Missa nas Ruínas de São Paulo a 19 de Outubro
As ruínas da Igreja da Mater Dei vão voltar a ser palco de uma celebração eucarística, década e meia depois de terem acolhido uma missa pela última vez. A informação foi confirmada a’O CLARIM pelo padre Manuel Machado, que adiantou ainda que a cerimónia se vai realizar ao início da noite do terceiro sábado de Outubro próximo.
Em Janeiro, em declarações a’O CLARIM, o chanceler da diocese de Macau já havia antecipado a hipótese das Ruínas de São Paulo poderem vir a receber actividades litúrgicas no âmbito da celebração do Mês Missionário Extraordinário, iniciativa decretada pelo Papa Francisco no ano em que se assinala o centenário da promulgação da carta apostólica “Maximum Illud”.
No início do ano, o padre Manuel Machado explicou que a eventual realização de uma eucaristia nas antigas instalações da Igreja da Mater Dei estava dependente do aval das autoridades do território, autorização que foi entretanto concedida. «Já nos deram o sim. Está já decidido que vamos ter uma celebração da Eucaristia nas Ruínas de São Paulo. Vai ser no sábado antes do Dia Mundial das Missões. Creio que se trata do dia 19 de Outubro. Por volta das 20 horas, teremos a celebração da Eucaristia, mas isto é algo que a Diocese vai atempadamente anunciar», disse o sacerdote comboniano. «É uma missa vespertina cuja intenção é a de assinalar o Mês Missionário Extraordinário. O lugar é emblemático, num sentido histórico. Daqui saíram muitos missionários. Queremos, com esta celebração, recordar essa vocação e animar a Igreja em Macau, para que continue a ser missionária», acrescentou.
Para além da Eucaristia nas Ruínas de São Paulo, as celebrações do Mês Missionário Extraordinário vão passar ainda pela Praça do Tap Seac, para onde está previsto um festival que irá reunir as paróquias e as entidades afiliadas à Igreja Católica no território, que assim se vão dar a conhecer à população da RAEM. «A Diocese programou duas actividades no mês de Outubro. O Papa pediu que o mês de Outubro fosse considerado pelas dioceses como um mês missionário extraordinário. Uma das iniciativas vai decorrer a 6 de Outubro, na Praça do Tap Seac», referiu Manuel Machado, especificando: «Vai ser uma espécie de Carnaval, uma feira que vai reunir as paróquias e as organizações ligadas à Igreja em Macau. Cada uma vai ter a sua própria banca, para que as pessoas possam ficar a conhecer o trabalho que desenvolvem. Teremos também um palco por onde deverão passar espectáculos de música e de teatro e a componente de animação».
IGREJA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO SOPROU VINTE VELAS
O último templo católico a ser construído em Macau foi inaugurado fez no início deste mês vinte anos. A efeméride foi celebrada a 1 de Maio pelos responsáveis da quase-paróquia de São José Operário, com uma eucaristia presidida pelo bispo D. Stephen Lee, durante a qual uma dezena de crianças receberam o sacramento da Primeira Comunhão e seis outras o da Confirmação.
«O que importa não é tanto celebrar os vinte anos passados, mas sim trabalhar para o futuro e é isso que procuramos fazer», afirmou a’O CLARIMo padre Manuel Machado, desta vez na qualidade de pároco da igreja de São José Operário. «Na Eucaristia de aniversário que conduzimos na quarta-feira celebrámos a Primeira Comunhão de algumas crianças e tivemos alguns jovens que foram confirmados, fruto do trabalho no âmbito da catequese, do qual vamos colhendo alguns frutos. Este ano, por exemplo, temos oitenta miúdos na catequese», sublinhou.
Para além da celebração da Eucaristia, os vinte anos da igreja de São José Operário foram também assinalados à mesa, num jantar que serviu, sobretudo, para reunir a comunidade em torno de um ideal de fé. «O costume, após a Eucaristia, era irmos para o salão, onde fazíamos uma confraternização muito simples. Como celebramos os vinte anos, o que ficou decidido é que iriamos a um restaurante, para que a celebração fosse mais bonita, mais especial. Além da refeição, os vários grupos que colaboram com a igreja expressaram a sua alegria através de canções e de outras performances artísticas», ilustrou o sacerdote. «O importante foi termos o momento da celebração e depois a confraternização, com o propósito de juntar as pessoas», acentuou ainda.
Erigida em pleno coração do bairro do Iao Hon, a igreja de São José Operário foi construída em 1998 e inaugurada a 1 de Maio de 1999, a pouco mais de meio ano do regresso de Macau à soberania chinesa. Projecto ousado em termos arquitectónicos, a fachada voltada para a República Popular da China faz lembrar dois braços abertos, detalhe que simboliza a postura de abertura da Igreja Católica às expectativas da população chinesa, que convida a um encontro com Jesus Cristo.
Há vinte anos, o então bispo D. Domingos Lam, falecido em 2009, não ocultava o desejo de ver novos templos católicos erguerem-se no encalço da igreja de São José Operário. A aspiração, recordou o padre Manuel Machado, acabou por não se concretizar: «D. Domingos Lam dizia que esperava que a cada vinte anos se pudesse inaugurar um novo centro, uma igreja ou qualquer coisa para mostrar que a fé católica estava presente e estava a crescer, dado que, também ao nível da população ia havendo um aumento. Na altura era esta a visão que ele tinha».
Vinte anos depois, à São José Operário continua a pertencer o estatuto de última igreja católica a ser construída em Macau e os desafios que se lhe colocam são de monta. «O nosso problema – e é algo que se tem mantido constante ao longo de todos estes anos – é descobrir a maneira de podermos ir ao encontro das pessoas. A maior parte dos que residem aqui perto vivem para o trabalho e não têm grande tempo para outras coisas. O número dos que nos procuram ou que participam nas nossas iniciativas é muito reduzido», explicou o padre Manuel Machado, concluindo de seguida: «O futuro passa por continuar a ser esta presença aqui, de portas abertas, fazendo com que as pessoas que tenham interesse e queiram conhecer melhor o nosso trabalho o possam fazer. A nós cabe-nos dar-lhes as boas vindas da melhor maneira possível».
Marco Carvalho