Novo Executivo: primeiros trinta dias vistos pela Igreja

Dar tempo ao tempo

D. José Lai, bispo de Macau, e os padres João Lau e Luís Gonzaga Ló estão satisfeitos com a actuação do Executivo da RAEM, empossado no passado mês de Dezembro. Revelam, contudo, alguma cautela, pois não sabem se a actual postura será mantida no futuro.

O novo Executivo liderado por Chui Sai On está a causar boa impressão a D. José Lai, mas o bispo de Macau prefere esperar para ver a obra final.

«Sim, é uma boa postura. O Governo quer melhorar o serviço. É uma boa intenção», referiu o prelado a’O CLARIM, em alusão à intenção de Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, em conceder um ano aos responsáveis dos Serviços de Saúde para que estes procedam a melhorias consideráveis no sector.

Quanto ao secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que pretende não dar tréguas ao crime, D. José Lai generalizou, ao dizer que «para o bem comum devemos todos pensar no bem da sociedade».

Na análise à mudança de secretários, directores e assessores dos serviços da Administração Pública o bispo de Macau deu a entender que é muito cedo para tirar conclusões: «Ainda não podemos falar sobre a actuação deles todos, porque temos de ver primeiro as obras feitas». Admitiu que ao nível dos secretários «é bom haver gente nova, com novas ideias e nova força, porque isso também é bom para o Governo e para toda a comunidade local».

O padre João Lau defendeu que a mudança de cadeiras «foi necessária e está a ser positiva», porque «não é saudável que um governante exerça o cargo, por exemplo, durante quinze anos», razão pela qual espera «o melhor para o futuro».

O sacerdote, que integrou a última Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, frisou que «o Governo deve prestar maior atenção e investir na formação juvenil», que no seu entender «não engloba apenas a educação escolar, mas também a familiar».

Em concreto, exemplificou que «há muito materialismo» no território e quando as jovens «não se sentem amadas em casa» poderão depois ter comportamentos desviantes, alguns dos quais de «teor pornográfico» com recurso às «novas tecnologias».

A título de exemplo, questionou: «Se os pais não conseguem amar os filhos então como vai um professor fazer esse trabalho quando tem cerca de vinte e cinco alunos por turma? Há que apostar na cultura de harmonia familiar», explicou, num recado às pastas dos secretários para a Administração e Justiça, da Segurança e dos Assuntos Sociais e Cultura.

O dinamismo de Lionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, de Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, e o posicionamento de Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, nutrem boa impressão no padre Luís Gonzaga Ló, que ainda assim também prefere dar tempo ao tempo para melhor fundamentar a sua ideia: «Têm vontade para trabalhar, mas só a vontade não é suficiente, porque nem todos poderão ser capazes» de desempenhar de forma competente os respectivos cargos.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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