“Oração dos 5 Dedos”

Está confinado? Olhe para a sua mão!

Neste primeiro dia de quase confinamento total são muitos aqueles que se questionam sobre como passar o tempo. Quem continua a trabalhar sabe que, apesar dos constrangimentos, as horas irão sendo engolidas pelos afazeres inerentes à jornada laboral; já quem – mesmo que quisesse – não tem como trabalhar sente que a tolerância à ansiedade começa a escassear.

É verdade que esta fase faz-nos recuar a Março de 2020, parecendo que fomos impotentes para combater a pandemia, que depois de muitas tentativas conseguiu definitivamente galgar os muros erguidos pelas autoridades oficiais e entrou em Macau, assim que a guarda baixou.

É muito frequente só nos lembrarmos de Deus, de rezar e de que também a Igreja somos nós, quando a tempestade nos afecta. Os menos tolerantes – por vezes designados ortodoxos, embora Ortodoxia seja outra coisa – apontam o dedo, acusando quem procura o conforto da oração nestas situações de só chamar por Deus em momentos de aflição. Os tolerantes, como é exemplo o nosso Papa Francisco, vêem esta como uma oportunidade para abrir as mãos e esticar os braços àquelas ovelhas que há muito se distanciaram do Rebanho do Senhor.

Este abrir de mãos e esticar de braços remete-nos para a “Oração dos 5 Dedos” promovida por Francisco que O CLARIM  vem publicando há já alguns meses, sempre que o espaço disponível na edição impressa o permite.

Trata-se de um exercício espiritual que não requer qualquer objecto, apenas uma parte do nosso corpo: uma mão, seja a esquerda ou a direita.

A cada dedo Francisco atribui uma intenção, sendo que podemos rezar no intervalo de tempo que entendermos: podemos fazê-lo numa hora, ao longo de um dia, ou então atribuirmos cada dedo a um dia da semana. Hoje, segunda-feira, 11 de Julho, podemos começar pelo polegar; amanhã, terça-feira, passamos para o indicador, e assim sucessivamente até chegarmos a sexta-feira, a que corresponde o anelar.

Não sugerimos que sábado e Domingo regresse ao início do ciclo, pois são dias em que outras orações por outras intenções têm lugar, assim haja vontade.

Para aqueles que possam ter mais dificuldade em ler, transcrevemos a imagem que acompanha este texto: 1– Polegar: Reze por aqueles que estão mais próximos de si, são mais fáceis de lembrar: os pais, irmãos, familiares e amigos; 2– Indicador: Reze por aqueles que ensinam e curam, para que Deus os ajude com sabedoria e direcção: professores e médicos; 3– Médio: Sendo o dedo mais alto, deve rezar-se pelos líderes, pela sua conversão e rendição: governantes e políticos; 4– Anelar: Reze pelos mais fracos e doentes, pela sua cura e para que encontrem conforto em Deus; 5– Mindinho: Ore por si, para que Deus o ilumine e o acompanhe.

Na realidade, estando muitos de nós obrigados a parar por completo ou a abrandar o ritmo, é chegado o momento de nos aproximarmos da Igreja, rezarmos a Deus e dedicarmos orações a todos aqueles que connosco partilham a Casa-Comum.

Se começarmos o dia a assistir às missas “online” celebradas na igreja da Sé Catedral e a meio do dia olharmos para a nossa mão – o mesmo é dizer, olharmos para nós mesmos – e dedicarmos uma oração à correspondente intenção, sentir-nos-emos mais realizados, na medida em que raiará o dia em que a fome de fé pedirá mais. Então tiraremos o Terço da gaveta, afastaremos agnosticismos e alimentaremos a fé. E uma vez embrenhados nesta jornada, as horas passarão a voar e quando olharmos de novo para a janela já o Sol se estará a despedir, com a promessa de que voltará no dia seguinte.

Estamos, pois, perante um mero confinamento ou é esta mais uma oportunidade que nos é dada para reencontrarmos Deus? Não sabe a resposta? Olha para a sua mão!

José Miguel Encarnação

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