Menos corrupção e mais investimento
Decorreu, no último Domingo, em Díli, o lançamento do plano de acção nacional “Desafio Fome Zero” e “Juntos Contra a Fome”, com vista à erradicação da fome e da mal nutrição em Timor-Leste.
A iniciativa desenrolou-se no âmbito da X Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que se realizou quarta-feira, também na capital timorense, sob o tema: “A CPLP e a Globalização”.
A’O CLARIM, o padre Domingos Soares, que classificou a fome como «um grande problema de Timor-Leste», foi peremptório: «Temos um país rico, mas é preciso termos pessoas que sejam capazes de usar esse dinheiro, se não fica tudo parado, ou mal-usado. Nos últimos anos tem havido muita corrupção em Timor-Leste e pessoas que enriqueceram de um dia para o outro; e a Justiça não funciona».
Nesse sentido, o vigário paroquial da igreja da Sé Catedral de Macau acrescentou: «Se as instituições funcionarem e o dinheiro for bem aplicado, o povo não passará por grandes dificuldades, como actualmente acontece, sobretudo no plano alimentar».
«Pelas imagens televisivas, vê-se que as pessoas estão quase sempre na pobreza e já é tempo de se dar uma mão e incentivar a produção e pôr mais comida em cima da mesa dos timorenses. É um programa muito urgente», reforçou o padre Domingos.
No seu entender, deve haver um maior «incentivo para a produção, sobretudo, pelo Ministério da Agricultura, porque o povo está quase a consumir tudo importado, com o arroz a vir do Vietname e da Tailândia», resultando «a dependência das exportações para os bens de primeira necessidade no encarecimento do custo de vida».
«Muitos timorenses ainda não estão a sentir o estado, ou o gozo da [restauração da] independência do País. São as dificuldades dos primeiros anos, mas já lá vai mais de uma década», explicou o sacerdote timorense.
«O grande problema é que a agricultura está muito dependente da época das chuvas e, nos últimos anos, o tempo não tem ajudado muito; e como o povo vive essencialmente da agricultura, pode haver anos sem uma produção suficiente», referiu.
Quanto ao lema, “Erradicar a Fome na CPLP até 2025”, frisou que «a meta pode ser possível, com a ajuda de todos os países membros», mas no caso de Timor-Leste «há um longo caminho a percorrer», porque «o importante são as irrigações; mas bem trabalhado, com as ribeiras que temos, pode-se criar um bom sistema de irrigação para as zonas de agricultura», sendo ainda vital que se «incentive toda a população a trabalhar».
A terminar, sustentou: «Para ajudar o povo será necessário travar um pouco as importações e promover o consumo dos produtos locais».
PEDRO DANIEL OLIVEIRA