19º Congresso do Partido Comunista Chinês

Como ficou a Religião?

Foram várias as ideias e conclusões que saíram do 19º Congresso do Partido Comunista Chinês, sendo a mais significante o reforço da posição do Presidente Xi Jinping no seio do Partido Comunista e no aparelho de Estado.

Órgãos de Comunicação Social de todo o mundo dedicaram manchetes e abriram telejornais com os trabalhos do Partido Comunista, enaltecendo as linhas orientadoras de Xi Jinping para o futuro da China, a nível político, económico e social. No entanto, esqueceram-se, de um modo geral, de algo que também é parte integrante e importante de qualquer sociedade: a Religião.

Xi Jinping, à excepção de uma ou outra referência ao Islão, ao afirmar, por exemplo, que o País tem de combater o terrorismo interno, não centrou o discurso num credo em particular, preferindo lançar as linhas mestras para o relacionamento entre o Estado e o “sector” religioso.

Nesta matéria, a primeira ideia do discurso de Xi foi a sinização da Religião, isto é, a adaptação da prática religiosa à cultura chinesa, aliada a uma maior influência do Estado na Religião. Daí o pedido do Presidente, direccionado aos líderes religiosos, para que adiram ao socialismo com características chinesas e cooperem com as cópulas do Partido e do Estado.

Se a esta ideia primordial juntarmos a posição tomada pelos responsáveis da Associação Católica Patriótica da China – controlada pelo Estado – pela Conferência Episcopal da China e pela Administração Estatal para os Assuntos Religiosos, prevê-se que alguns dossiês, como o acordo entre a Santa Sé e o Governo Central com vista à nomeação de bispos, possam sofrer um revés, colocando em risco os avanços entretanto obtidos entre ambas as partes.

Este receio foi admitido há dias pelo bispo de Hong Kong, D. Michael Yeung, para quem no meio da tanta turbulência o Budismo e o Taoismo serão ainda assim as religiões menos perseguidas, dado que aos olhos de Pequim são religiões locais e não estrangeiras como é a Religião Católica. Segundo o prelado, subsiste o medo nos dois lados do processo de aproximação do Vaticano à República Popular da China, sendo que o medo não contribui para o desenvolvimento das sociedades.

Sobre este tema, a’O CLARIM, o padre João Lau, pároco da igreja de São Lázaro, foi peremptório ao afirmar que há que distinguir o cidadão chinês do político chinês, ou seja: quando os políticos se humanizarem, as religiões terão liberdade. Pelo menos foi assim que entendemos as suas palavras.

José Miguel Encarnação

jme888@gmail.com

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