Macau melhor que Goa
O jornalista do diário The Times of India, Andrew Pereira, e o especialista em informática, Shannon D’Cruz, dois indianos com raízes em Goa, concordam que a herança patrimonial portuguesa está melhor preservada em Macau do que naquela cidade indiana. Todavia, consideram que a hospitalidade da população e os condutores de autocarros em nada favorecem o turismo local.
«No meu entender, a China percebeu a importância de Macau como ponte para os Países de Língua Portuguesa. Segundo a minha percepção como visitante, os monumentos estão bem preservados e as ruas asseadas. Pelo que vi, o Governo de Macau tem feito melhor trabalho do que o de Goa», salientou Andrew Pereira, no rescaldo de uma visita de dois dias à RAEM.
«Contudo, somos bastante melhores em termos de hospitalidade do que as pessoas de Macau. Os goeses são mais amigáveis, talvez em resultado do legado deixado pelos portugueses. Pelo contrário, em Macau as pessoas pouco nos ajudaram quando solicitámos ajuda», explicou o jornalista natural de Goa.
«No ponto de vista turístico penso que Macau pode fazer muito melhor em termos de hospitalidade. A polícia foi muito prestável. O Inglês dos polícias foi suficiente para nos entendermos. Tentaram ajudar-nos. Já os condutores de autocarros não foram nada prestáveis. Alguns foram mesmo rudes. Talvez seja algo da própria cultura, porque durante muito tempo a China foi um país fechado», descreveu Andrew.
«Macau deve focar-se nas suas gentes» porque «há no território uma inquestionável herança portuguesa». Por isso, sugeriu que «o Governo treine funcionários públicos de modo a poderem ajudar os turistas, porque a maioria da população não é muito prestável».
Para Shannon D’Cruz, «é notável que o legado cultural português tem sido bem preservado. Basta olhar à volta e percebe-se que este lugar foi território português. É uma mistura extremamente rica entre as culturas portuguesa e chinesa».
Por outro lado, referiu que «Goa era um local muito bonito durante a administração portuguesa, mas agora está horrível», pois «dá a sensação que os portugueses nunca estiveram em Goa, porque embora haja legado histórico é preciso ir à “caça” dele, o que não acontece em Macau».
Shannon D’Cruz tem um interessante percurso de vida: nasceu em 1981 no Kuwait, onde viveu até rebentar a Guerra do Golfo em 1991. Neste ano foi com os pais para Goa, de onde são naturais. Ali viveu dois anos antes de acompanhá-los para Riade (Arábia Saudita), tendo estudado na antiga “Embassy of India School”.
Voltou a Goa para terminar o ensino superior na área da Tecnologia da Informação. Trabalhava até há pouco tempo numa multinacional no Bahrein, onde chegou em 2007.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA