Ancorados na praia

Vivemos a primeira semana em St. Lucia sem grandes acidentes de percurso. Depois da passagem pela ilha de Dominica, que nos surpreendeu pela positiva – até porque foi acidental, – a paragem em St. Lucia era já um dos pontos que queríamos visitar, se bem que estava planeado fazê-lo quando regressássemos de Grenada, rumo ao Panamá. Devido à situação de insegurança que se vive na Venezuela, os veleiros com destino ao Panamá ou à Colômbia fazem uma rota rumo a Norte antes de apontarem à América Central, para evitar as águas costeiras da Venezuela. Assim o iremos fazer, apesar de já termos tido um encontro com uma traineira (seriam piratas?) venezuelana, bem longe da sua costa.

St. Lucia, que deve o nome aos franceses, é uma ilha bem arranjadinha, com gentes boas e lindas praias. Chegámos aqui com a intenção de ficarmos numa pequena baía chamada Marigot, algo parecido com o que se vê nos postais ilustrados das Caraíbas. Mas quando chegámos ao local, apesar de tudo ser como descrito, ficámos desapontados com o facto de não haver ancoradouro gratuito e de ter de se pagar para usar as bóias de ancoragem. Também o facto da baía ser demasiado pequena faz com que não haja qualquer tipo de privacidade. Os barcos estão quase todos em cima uns dos outros e há tráfego de ferries a todo o momento, ajudando à confusão que se sente. Posto isto e a nada haver que nos fizesse mudar de ideia, decidimos seguir para outro dos locais aconselhados, mas mais a norte, o que nos obrigou a quatro horas extra de navegação com o motor ligado. Chegados a Rodney Bay ancorámos em frente à praia e seguimos de imediato para os serviços de imigração para dar entrada no País; algo receosos porque não sabíamos como iria ser o procedimento para o passaporte tailandês da NaE. Tudo não demorou mais de cinco minutos e 300 patacas. Relativamente ao nosso cachorro, que nos tinham dito ser uma dor de cabeça em St. Lucia, nada de mais se passou. Caso fique no veleiro o tempo todo nem tem de dar entrada no País.

Depois da papelada tratada almoçámos na marina e regressámos ao veleiro. Descobrimos então que estávamos ancorados no mesmo local dos nossos companheiros de viagem do catamaran Fata Morgana, o casal que nos acompanhou desde a República Dominicana até Porto Rico e que já tínhamos também reencontrado em St. Martin há dois meses. É sempre agradável rever amigos e trocar novas experiências.

Depois de termos ponderado o orçamento e preços, possivelmente iremos desistir da viagem até Grenada, porque se fizermos o trabalho de manutenção do veleiro na marina acabamos por gastar o mesmo dinheiro. Além de que se fôssemos a Grenada depois teríamos de regressar a estas latitudes para rumar ao Panamá no final do ano. Possivelmente iremos ficar por aqui e daqui voar para a Ásia, onde teremos de ir no início de Dezembro, se tudo correr como previsto. Deste plano iremos dar mais detalhes assim que estiver tudo definido e decidido. Nos próximos dias temos muitos contactos a fazer e procedimentos burocráticos a tratar, caso fiquemos tanto tempo. Principalmente por causa do Noel. Teremos de tratar do processo de importação e encontrar um local onde possa ficar hospedado durante a nossa ausência.

Relativamente a St. Lucia, apesar de ainda não conhecermos quase nada, já deu para nos apercebermos que se trata de uma ilha diferente nas Caraíbas. É a maior desta zona e, pela nossa experiência, a mais organizada e limpa. O facto de serem insulares incutiu-lhes um apurado sentido de pertença e a necessidade de manter o ambiente limpo. Apesar de terem problemas de salubridade, o Governo esforça-se por manter tudo limpo e as pessoas colaboram em tudo o que podem.

Quanto ao acesso a víveres, os supermercados que já conhecemos têm de tudo. Desde condimentos asiáticos aos ingredientes usados na comida local. Há carne, peixe e vegetais. O único senão continua a ser o pão. Ainda não conseguimos encontrar um local com pão que se compare ao português.

Sobre a tripulação, resta dizer que está tudo bem e de bom humor. Relativamente ao veleiro, está tudo em ordem e em pleno funcionamento.

João Santos Gomes

joao@sailingdee.com

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