Apóstolo do Oriente também lembrado em Macau
São Francisco Xavier (SFX) um daqueles santos que logo chama a atenção quando olhamos para o Santoral. Em Macau não tem menos importância do que em outros pontos do mundo, se não tiver até mesmo mais importância, dado o seu papel primordial para o reforço do Catolicismo neste território à beira-mar da China plantado. A ele duas igrejas são dedicadas: a de São Francisco Xavier, em Mong-Há; e a de São Francisco Xavier, em Coloane.
Amanhã, 3 de Dezembro, a Igreja Católica celebra São Francisco Xavier, sendo este mais um dia particularmente especial para a Companhia de Jesus, ou seja, para os jesuítas. É um dos padroeiros da diocese de Macau.
Sobre este santo podemos começar por afirmar que foi um sacerdote jesuíta, dos da primeira geração da Companhia de Jesus. Foi também missionário, ficando conhecido como o “Apóstolo do Oriente” ou “das Índias”. Nasceu no castelo de Xavier, em Navarra (Espanha), a 7 de Abril de 1506. Faleceu a 3 de Dezembro de 1552, na ilha de Sanchoão, a Sudoeste de Macau, na China. É o Padroeiro do Oriente desde 1748, bem como da Obra da Propagação da Fé desde 1904, para além de todas as missões (com Santa Teresa do Menino Jesus) desde 1927.
Em 1525, Francisco acha-se em Paris, a estudar na Universidade, no Colégio de Santa Bárbara, onde se tornou Mestre em Artes e conheceu (Santo) Inácio de Loyola. «Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se depois perde a alma?» (Marcos 8, 36), lembrava-lhe Inácio, em tantos colóquios da juventude em Paris. Desta amizade, juntamente com outros companheiros, como o português Simão Rodrigues, nasceria o núcleo fundador da Companhia de Jesus. Foi a 15 de Agosto de 1534, na igreja de Saint Denis, em Montmartre, que nasceu esta ordem religiosa.
Francisco foi depois estudar Teologia e mais tarde partiu para Veneza, onde foi ordenado sacerdote a 24 de Junho de 1537. Em 1540 está em Lisboa, de onde parte um ano depois para a Índia, a mando do Rei D. João III. O seu múnus missionário desenvolveu-se na Índia Portuguesa, onde ajudou a montar a estrutura missionária lusa. O seu método missionário não era gradual, mas imediato, além de se focar nas classes mais pobres, como os Paravás, junto ao cabo Comorim, no Sul da Índia. Daqui partiu para Malaca em Janeiro de 1545. Durantes dois anos missionará nessa feitoria portuguesa e nas Molucas e Celebes. Em 1548 regressou a Goa e um ano depois estava em Macau. Foi ao Japão em 1549, de onde regressa a Goa em 1551. No fim desse ano vai a Malaca, estando em Janeiro de 1552 de novo em Goa. Em Abril ruma à China, onde tentará entrar para missionar, mas sem sucesso. Acabaria por morrer em Sanchoão, a 3 de Dezembro, também em 1552. Em 1622 foi canonizado.
A terminar, lembramos que estamos a falar de um grande catequista, além de ter trabalhado em obras de apoio a pobres, presos e marginalizados, principalmente na Índia. Percorreu povoados sem fim, pregando, ensinando, em perigo muitas vezes; baptizou, foi mestre, médico, juiz, defendeu autóctones contra os abusos dos portugueses, sendo muitas vezes recebido como santo e taumaturgo.
As conversões pela sua acção são inúmeras, segundo os seus biógrafos. Foi corajoso, enfrentando opositores e debates, como os bonzos no Japão, onde sofreu e conheceu a miséria e uma vida penosa. Mas nunca desistiu e seguiu sempre em frente, obstinado e alegre, optimista, qual andarilho do mundo.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa