Alerta para os erros do passado.
O grupo de recriação Band’Arte sobe ao palco, na próxima terça-feira, com a peça teatral “As peúgas de Einstein”, adaptada do original de Hélder Costa. O evento, para maiores de 12 anos, está agendado para as 18 horas, no auditório da Escola Portuguesa de Macau (EPM).
«Muitas pessoas não sabem, mas Einstein teve muitos amigos, personagens públicas, tais como Marilyn Monroe e Charlie Chaplin, que foi grande amigo dele e, principalmente, companheiro de lutas.
E porque Einstein acompanhou a primeira e segunda metades do século XX, acontece que a peça também vai tocar um bocado o mundo e a forma como se encontrava na altura dele», disse a’O CLARIM Paula Pinto, professora de Português da EPM e encenadora do grupo Band’Arte.
«A grande mensagem é simples», referiu a mesma responsável, acrescentando: «Esta peça retrata vários problemas que hoje o mundo vive outra vez. O populismo é um deles. O facto de estarmos de costas voltadas uns para os outros… O mundo está completamente ao contrário».
«A peça pretende mostrar que a História é cíclica. E que se não tivermos cuidado, o que Einstein e os seus contemporâneos viveram, também nós vamos viver», sublinhou Paula Pinto, para quem «está na altura que sejam ultrapassadas as diferenças uns dos outros e que todos comecem a olhar para aquilo que o Outro tem de melhor».
Vasco Mourão, de 16 anos, vai fazer o papel de Einstein. Acima de tudo – conforme referiu – aprendeu várias coisas que não sabia sobre a Segunda Guerra Mundial, para além do holocausto dos judeus.
Quanto à parte que considera ser a mais importante da peça, levantou um pouco a ponta do véu, apontando para o momento em que está «precisamente com Chaplin… sobre o Oppenheimer, que foi o responsável pelo desenvolvimento da bomba atómica, depois usada como arma nuclear e largada no ataque ao Japão». «[A bomba atómica] foi um avanço científico, mas ao ser usada no ataque, a meu ver, fez-nos retroceder no tempo», sustentou Vasco Mourão.
Teresa Fernandes, também de 16 anos, vai entrar em cena como Paulette Goddard, a terceira mulher de Charlie Chaplin. «Esta peça tem uma mensagem muito importante e o verdadeiro desafio é conseguir fazer passar essa mensagem», frisou.
«Embora exista muito mal no mundo, não se pode esquecer, por exemplo, que muitas pessoas morrem quando há um ataque terrorista, mas que também há milhões de pessoas à volta para ajudar. Há pessoas más, mas também há muitas pessoas boas neste mundo. Isto é uma mensagem de esperança», vincou Teresa Fernandes.
Kénia Nunes, de 18 anos, estará a cargo da sonoplastia, contributo que, embora técnico, é fundamental para o sucesso da peça de teatro. «Não são só os actores, porque quem também está longe dos holofotes é importante para que tudo corra bem», avançou.
À nossa pergunta: A peça de teatro também é uma mensagem para Donald Trump? A professora Paula respondeu com um rasgado sorriso: «Não podemos revelar muito, mas vai haver uma surpresa com o Trump». A entrada é livre.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA
pedrodanielhk@hotmail.com