SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO (1 DE AGOSTO)

SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO (1 DE AGOSTO)

De advogado a santo

A Igreja universal celebra Santo Afonso Maria de Ligório no primeiro dia de Agosto, que este ano recai no próximo Domingo. Ligório foi canonizado em 1839 e proclamado Doutor da Igreja a 23 de Março de 1871. No passado mês de Março, o Papa Francisco enviou uma mensagem ao Superior Geral da Congregação do Santíssimo Redentor (Congregação dos Redentoristas), padre Michael Brehl, precisamente por ocasião dos 150 anos da proclamação do Santo como Doutor da Igreja. Autor de 123 obras, Afonso de Ligório recebeu o título pela sua grande contribuição para a compreensão da doutrina católica e sua vivência. É o pastor dos pastores.

O Papa emérito Bento XVI, durante o seu pontificado, deu diversas catequeses sobre a vida dos santos. A 30 de Março de 2011, em audiência na Praça de São Pedro, falou aos fiéis sobre Santo Afonso Maria de Ligório. Indo ao encontro das suas palavras e sabedoria, partilhamos com os leitores alguns traços da memória de vida e percurso de Afonso de Ligório, que se deixou guiar pela leveza de um chamamento interior que vincou a sua vocação e o sentido da sua vida.

Ao apresentar o Santo Doutor da Igreja, enalteceu-o, dizendo que muito lhe devemos, pois foi um insigne teólogo moralista e um mestre de vida espiritual para todos, principalmente para as pessoas simples: «É o autor das palavras e da música de um dos cânticos de Natal mais populares em Itália, e não só: “Tu scendi dalle stelle”».

Proveniente de uma família napolitana nobre e rica, Afonso Maria de Ligório nasceu em 1696. Dotado de acentuadas qualidades intelectuais, com apenas dezasseis anos obteve a licenciatura em Direito Civil e Canónico. Era o advogado mais brilhante do foro de Nápoles: durante oito anos venceu todas as causas que defendeu, referiu Bento XVI, tendo acrescentado: «Todavia, na sua alma sedenta de Deus e desejosa de perfeição, o Senhor levava-o a compreender que outra era a vocação à qual o chamava. Com efeito, em 1723, indignado pela corrupção e a injustiça que viciavam o ambiente forense, abandonou a sua profissão – e com ela a riqueza e o sucesso – e decidiu tornar-se sacerdote, não obstante a oposição por parte do pai».

Na mesma ocasião, o Papa explicou que Afonso Maria de Ligório teve excelentes mestres que o introduziram no estudo da Sagrada Escritura, da História da Igreja e da Mística; adquiriu também uma vasta cultura teológica que fez frutificar a sua obra de escritor, passados alguns anos.

Quanto ao percurso que trilhou até ser ordenado sacerdote, foi primeiro ordenado presbítero em 1726 e, pelo exercício do ministério, uniu-se à Congregação Diocesana das Missões Apostólicas. Bento XVI destacou os primeiros passos da obra de evangelização do Santo e das suas preocupações: «Afonso deu início a uma obra de evangelização e de catequese no meio das camadas mais humildes da sociedade napolitana, às quais gostava de pregar, e que instruía acerca das verdades basilares da fé. Não poucas destas pessoas, pobres e modestas, às quais se dirigia, dedicavam-se com frequência aos vícios e praticavam acções criminosas. Com paciência ensinava-as a rezar, encorajando-as a melhorar o seu estilo de vida. Afonso alcançou resultados excelentes: nos bairros mais miseráveis da cidade multiplicavam-se grupos de pessoas que, à noite, reuniam-se nas casas particulares e nas oficinas para rezar e para meditar a Palavra de Deus, sob a orientação de alguns catequistas formados por Afonso e por outros sacerdotes que visitavam regularmente estes grupos de fiéis». Por vontade do arcebispo de Nápoles, Bento XVI adiantou que estas reuniões começaram a realizar-se nas capelas da cidade, tendo recebido o nome de “capelas nocturnas”. «Constituíram uma verdadeira fonte de educação moral, de restabelecimento social e de ajuda recíproca entre os pobres: furtos, duelos e prostituição quase chegaram a desaparecer», sublinhou o Pontífice.

UM DUPLO CHAMAMENTO

Para além do chamamento ao Sacerdócio, Santo Afonso foi instigado pelo Senhor a fundar uma ordem religiosa. Em 1732 fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, que colocou sob a tutela do bispo D. Tommaso Falcoia e da qual sucessivamente ele mesmo se tornou seu superior.

Sobre esta Congregação, disse o Papa: «Os religiosos guiados por Afonso foram autênticos missionários itinerantes, que chegaram até aos povoados mais remotos, exortando à conversão e à perseverança na vida cristã, sobretudo por meio da oração. Ainda hoje os Redentoristas, espalhados por muitos países do mundo, com novas formas de apostolado, continuam esta missão de evangelização. Penso neles com reconhecimento, exortando-os a ser sempre fiéis ao exemplo do seu santo fundador».

PASTOR DOS PASTORES

Estimado pela sua bondade e zelo pastoral, em 1762 Afonso foi nomeado bispo de Santa Águeda dos Godos, ministério que a seguir às enfermidades que o afligiam deixou em 1775, depois de autorizado pelo Papa Pio VI. Em 1787, o mesmo Pontífice, ao receber a notícia do seu falecimento, ocorrido depois de muitos sofrimentos, exclamou: «Era um santo!». E não se equivocou: Afonso foi canonizado em 1839 e proclamado Doutor da Igreja em 1871.

Aos pastores de almas e aos confessores, Afonso recomendava que fossem fiéis à doutrina moral católica, assumindo ao mesmo tempo uma atitude caritativa, compreensiva e dócil, a fim de que os penitentes pudessem sentir-se acompanhados, sustentados e encorajados no seu caminho da fé e vida cristã. Entre as formas de oração aconselhadas fervorosamente por Santo Afonso, sobressai a visita ao Santíssimo Sacramento ou, como diríamos hoje, a Adoração Eucarística; breve ou prolongada, pessoal ou comunitária. “Sem dúvida – escreve Afonso – entre todas as devoções, a de adorar Jesus Sacramentado é a primeira depois dos sacramentos, a mais querida a Deus e a mais útil para nós… Ó, como é bom permanecer diante de um altar com fé… e apresentar-Lhe as próprias necessidades, como faz um amigo a outro amigo, no qual se tem toda a confiança!”. A meditação do mistério da Encarnação e da Paixão do Senhor era também frequentemente objecto de pregação.

Como acontece com todos os santos, Afonso foi um grande devoto da Bem-aventurada Virgem Maria, sendo que explica o seu papel na História da Salvação: Sócia da Redenção e Medianeira da graça; Mãe, Advogada e Rainha.

Ainda pequeno, Afonso recebeu de São Francisco de Jerónimo, da Companhia de Jesus, a seguinte profecia: “Esta criança não morrerá antes dos noventa anos; será bispo e realizará maravilhas na Igreja de Deus”.

Santo Afonso Maria de Ligório, rogai por nós!

Miguel Augusto

com Libreria Editrice Vaticana e Vatican News

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