28º DOMINGO COMUM – Ano B – 13 de Outubro

28º DOMINGO COMUM – Ano B – 13 de Outubro

Jesus, o nosso único tesouro

O que consideramos mais precioso na nossa vida? Qual é o desejo mais profundo do nosso coração, que queremos pedir ao Senhor? Riqueza? Dinheiro? Saúde? Poder? Paz?

A Primeira Leitura deste Domingo responde a esta pergunta: «Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos ceptros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada» (Sb., 7, 7-8). Também o jovem Salomão pediu ao Senhor o dom da Sabedoria (cf. 1Rs., 3, 10-15).

Mas o que a Bíblia entende por sabedoria? Uma vez perguntei a algumas crianças se sabiam o que era a sabedoria. Uma menina levantou-se e disse, com franqueza: “Ser sábio é ‘saborear’ a vida”. Fiquei profundamente espantado com a sua resposta! O Salmo 34, 8 veio-me imediatamente à mente: «Provai e vede como o Senhor é bom».

Para os sábios de Israel, “o princípio da sabedoria é o temor do Senhor”, o que significa humildade e reverência perante Ele. A sabedoria nasce da sua experiência de vida. O sábio está “presente”, isto é, “atento”, em cada momento da sua vida, de forma contemplativa, aos acontecimentos quotidianos da sua vida e do seu ambiente. Sob a luz da palavra de Deus, desenvolveram a capacidade de discernir e de responder à vontade de Deus no aqui e agora.

Os pobres de espírito e os mansos podem viver a vida em pleno, experimentando o sorriso de Deus no mais profundo da sua alma. Cantam com o salmista: «Sacia-nos, desde o romper da aurora, com teu amor infinito, e exultaremos de alegria, todos os nossos dias» (Sl., 90, 14).

O jovem rico do Evangelho de hoje ansiava profundamente por sabedoria. Esperava que Jesus respondesse ao seu desejo: “(Ele) correu, ajoelhou-se diante dele e perguntou-lhe: ‘Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?’”.

Embora demonstrasse grande respeito por Jesus, não estava à procura d’Ele, mas sim do ensinamento ou da instrução correcta que o pudesse conduzir à vida eterna: procurava um “bom mestre”, ao que Jesus reagiu dizendo: “Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus”.

Muitas pessoas andam à procura de receitas ou fórmulas que lhes dêem uma solução mágica para os seus problemas ou para o seu desejo de felicidade e alegria! Jesus diz-nos hoje que a resposta não se encontra numa doutrina, numa filosofia de vida ou numa ideologia fundamentalista. Só o encontro com o próprio Jesus, conhecendo-o, seguindo-o e amando-o, nos pode dar a vida em plenitude! Ele é o Filho único de Deus, a fonte de todo o bem para nós. Foi esta a experiência dos primeiros discípulos de Jesus: «Encontrámos o Messias» (Jo., 1, 41).

Jesus reparou que este jovem queria mais do que apenas cumprir os Mandamentos. Então, olhando para ele com amor, vê a oportunidade para um desafio que mudaria a vida daquele homem para sempre: “Falta-te uma coisa; vai, vende tudo o que tens e dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem, segue-me”.

O jovem ficou chocado e foi-se embora triste, recusando o convite do bom mestre. Queria uma religião que pudesse manipular, incapaz de se desligar da sua riqueza e de ver para além da sua própria família e zona de conforto. Foi-se embora triste e frustrado porque fez a escolha errada e afastou-se de Jesus, a fonte da verdadeira vida. Segundo Santa Teresa de Ávila, faltou-lhe uma medida de loucura, para deixar tudo por causa de Cristo.

A chave da nossa vocação é a humildade e o desprendimento! Um verdadeiro encontro com Cristo provoca em nós uma mudança de coração e de mente, a que a Bíblia chama “metanóia” ou conversão, que nos leva a abandonar o nosso antigo estilo de vida.

Depois de o homem se ter ido embora, Jesus “olhou em redor e disse aos seus discípulos: ‘Como é difícil aos que têm riquezas entrar no reino de Deus!’”. Os discípulos de Jesus não entendiam isto: Eles “ficaram muito espantados e disseram entre si: ‘Então quem é que se pode salvar?’”. Ainda não tinham percebido que, ao seguirem Cristo, tinham muito mais do que o jovem. Também nós tendemos a deixar-nos afectar pelo que muitos acreditam e caímos na ilusão de que a riqueza, o poder e o dinheiro nos podem dar felicidade e segurança.

Pedro queria saber mais. Por isso, partilhou com Jesus a sua experiência de deixar para trás a sua vida anterior por amor de Jesus: “Deixámos tudo e seguimos-te”. É isto que significa ser “pobre de espírito”, reconhecer Cristo como o nosso único tesouro. Aqueles que são suficientemente loucos para pôr tudo em jogo para seguir Cristo possuirão «o Reino dos Céus» (Mt., 5, 10-11).

Jesus não é apenas um “bom mestre”, mas é «o único Mestre» (Mt., 23, 8), «o caminho, a verdade e a vida» (Jo., 14, 6). Cantemos com o salmista: “Enche-nos do teu amor, Senhor, e cantaremos de alegria!”.

Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ

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