Católicos de Macau celebram amanhã o Santo António de Lisboa
A 13 de Junho a Igreja Católica celebra a festa de um dos santos mais populares e venerados no mundo, o Santo António de Lisboa, cidade onde nasceu. Amanhã será o grande dia das festividades em torno do santo casamenteiro em Macau, com Exposição e Adoração Eucarística, missa presidida por D. Stephen Lee e procissão. De manhã, pelas 11:00 horas, há missa em memória do padre Lancelote Miguel Rodrigues.
À semelhança de outras regiões e localidades espalhadas pelo mundo, Macau também acolheu Santo António como patrono de uma das suas igrejas, por sinal a primeira a ter sido construída pelos portugueses, em 1558, poucos anos depois de se terem estabelecido na colina do Patane – actual Jardim Luís de Camões. A igreja foi primeiramente construída em bambu e madeira, tendo sido reconstruída e melhorada ao longo dos séculos. O aspecto com que hoje a igreja se apresenta resulta de obras efectuadas em 1930.
Neste mês de Junho organizaram-se algumas actividades religiosas em honra do patrono da igreja de Santo António. Iniciou-se a Trezena de oração – em Português e Chinês – ao santo, no passado dia 2 de Junho, seguida de missa e cânticos. A Trezena em Português termina hoje às 17 horas e 10 (seguida de missa e cânticos).
Amanhã (sábado), será o grande dia das festividades em torno de Santo António. Para as 15 horas e 45 está agendada Exposição e Adoração Eucarística. Às 16 horas e 30 será dada a bênção com o Santíssimo a todos os presentes e o bispo D. Stephen Lee irá presidir à missa concelebrada em honra de Santo António. Após a celebração Eucarística realizar-se-á a procissão.
A paróquia de Santo António agendou também para amanhã uma missa em memória do padre Lancelote Miguel Rodrigues, a ter lugar às 11:00 horas, organizada pelos Colaboradores das Missas Dominicais da Igreja e amigos do sacerdote falecido no dia 17 de Junho de 2013. O convite é dirigido a toda a comunidade. A celebração será realizada em Portugês e Chinês, sendo presidida pelo padre Francisco Xavier Chan.
AS ORIGENS DE SANTO ANTÓNIO
Santo António nasceu em Lisboa, em 1195. Primogénito de uma família nobre, recebeu no Baptismo o nome de Fernando de Bulhões. A casa onde nasceu e viveu até à adolescência ficava ao lado da catedral românica dedicada a Nossa Senhora da Assunção, que ainda existe, pelo que a primeira parte da sua vida decorreu em torno desta catedral: no seu baptistério foi baptizado e muitas vezes as arcadas românicas o viram jovem, frequentemente em silenciosa e recolhida oração.
Da infância pouco se sabe, a não ser que cresceu disciplinado, piedoso e amante dos estudos. Os familiares cultivavam, a seu respeito, sonhos ambiciosos.
O adolescente Fernando desde cedo deixou de partilhar o projecto de carreira mundana que os pais lhe haviam destinado. Com apenas quinze anos deixou o rico palácio onde vivia com a família para entrar na Ordem dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, na Abadia de São Vicente de Fora, que ficava próxima de Lisboa. A esta Ordem deveu a sua formação intelectual.
Obtida autorização do Superior, consegue transferir-se para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a fim de continuar estudos e o caminho da perfeição em maior recolhimento. Aos 25 anos tornou-se sacerdote hospedeiro da confraria.
TOCADO PELOS FRANCISCANOS
Na qualidade de hospedeiro, o jovem monge Fernando havia-se aproximado dos primeiros franciscanos oriundos de Assis, com os quais ficou profundamente impressionado.
Quando veio a saber do martírio de cincos missionários franciscanos em Marrocos, a vida monástica, afligida por escândalos internos, pareceu-lhe ainda mais medíocre. Decidiu, por isso, unir-se aos franciscanos. Muda o nome próprio para António e parte em missão para Marrocos em busca do martírio.
Uma vez em Marrocos, o ardor apostólico de António viu-se frustrado: uma grave enfermidade prendeu-o ao leito. Constatando que em nada conseguia melhorar, decidiu voltar à pátria a fim de recuperar a saúde. Porém, o veleiro que o levaria de volta para casa naufragou nas costas da Sicília. Na ilha, hospedou-se com confrades em Messina. A saúde melhorou, mas a sequela da doença carregou-a pelo resto da vida.
Ainda meio adoentado, no Pentecostes de 1221, António aproveita a estadia em Itália para ir a Assis, a fim de participar no famoso Capítulo das Esteiras. Uma vez este concluído, ao desconhecido português ninguém deu destino. No entanto, teve a sorte de um frade nele ter reparado e consigo levado para o Eremitério de Montepaolo, próximo de Forlí. Lá, António dedicou-se à oração e à contemplação.
Por ocasião de uma ordenação sacerdotal, o Superior pediu-lhe para improvisar um discurso, através do qual revelou um excepcional conhecimento da Sagrada Escritura, uma fé profunda e o um admirável dom para se expressar. Foi então destinado à pregação itinerante e à formação de frades. As pessoas procuravam estar perto dele, havendo quem lhe arrancasse pedaços do seu hábito.
Em Rimini, também em Itália, António tentou pregar a palavra católica aos “hereges”, mas de nada serviu. Já que mais ninguém se dignava a ouvi-lo, decide pregar aos peixes. Aliás, o “Sermão de Santo António aos Peixes”, do padre jesuíta António Vieira (1654), inspira-se precisamente na sua qualidade de pregador.
Santo António terá ainda passado por França, onde combateu as heresias, fundou um convento franciscano, pregou e ensinou Teologia aos frades.
O REGRESSO A ITÁLIA
As causas que o fizeram regressar a Itália não são claras – talvez devido ao Capítulo de Assis de 1227… É certo, porém, que continuou a sua obra de missionário itinerante, chegando a ser nomeado ministro provincial da Itália do Norte. No fim, arrasado pela fadiga e pela doença, foi para Camposampiero, onde se hospedou em casa do conde Tiso, pequeno senhor do lugar, convertido em seu discípulo.
Em 12 de Junho do 1231, durante o almoço, António sofreu um colapso. Moribundo, pediu para ser levado para Pádua, cidade que o tinha visto poucos meses antes como mestre amável e guia misericordioso, numa inesquecível Quaresma. Mas o agravamento da condição de saúde não lhe permitiu chegar à igreja de Santa Maria, onde desejava ser sepultado.
A 13 de Junho de 1231 recebeu os últimos Sacramentos, entoou um canto à Virgem e antes de partir para a “Casa do Pai”, disse sorrindo: «Vejo vir Nosso Senhor». Morreu em Arcella, às portas de Pádua. A população de Arcella queria sepultá-lo na sua igreja, mas a população de Pádua exigiu que a última vontade do franciscano. Após a disputa, Pádua acolheu o corpo do santo e sepultou-o na igreja de Santa Maria Mater Domini.
Curiosamente, a sua canonização foi a mais rápida da história. O Papa Gregório IX fê-la – não estava sequer cumprido um ano da sua morte – na Solenidade do Pentecostes, a 30 de Maio de 1232.
Leão XII chamou-o “santo de todo mundo”, porque por todas as partes é possível encontrar a sua imagem e devoção.
Diz-se que em uma ocasião, enquanto orava, apareceu-lhe o Menino Jesus e o santo segurou-o nos seus braços. Por esta razão é representado na arte sacra com o Menino Jesus ao colo.
A fama de realizar actos prodigiosos nunca diminuiu e é reconhecido como o maior taumaturgo de todos os tempos.
Santo António, rogai por nós!
Miguel Augusto
com Frades Menores Conventuais (Portugal)