33º DOMINGO COMUM – Ano A – 19 de Novembro

33º DOMINGO COMUM – Ano A – 19 de Novembro

Sejamos fiéis nas pequenas coisas

“Um homem que viajava chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um, deu cinco talentos; a outro, dois; e a um terceiro, um – a cada um deu segundo as suas capacidades”.

Na época de Jesus, um talento equivalia a seis mil denários, sendo que um denário equivalia a um dia de salário. Logo, cada talento representava seis mil de trabalho. Se assumirmos que num ano se trabalha trezentos dias, um talento seria suficiente para cobrir vinte anos! Se alguém recebesse apenas um talento, teria dinheiro suficiente para gozar férias prolongadas. Mas não foi essa a ideia do mestre. Ele “confiou-lhes os seus bens”, queria que os servos fossem administradores do seu dinheiro. Não lhes estava a dar dinheiro para que iniciassem o seu próprio negócio. Na verdade, a parábola deixa claro que o senhor esperava que os servos devolvessem o seu investimento inicial e que também lhe entregassem o dinheiro que viessem a ganhar.

O SENHOR CONFIOU-NOS O MUNDO –A parábola é um eco do que lemos em Génesis 2, 15: «Assim, o Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para zelar por ele e nele fazer as suas plantações». Toda a criação pertence ao Senhor e Ele nos fez administradores do mundo material, que o Senhor viu “ser bom” (cf. Génesis 1: 10, 12, 18, 21, 25). Somos os servos a quem o Senhor tanto confiou. A mordomia que Deus ofereceu aos nossos primeiros pais mostrou a grande confiança que Ele depositava neles. Afinal, Ele os fez à sua imagem e semelhança (cf. Gén.,1, 26).

Jesus recorre à analogia dos negócios para explicar o que Deus espera que façamos com o mundo que Ele colocou sob os nossos cuidados. A parábola ensina-nos o valor do trabalho humano e ensina-nos que é correcto uma pessoa obter retorno dos investimentos que faz. É por isso que Ele não nos deixa parados. Pelo contrário, Ele quer que empreguemos bem o nosso tempo e aproveitemos as oportunidades que nos são oferecidas para suprir as nossas necessidades materiais e espirituais.

O Catecismo da Igreja Católica ensina, no ponto 2427: “O trabalho humano procede imediatamente das pessoas criadas à imagem de Deus e chamadas a prolongar, umas com as outras, a obra da criação, dominando a terra (cf. Gén., 1, 28; GS34; CA31). Portanto, o trabalho é um dever: «Se algum de vós não quer trabalhar, também não coma» (2 Ts., 3, 10; 1 Ts., 4, 11). O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Também pode ser redentor: suportando o que o trabalho tem de penoso (cf. Gén., 3, 14-19) em união com Jesus, o artesão de Nazaré e crucificado do Calvário, o homem colabora, de certo modo, com o Filho de Deus na sua obra redentora. Mostra-se discípulo de Cristo, levando a cruz de cada dia na actividade que foi chamado a exercer (cf. LE27). O trabalho pode ser um meio de santificação e uma animação das realidades terrenas no Espírito de Cristo”.

O Senhor confiou-nos o mundo. E quer que trabalhemos nele, que o melhoremos, que tudo façamos render e que tudo a Ele devolvamos. “Devemos investir as nossas competências e habilidades, mas também a nossa riqueza e os recursos que nos são disponibilizados no trabalho, em tudo que seja assunto do reino de Deus. Isto inclui a produção de bens e serviços necessários. O voluntário que ensina na Escola Dominical cumpre esta parábola. O mesmo acontece com o empresário que inicia um novo negócio e emprega outros, o administrador de serviços de saúde que inicia uma campanha de sensibilização sobre a SIDA ou com o operador de máquina que desenvolve uma inovação num qualquer processo” (in “As Parábolas dos Talentos”).

“Muito bem, meu bom e fiel servo. Como foste fiel nas pequenas questões, eu te darei grandes responsabilidades. Vem, compartilhai a alegria do teu mestre”. Na noite da nossa vida, ficaremos muito felizes se e quando ouvirmos estas palavras de louvor de Nosso Senhor. Certamente não gostaríamos que Nosso Senhor nos dissesse: “Vós, sedes um servo mau e preguiçoso!”.

O que caracteriza o servo bom e fiel? Agiu imediatamente e não perdeu tempo. “Imediatamente, aquele que recebeu cinco talentos foi e com eles negociou, e ganhou outros cinco”. Esta passagem não nos faz lembrar Nossa Senhora, a qual imediatamente respondeu “Fiat!”, perante o convite de Deus, e de pronto foi ajudar a sua prima Isabel? (cf. Lc., 1, 38-39). Não nos lembra também São José, que imediatamente agiu de acordo com as instruções do anjo? (cf. Mt., 1, 24; 2, 14; 2, 21).

Outra característica do bom servo é ser “fiel nas pequenas coisas”. São Josemaría Escrivá ensinou durante toda a sua vida: “Queres de verdade ser santo? – Cumpre o pequeno dever de cada momento; faz o que deves e está no que fazes” (in Caminho).

Maria e José são os maiores dos santos. A sua grandeza não veio de milagres espectaculares, mas de pequenos actos realizados com amor em Belém e em Nazaré. Eram servos bons e fiéis porque eram “fiéis nas pequenas coisas” e, portanto, mereciam participar da alegria do Mestre, infinita e sem fim!

Pe. José Mario Mandía

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