KOU CHEOK LAM DESPEDE-SE HOJE DAS REDACÇÕES

KOU CHEOK LAM DESPEDE-SE HOJE DAS REDACÇÕES

Quatro décadas ao serviço da Diocese

Ajudou a fundar o primeiro semanário em língua chinesa da diocese de Macau, privou com quatro bispos e viu a Igreja Católica no território ganhar uma feição local mais profunda e arreigada. Kou Cheok Lam trabalhou durante 44 anos ao serviço da Diocese. Esta foi a sua última semana na redacção d’O CLARIM.

Foi quase meio século ao serviço da divulgação da Palavra de Deus e da Obra da Igreja. Kou Cheok Lam coloca esta semana um ponto final na ligação de mais de quatro décadas ao jornalismo de inspiração católica – primeiro ao serviço do semanário “Aurora” e, nos últimos anos, como membro da redacção d’O CLARIM. O veterano jornalista, de 65 anos, começou a trabalhar para a diocese de Macau em Julho de 1978 e integrou a equipa que esteve na origem do jornal “Aurora”, publicação que foi durante várias décadas o principal meio de divulgação, em Chinês, da Diocese. «Em 1978, a diocese de Macau estabeleceu um novo departamento chamado “Secretaria dos Assuntos Diocesanos”. As instalações deste departamento estão situadas no Paço Episcopal. O antigo bispo D. Domingos Lam era na altura o vigário-geral da Diocese e também o director desta Secretaria», recorda Kou Cheok Lam. «Um dos principais objectivos deste departamento era promover a publicação [de notícias da Diocese]em língua chinesa. O “Semanário Católico Aurora” foi oficialmente lançado a 1 de Novembro desse ano, no dia da Festa de Todos os Santos», acrescenta.

Mr. Kou, como é carinhosamente chamado na redacção d’O CLARIM, viu nascer o “Aurora”, testemunhou a introdução de inovações técnicas significativas – como a máquina de escrever com caracteres chineses – e assistiu ao desenvolvimento da Imprensa Católica. Ao longo dos últimos 44 anos, o veterano jornalista privou com quatro bispos com diferentes carismas. Apesar de ter aprendido com todos eles, Kou confessa que o primeiro bispo chinês de Macau, D. Domingos Lam, foi aquele que mais o influenciou. «Durante este período, acompanhei a acção pastoral dos bispos D. Arquimínio Rodrigues da Costa, D. Domingos Lam, D. José Lai e, agora, do bispo D. Stephen Lee. Graças a Deus, estes quatro pastores têm todos diferentes carismas, diferentes qualidades e diferentes apetências. É uma bênção, no sentido em que estavam preparados para responder às diferentes necessidades de eras diferentes, e para liderar o povo do Deus», assume. «Sinto-me feliz, realizado e grato por ter tido a oportunidade de trabalhar com estes quatro bispos e agradeço verdadeiramente a Deus por esta oportunidade. Ainda assim, pessoalmente, o bispo D. Domingos Lam foi aquele que mais me influenciou. Ele não era apenas o meu superior ou o meu patrão, mas também alguém sapiente e generoso, que sempre se preocupou comigo. É algo que tenho sempre presente: a forma como ele me acarinhou, mesmo nos detalhes mais pequenos», salienta.

Há seis anos, depois de ter estado na origem do “Aurora”, o jornalista viu a publicação fundir-se com O CLARIM. Agora, 44 anos e milhares de textos depois, Kou Cheok Lam despede-se das redacções, com a convicção de que o jornalismo de matriz católica tem um papel fundamental na construção de um sentido de comunidade que é cada vez mais necessário. «Acho que os católicos locais estão mais interessados em conhecer as notícias locais, em particular em conhecer um pouco melhor as actividades em que participam, no âmbito das próprias paróquias. Eles ficam satisfeitos por se poder ver retratados no jornal. Para eles, ler o jornal da Igreja é quase o mesmo que ler uma carta da família», remata.

Obrigado, Mr. Kou!

Marco Carvalho e Jasmin Yiu

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