Para onde foi o meu coração?
Aconteceu em Outubro de 1995. O Papa João Paulo II iria visitar Baltimore e o coordenador chefe das viagens papais do Vaticano, padre Roberto Tucci, SJ, encontrava-se a supervisionar os preparativos para a viagem. Mostraram-lhe a residência do arcebispo, onde o Papa iria comer e descansar por alguns instantes.
No corredor por onde o Papa teria de passar existia uma porta que dava para a capela da casa. O padre Tucci pediu ao pessoal da casa do arcebispo: «Mantenham esta porta fechada, assim o Papa não saberá que aqui há uma capela».
Acontecera que em visitas anteriores, quando o Papa João Paulo II entrara numa capela, havia demorado muito tempo em oração e todo o restante horário da visita ficara totalmente descontrolado.
Quando chegou o dia da visita o pessoal da casa assegurou-se que a porta da capela estava fechada. Mas no caminho de volta para continuar a sua visita João Paulo II parou em frente da porta fechada da capela. O padre Michael White, o organizador local da visita a Baltimore relembra: «Ele nunca tinha estado neste lugar anteriormente; nunca tinha visto este local e não havia nada na porta que a distinguisse como sendo de uma capela. Era apenas mais uma porta, num corredor com portas. Mas ele virou-se, abriu a porta, e foi para capela onde ficou em oração» (Jason Evert, São João Paulo, o Grandioso, pág.138).
São João Paulo II de certeza que sabia o que era mais importante para ele, resultado de um estudo pessoal e da oração, através dos quais encontrou «uma pérola de grandioso valor (Mateus 13:45-46)» e colocou o seu coração nela, porque «onde esse tesouro está, está o coração (Mateus 6:21; Lucas 12:34)».
Onde está o meu tesouro é para onde o meu coração vai. E para onde o meu coração vai é aí que invisto o meu tempo. Se algo é importante para mim, consigo tempo para isso. Assim, a ordenação do meu tempo depende da ordem do meu coração.
No final do dia, quando revejo o que fiz, posso facilmente verificar onde está o meu coração e o que é mais precioso para mim. Poderei sabê-lo, baseado no tempo que dediquei a isso, ou à prioridade que lhe concedi. «E para vós o que é o mais importante, a coisa mais preciosa, que atrai o vosso coração como um imã», pergunta o Papa Francisco.
Os Santos eram, e serão sempre, os maiores amantes de todos os tempos, porque para eles o seu único amor é o amor ao maior de todos os Tesouros, o maior Bem que se pode possuir.
Se descobrir que o meu coração está a ser atraído por algo que não seja Deus, e que estou a dedicar demasiado tempo a outras actividades, que não a Ele, sei que devo tentar conhecê-Lo melhor. “Nihil volitum nisi præcognitum” (Nada pode ser amado, sem que antes seja conhecido). Terei que voltar atrás e reexplorar a minha Fé, a minha amizade para com Ele. “As Coisas foram investigadas. O conhecimento tornou-se completo. Sendo o conhecimento completo, os pensamentos eram sinceros. Sendo sinceros os seus pensamentos, os seus corações foram corrigidos (melhorados)” (A grande Aprendizagem).
Pe. José Mario Mandía