam pluries. Em 1989, a 15 de Agosto, no centenário da Encíclica anterior, João Paulo II dedicou ao Santo a Exortação Apostólica Redemptoris custos, a carta magna da teologia de São José. O Papa Francisco dedicou o ano entre 8 de Dezembro de 2020 e 8 de Dezembro 2021 como ano de São José. Como patrono do trabalho, foi assim declarado em 1955, por Pio XII, que instituiu a Festa (hoje Memória) de São José Operário no dia 1 de Maio. O nome de São José foi introduzido no Cânone Romano da Missa por João XXIII.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa