Solução avançada por Francisco Vizeu Pinheiro

Museu marítimo em Lai Chi Vun.

O arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro disse a’O CLARIM que a transformação dos estaleiros navais de Lai Chi Vun num novo polo de atracção turística poderia contribuir para a diversificação económica da RAEM.

«Os estaleiros de Lai Chi Vun podem fazer parte do melhor museu marítimo da Ásia, senão do mundo. O sítio é ideal porque já existem as estruturas», referiu Vizeu Pinheiro, acrescentando que no local se «pode mostrar as várias fases de construção dos barcos portugueses, chineses e híbridos, como é o caso da Lorcha, com ambas as tecnologias».

No seu entender, «Macau tem uma relação histórica com o Japão, a China, a Coreia e o Sião [actual Tailândia]», razão pela qual os estaleiros «devem preservar a memória» desses tempos. Contudo, «não chega preservar os estaleiros», porque «deixando apenas a moldura de um quadro, faltará sempre o principal: a pintura».

Sublinhando que Macau «tem condições» para ser uma cidade inteligente, sustentou que «não basta copiar elementos subjacentes a essa vertente», visto ser «preciso fazer à medida», até porque o território «é muito especial».

«Há soluções noutras cidades, como em Frankfurt, Copenhaga ou Barcelona, que não funcionam ou teriam de ser adaptadas de outra maneira em Macau», justificou na passada quarta-feira, à margem de mais um pequeno-almoço organizado pela Associação Comercial França-Macau, no hotel Sofitel (Cais Ponte 16). Francisco Vizeu Pinheiro apresentou o trabalho intitulado “De Lisboa a Las Vegas para uma nova Megapolis Asiática”.

Durante a apresentação, o arquitecto falou sobre a longa evolução urbana e social de Macau, influenciada pelo modelo lisboeta, ou das cidades portuguesas, e que foi transportado nos navios, que por sua vez reflectiam um pouco a estrutura dessa sociedade composta pela aristocracia militar, pelos religiosos e pelos civis, desde comerciantes até soldados da fortuna ou aventureiros.

Vizeu Pinheiro abordou depois as influências locais, com uma envolvente histórica da chegada dos portugueses ao Japão, e da Nau do Trato. «Acabando o comércio, Macau sobreviveu através de outras fontes de receitas», lembrou.

O território teve ainda forte influência da China, mas chegado aos anos trinta do século XX foi a vez de Hong Kong ter a sua cota de responsabilidade. «Até aí não havia problema, mas a partir dos anos sessenta e setenta foram importados os “jardins” de Hong Kong, o Tivoli Garden ou outros, como os Ocean Gardens, por sinal até bem feitos».

A influência de Las Vegas é nítida após a liberalização da indústria do jogo, sobretudo com a inauguração do Venetian. «Sheldon Adelson decidiu desenvolver o COTAI, que antes era água à excepção do istmo. E quem abriu depois [os seus empreendimentos] seguiu-lhe os passos», concluiu.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *