Orquestra de Macau interpreta Beethoven e Rossini
A igreja de São Domingos acolhe hoje, sexta-feira, ao início da noite, o primeiro dos concertos de 2025 da série “Uma Noite Magnífica”. O espectáculo, apresentado pela Orquestra de Macau, está desta feita centrado na obra de dois compositores de diferentes origens, ainda que da mesma geração: o alemão Ludwig van Beethoven e o italiano Gioachino Rossini.
Responsável pela transformação da ópera italiana, Rossini foi dos compositores mais populares da primeira metade do Século XIX. Com um estilo efusivo, onde abundam os finais alegres e os ritmos invulgares, o mestre transalpino influenciou sucessivas gerações de compositores e definiu os parâmetros da ópera cómica italiana. Rossini, que transformou a ópera italiana num registo melódico excepcional, que combinava vitalidade e ambição, tornou-se o criador mais representado nas salas de espectáculos europeias e o compositor mais célebre da sua época. Obras como “O Barbeiro de Sevilha” e “Guilherme Tell” tornaram-se sucessos intemporais e transformaram o seu criador numa das maiores estrelas do universo da música clássica dos anos de mil e oitocentos.
Com início agendado para as 20:00 horas, o concerto “Uma Noite Magnífica em São Domingos: Beethoven e Rossini” oferece ao público do território a rara oportunidade de festejar a entrada no novo ano ao som dos acordes da abertura de duas das mais alegres óperas de Gioachino Rossini, “A Italiana em Argel” e “O Turco em Itália”.
Num espectáculo de pouco mais de uma hora, dividido em quatro partes e sem intervalo, a honra de abrir o concerto não pertence a composições nem de Rossini, nem de Ludwig van Beethoven. O evento abre com a obra “Kerberos Drum”, concebida pelo marimbista, percussionista e compositor japonês Daiki Kato e interpretada por três dos percussionistas da Orquestra de Macau.
Depois da exuberância dos tambores de Kato e da vivacidade das óperas-bufas de Rossini, o concerto termina com o opus 36 da Sinfonia Nº. 2 in D Maior, de Beethoven. Criada em 1801, a obra representa um passo decisivo rumo ao alargamento do ideal sinfónico do compositor, num momento de crise existencial profunda, caracterizado pelo agravamento do seu estado de surdez e pelo chamado “testamento de Heiligenstadt”, carta manuscrita que Beethoven dirige aos irmãos e que reflecte o desespero do compositor perante a tragédia da perda de audição.
Há muito com lotação esgotada, o concerto leva, uma vez mais, o esplendor da música clássica a uma das mais belas igrejas de Macau. O templo, em estilo barroco, recebeu vários concertos ao longo dos últimos meses. Em Maio de 2024, o maestro Tony Cheng Te-Yeh dirigiu a Orquestra de Macau num espectáculo em que Haydn e o argentino Alberto Ginastera foram os compositores em destaque.
M.C.