Macau e Portugal juntos na Terra Santa

Nos caminhos de Salomão, Herodes e Jesus.

Ir em peregrinação à Terra Santa, visitando Meggido, Cesareia Marítima, Massada, Jerusalém e Belém, significa percorrer os caminhos de Salomão, Herodes e Jesus. Foi o que sucedeu a vários residentes da RAEM, num grupo mais abrangente liderado pelo padre João Lourenço, antigo reitor do Instituto Inter-Universitário de Macau.

Um grupo de cinco residentes de Macau foi em peregrinação à Terra Santa, entre 30 de Março e 11 de Abril, integrado numa comitiva de 34 participantes liderada pelo padre João Lourenço, director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (FTUCP).

«Fiquei impressionado com a vivência dos locais, os sinais e a fé que as gentes manifestaram, as que estão lá, os visitantes e os peregrinos. Foi possível tocar, ver e sentir tão próximo aquilo que desde a nossa infância apenas imaginávamos ou ouvíamos», descreveu Diamantino Torrado, a propósito da “Viagem de Estudo a Israel, Conhecer a Terra Bíblica – O Mundo da Bíblia”, organizada pela FTUCP.

A ida a Meggido, onde viu de perto «as fortificações da cidade de Salomão, o tipo de portas em labirinto para defesa, o templo e o sistema hidráulico» foi um dos locais por si realçados a’O CLARIM, assim como «a cidade da Cesareia [Marítima], onde eram bem visíveis as grandes construções de Herodes, o teatro romano, o palácio, o hipódromo; as nascentes do rio Jordão, o Mar da Galileia, o Mar Morto» e a região de «Ain Karem, pela paisagem, e o santuário da visitação, as colinas e a recordação de São João Baptista», sem esquecer a «Massada, pela subida à fortaleza, os palácios de Herodes e a vista sobre o deserto».

«De todos os lugares fantásticos, carregados de História e de sinais que complementam e documentam a palavra bíblica», Diamantino Torrado lembrou ainda «Jerusalém, os montes das Oliveiras e Sião, as suas oito portas, os quarteirões católicos, árabes e judaicos, a cidade de David, o Santo Sepulcro, o muro das lamentações, o excelente museu», bem como «a cidade de Belém», onde participou «numa procissão de velas muito marcante pelas grutas com os padres franciscanos».

«A experiência maior que retiro é concluir que andamos tão embrenhados nas nossas vidas quotidianas que não nos lembramos que há uma origem, uma ligação, e que houve quem proclamou e praticou a justiça, a verdade e reformou o “status quo” por uma causa muito forte», sustentou.

Manuela Santos apreciou bastante «Jerusalém, a cidade antiga e nova, por ser uma realidade que não se encontra em qualquer outra parte do mundo». Para ela, «o Santo Sepulcro é sem sombra de dúvida um sítio lindíssimo, também pelo seu significado», acrescentando que «conseguem estar católicos e ortodoxos, cada qual à sua maneira, partilhando o lugar».

«Senti que gostaria de voltar. Aprendi imenso, mas também ficou muito por aprender e por conhecer», frisou, adiantando que durante a peregrinação teve «o sentimento de voltar ao passado, à História, a Jesus, e de “pisar” o chão por onde ele andou. No fundo foi uma viagem às nossas raízes católicas, conforme nos ensinaram».

 

Origens

A viagem à Terra Santa, inserida no curso “B-Learning” que a Faculdade de Teologia está a realizar sobre “O Mundo da Bíblia”, foi planeada, segundo o padre João Lourenço, tendo em conta dois objectivos.

«O primeiro foi o de conhecer a Terra bíblica, percorrendo os lugares e os passos mais significativos da caminhada histórica do Povo de Israel, e também o de visitar os espaços onde encarnou a Palavra de Deus», por forma «a conhecerem melhor o Antigo Testamento e, consequentemente, o Novo Testamento», explicou o antigo reitor do Instituto Inter-Universitário de Macau, actual Universidade de São José.

No segundo objectivo, o padre João Lourenço quis «ajudar os participantes a compreender que é nesta Geografia da História da Salvação que se concretiza o mistério da encarnação da Palavra».

«O percurso deu particular destaque à Galileia (o espaço do anúncio, do chamamento, do testemunho) e a Jerusalém (centro do mistério pascal do Senhor). A oportunidade de percorrer e sentir de perto os caminhos que Jesus outrora percorreu é certamente uma ocasião única de vivência e sensibilidade espiritual», reforçou o sacerdote franciscano.

Para além das pessoas inscritas no “B-Learning”, participaram outras que não frequentam nem estão inscritas no curso. A maioria dos peregrinos era da zona de Lisboa. No grupo de Portugal esteve incluído um residente de Macau.

 

Chamamento irresistível (Caixa)

O padre João Lourenço começou a percorrer os caminhos da Terra Santa em 1980, quando foi estudar para Jerusalém. Desde então nunca mais deixou de regressar. «Por vezes, vou duas ou três vezes num ano. No entanto, nunca se regressa da mesma maneira, nunca se repete e nunca se sente o mesmo. Esta Terra tem um dizer que nos envolve, um cheiro que se apodera de nós, uma fragrância que nos sustenta os membros e nos faz vencer cansaços e receios», assinalou. «Não sei bem quantas vezes já percorri estes itinerários com grupos de peregrinos. Já o fiz de diversos modos: umas vezes de forma mais demorada e outras com um trajecto mais curto. Umas vezes só em Israel, outras cruzando as duas margens do Jordão (Israel e Jordânia); umas vezes só o território do Aquém-Jordão e outras incluindo também a península do Sinai. São sempre experiências únicas que sentimos como vivências fortes que partem das pessoas que participam», concluiu.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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