Centro Newman recorda era dourada da porcelana de Macau
O Centro de Cultura e Artes Performativas Cardeal Newman e o Centro Diocesano acolhem até ao final do corrente mês a exposição “Caleidoscópio: Mostra de Porcelana Cantonense de Macau”. A iniciativa, com a qual a organização cultural de matriz católica se associa às celebrações do 75.º aniversário da fundação da República Popular da China e ao 25.º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau, foi inaugurada no sábado passado e vai permanecer patente ao público até 31 de Dezembro.
Com esta exposição, composta por mais de cem peças, divididas por dois espaços, o Centro de Cultura Cardeal Newman pretende reabilitar a memória de um dos sectores da indústria manufactureira que mais relevância tiveram em Macau na segunda metade do Século XX. No início dos anos 80, existiam no território 28 fábricas e oficinas de produção de porcelana de Cantão, tendo a requintada loiça “made in Macau” sido exportada em grandes quantidades para continentes como a Europa e países como os Estados Unidos.
Trabalhoso, delicado e refinado, o processo de fabrico da porcelana de Cantão é minucioso e complicado, dada a vasta amplitude de motivos pictóricos habitualmente retratados. Pássaros, flores e paisagens eram elementos recorrentes nas peças produzidas de um e do outro lado das Portas do Cerco, mas as empresas e os ceramistas de Macau não se limitaram a reproduzir os métodos e os motivos com maior expressão na vizinha província continental e criaram um estilo híbrido, onde são evidentes influências da porcelana de Lingnan, mas também elementos de cariz ocidental.
O Centro de Cultura Cardeal Newman procura, assim, destacar as características únicas da porcelana cantonense de Macau e convidou Lei Iat Po, mestre ceramista e especialista em porcelana, para falar sobre a história e as particularidades da loiça “made in Macau”.
“A exposição dá a conhecer o trabalho de ceramistas e artistas da primeira metade do Século XX. O Centro de Cultura e Artes Performativos Cardeal Newman convidou Lei Iat Po para falar sobre a história da porcelana cantonense em Macau. Uma visita à exposição oferece a possibilidade de aprender sobre o contributo dado por diversos ceramistas para a afirmação da indústria”, explicou fonte do Centro Cultural Newman, em resposta enviada a’O CLARIM. “Ao promover um maior conhecimento sobre a porcelana cantonense de Macau, procuramos ajudar a conservar um legado que atesta como poucos a perícia e a criatividade dos artesãos de Macau”, acrescentou a mesma fonte.
Inscrita em 2020 no inventário do Património Cultural Intangível de Macau, a porcelana cantonense do território foi durante várias décadas um activo económico e cultural importante, com a indústria a desempenhar um papel importante na afirmação e desenvolvimento das artes tradicionais chinesas na região. Entres os ceramistas e artistas representados na exposição estão mestres como Lam Bun, Cheong Yin Nam, Lee Pun Cheok, Lei Iat Chun ou o próprio Lei Iat Po.
Marco Carvalho