FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO CELEBROU-SE NA QUARTA-FEIRA

FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO CELEBROU-SE NA QUARTA-FEIRA

Fé mais forte que as correntes do Covid

A Igreja universal celebrou na passada quarta-feira a Festa de São Pedro e São Paulo. Na realidade, o seu nome oficial é Solenidade Conjunta de São Pedro e São Paulo, sendo a comemoração do martírio em Roma dos apóstolos Simão Pedro e Paulo de Tarso. Esta constitui uma das mais importantes festividades religiosas entre os cristãos. Em Macau, a Igreja assinalou a data nas duas missas “online” diárias celebradas na Sé Catedral.

De acordo com a tradição, o dia 29 de Junho representa o aniversário das mortes dos dois apóstolos São Pedro e São Paulo, ou pelo menos a transferência das suas relíquias. No Santoral católico, tem a categoria de Solenidade. Trata-se da celebração da memória de duas grandes testemunhas de Jesus Cristo, os dois esteios da Igreja, Católica, Apostólica e Romana. A Festa de Pedro, o fiel seguidor de Jesus, vibrante e arrebatado, mas vacilante. Todavia, foi ele o escolhido por Jesus como a pedra fundadora da Sua Igreja: «(…)sobre ti erigirei a Minha igreja» (Mt., 16,17). Pedro esteve com Ele até ao fim, como também até ao seu martírio, como primeiro Papa, tendo sido tumulado onde hoje se encontra a basílica com o seu orago, no Vaticano.

Quanto a Paulo, de cruel perseguidor dos primeiros cristãos, como Estêvão, passou a ser o mais fervoroso apóstolo dos gentios, sendo um modelo de evangelismo ardente depois de encontrar Jesus no seu caminho, na estrada de Damasco. É o exemplo da conversão e entrega integral ao Evangelho.

A SOLENIDADE

Já no Século IV se celebrava no Ocidente uma Festa em memória dos Santos Pedro e Paulo no dia 29 de Junho. Porém, no Oriente, o dia não coincidia. Por exemplo, o Martirológio Sírio do final do Século IV, que é como que parte do catálogo grego de santos da Ásia Menor, indicava a data de 28 de Dezembro para os Santos Pedro e Paulo. Este dia é, no Ocidente, o dia dos Santos Mártires Inocentes.

A principal Festa dos Santos Pedro e Paulo, em Roma, permaneceu sempre a 29 de Junho, desde o Século III ou IV. Por exemplo, no elenco das festas de mártires no “Cronógrafo de Philocalo” ou no “Martyrologium Hieronyminanum”, cai precisamente nessa data. Uma outra data alusiva a esta Festa tem lugar a 1 de Agosto, nomeadamente, a Festa de São Pedro ad Vincula, na basílica menor de San Pietro in Vincoli, em Roma, cujo nome remete para o facto de ali se encontrarem, desde o Século IV, as correntes que prenderam Pedro por duas ocasiões.

A memória destes dois santos está também ligada a outros dois lugares da Cidade Eterna: a prisão do Tullianum, ou Fossa Mamertina (junto ao Fórum Imperial) – local onde terão sido executados –, e a Via Sacra. Em ambos os lugares se erigiram santuários evocativos da memória dos Santos.

Seja a data da morte ou do traslado das relíquias, é acima de tudo a celebração dos dois fundadores da Igreja – de Pedro, por manter viva a chama da fé e da mensagem de Cristo; e de Paulo, por a ter disseminado e pregado por todo mundo. São como que a coluna espiritual da Igreja, tendo ambos sofrido e padecido em Roma: Pedro, no ano de 64 (crucificado, mas de cabeça para baixo), e Paulo, em 67 (decapitado, pois era cidadão romano). Pedro está sepultado na basílica homónima, no Vaticano, e Paulo na basílica de São Paulo Fora de Muros, nos arredores de Roma. Ambos são padroeiros de Roma e da sua Igreja, sendo considerados inseparáveis pela tradição cristã, representando o Evangelho de Jesus. Por analogia, comparam-se a Caim e Abel, mas num paralelismo oposto, sem a desgraça fratricida.

Em 395, Santo Agostinho de Hipona, num sermão, assim se referiu aos dois Santos: “Ambos os apóstolos partilham o mesmo dia de festa, pois estes dois não eram senão um; e apesar de terem sofrido em dias diferentes, eram um só. Pedro foi primeiro, e Paulo a seguir. E assim celebramos este dia santificado para nós pelo sangue dos apóstolos. Vamos abraçar aquilo em que eles acreditavam, a sua vida, os seus trabalhos, os seus sofrimentos, a sua pregação e a sua confissão de fé”.

Na tradição católica, é o dia do ano litúrgico em que os recém-criados metropolitanos (arcebispos) recebem das mãos do Papa o pálio, símbolo do seu título.

Vítor Teixeira

LEGENDA: São Paulo, à esquerda; São Pedro, à direita

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