Bispo de Macau nas comemorações dos 500 anos da evangelização do povo timorense

Irmãos na fé

D. José Lai, bispo de Macau, desloca-se na próxima semana a Timor-Leste, onde vai participar nas comemorações dos 500 anos da evangelização do povo timorense, que decorrem entre 13 e 15 de Agosto.

«[Timor-Leste] é como um irmão, até porque no passado esteve sob a alçada da Diocese de Macau. Daí esta ligação muito próxima», disse a’O CLARIM D. José Lai, ainda antes de seguir viagem acompanhado pelo padre timorense, Domingos Soares, vigário da Sé Catedral para a comunidade portuguesa e dos crentes em geral.

«Parabéns pela independência e pela sua vitalidade», sublinhou o prelado, acrescentando que «antigamente mandávamos vários missionários de Macau para servir em Timor-Leste, mas agora é o contrário».

O padre Domingos Soares, por seu lado, enalteceu o importante contributo de Macau no papel missionário desenvolvido em Timor-Leste, apontando como exemplo o labor do cardeal D. José da Costa Nunes, que entre outros serviços de grande relevo preparou D. Jaime Garcia Goulart, seu familiar, para ser o primeiro bispo da Diocese de Díli, a mais antiga do País.

«O apoio actual da Diocese de Macau traduziu-se numa contribuição monetária para apoiar o aumento de salas no Seminário Maior de São Pedro e São Paulo e para a compra de livros para a biblioteca do Instituto Superior de Filosofia e Teologia D. Jaime Garcia Goulart. Também a paróquia da Sé de Macau está ajudar na formação de seminaristas timorenses, tendo famílias macaenses como suporte financeiro», referiu.

Quanto aos 500 anos, o padre Domingos Soares lembrou que a data oficial da chegada dos portugueses a Timor é 1515, «podendo mesmo ter sido antes ou depois», sendo ainda natural que «tivessem ido com eles padres católicos», embora a documentação oficial aponte para que «os primeiros missionários chegassem algumas décadas mais tarde».

«As comemorações servem para agradecer e para viver com maior profundidade a alegria e a fé em Cristo», vincou o padre Domingos Soares, ao comentar o significado que representa a efeméride para o povo timorense.

 

Diocese de Macau comemora 440 anos

D. José Lai já está a preparar as comemorações dos 440 anos da Diocese de Macau, agendadas para o próximo ano (a fundação do então Bispado de Macau remonta a 23 de Janeiro de 1576).

Nesse âmbito, o prelado traçou como objectivo o desenvolvimento da Diocese «de forma multidimensional», ao convidar «mais leigos a aderir ao trabalho pastoral».

«Macau passou nas últimas décadas por grande transformação e desenvolvimento. O papel da Igreja Católica tornou-se mais importante, especialmente nos novos aterros e nas novas áreas residenciais. Estamos a viver a liberdade religiosa e precisamos de continuar a desenvolver [o trabalho] junto das comunidades e pedir aos leigos para viver de acordo com a fé de Cristo», acrescentou.

«As paróquias devem providenciar mais serviços para a classe laboral. Em Coloane e na Taipa é preciso mais padres, porque só temos agora um em cada ilha. Instruir os leigos pode formar comunidades apostólicas que ajudem o trabalho pastoral. A comunidade cristã deve ser mais pró-activa para chegar aos não crentes», observou.

Quanto ao sector da Educação, vincou que «os professores de educação religiosa devem preocupar-se com o aperfeiçoamento contínuo das suas capacidades para serem fiéis à sua própria fé e espiritualidade».

«Devemos ainda ter como referência os materiais didácticos disponíveis em Hong Kong e também ter em conta as necessidades da sociedade de Macau», reforçou D. José Lai.

«Notamos agora que o anterior método de traçar primeiro um programa e depois implementá-lo já não é muito prático. Temos que repensar em como manter o contacto com os jovens. Temos que encontrar pessoas da mesma faixa etária para promover as vocações. Os jovens leigos também podem ajudar», salientou.

«Continuamos a acolher outras comunidades religiosas a estabelecer novas bases em Macau, tal como aconteceu antes com o Colégio de São Paulo», sustentou ainda.

 

Vaticano na efeméride de Timor-Leste (CAIXA)

O cardeal D. Pietro Parolin, secretário do Estado do Vaticano, vai estar em Timor-Leste em representação do Papa Francisco. A chegada a Díli está marcada para a tarde de quinta-feira, 13 de Agosto. Na manhã seguinte, o cardeal irá encontrar-se com representantes do Estado timorense, seguindo-se almoço em Becora, no salão das Madres Canossianas. Entre as 16 horas e as 17 horas e 30, estará na procissão de Nossa Senhora peregrina e efectuará a assinatura da Concordata entre a Santa Sé e Timor-Leste, entre outras actividades constantes no programa. No sábado, último dia da visita, será recebido por bispos e representantes dos órgãos de soberania. Após a oração dos 500 anos e do seu discurso, terá a palavra o Presidente da República, Taur Matan Ruak. Dois pontos altos do programa são as entregas da Cruz Jovem à Paróquia de Laclubar e da Imagem Peregrina a Fatubessi. O representante do Vaticano parte no mesmo dia para Singapura.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA (*)

pedrodanielhk@hotmail.com

(*) com Benedict Keith Ip

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