Governo no bom caminho
A irmã Maria Lúcia, da congregação das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, louvou a iniciativa do Governo em distinguir as “ofensas leves” (crimes semi-públicos) das “ofensas graves” (crimes públicos) na proposta de lei sobre a violência doméstica.
A intenção legislativa, embora aprovada na generalidade em meados do mês passado na Assembleia Legislativa, originou comentários pouco abonatórios do deputado nomeado Fong Chi Keong que desencadearam severas críticas da sociedade.
«Penso que a Polícia Judiciária esta muito bem organizada e com vontade firme de detectar problemas considerados graves e não graves, e de os escalonar. Esta polícia é um grande meio para investigar estes casos, porque até pode entrar numa casa quando há um problema grave», disse a irmã Lúcia a’O CLARIM, acrescentando que os relatórios policiais, por vezes combinados com exames médicos ou análises clínicas, podem deixar pistas importantes para que determinados comportamentos sejam considerados “ofensas leves” ou “ofensas graves”.
«Na violência doméstica há gritos, há berros, há empurrões, há o bater, há esfaqueamentos, há tiros e, em casos extremos, há mortes. Quando a violência doméstica atinge uma densidade bastante interpelativa e forte a sociedade deve preocupar-se com o que se passa no ser humano», sustentou a missionária.
«Não vivemos sozinhos no mundo. Precisamos todos uns dos outros para construirmos uma sociedade produtiva, produtora e estável em todos os aspectos, da qual a mulher faz parte e desempenha importante papel», explicou, da mesma forma que ressalvou: «A violência doméstica, embora normalmente praticada pelo homem, é um todo porque também pode partir da mulher, dos filhos ou de parentes».
«Para mim é uma questão de formação humana, e quando uma pessoa não tem formação, nem ambiente sócio-afectivo ou sócio-económico que favoreça uma condição mínima para crescer de forma estável, é mais provável que mais tarde ou mais cedo tenha as suas “saídas” que se manifestam em formas de ser, normalmente em descontrolos e desequilíbrios de atitudes», referiu.
«Defendo os valores da família. A família, como célula indispensável e basilar para a construção de uma sociedade não pode prescindir da sua responsabilidade, sob pena de acontecerem problemas destes [ofensas graves]», vincou.
Casinos
A irmã Lúcia revelou preocupação com possíveis casos de violência doméstica originados pelo vício do Jogo que estão escondidos da sociedade. «Não é à toa que existem muitos casinos e lojas de penhoras em Macau. Muitas vezes as pessoas não têm controlo em si próprias, porque vivem para o dinheiro e para o Jogo e vão sempre naquela tentativa de ganhar nos casinos. Tudo isto reflecte-se na família, originando por vezes casos de violência doméstica», alertou.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA