Demolição não esteve prevista.
O diário Phuket Gazette avançou recentemente que os administradores do Hospital Vachira chegaram a acordo com funcionários e membros da comunidade local sobre a proposta de demolição da construção histórica de traça sino-portuguesa, “edifício Boonphat”, com implicações nas árvores de mogno circundantes.
«Ficou acordado que o edifício vai ser usado como museu médico e contará com vários itens, tais como o primeiro aparelho de raios-X utilizado no Hospital Vachira de Phuket, que veio de Singapura», garantiu o vice-director daquela unidade hospitalar, Somboon Wangteatum.
Apesar dos receios levados a cabo por um usuário do “Facebook”, que denunciava um plano para demolir a estrutura existente, onde seria construída uma nova ala com 298 camas, resultando na indignação generalizada de médicos e membros da comunidade local, para a antiga directora do 15º Departamento de Belas Artes (Phuket), Riam Pumpongpaet, a hipótese de demolição não estava em cima da mesa.
«A decisão para deitar abaixo o edifício foi tomada, pelo menos, há cerca de dois anos. Contudo, houve uma mudança de planos, dado que o nosso departamento conseguiu travar a demolição com sucesso. Ficou então acordado com o Hospital que tudo seria feito da melhor forma, tendo em vista a preservação do local histórico», disse a’O CLARIM Riam Pumpongpaet.
Quando à petição do “Facebook” a desencadear a indignação generalizada, que atingiu o seu pico no passado dia 25 de Agosto, referiu: «Em primeiro lugar, [as declarações] na Internet estavam desactualizadas sobre este incidente. Em segundo, não perguntaram a ninguém sobre a informação correcta. Muito naturalmente resultou na indignação generalizada».
Macau
O antigo director do Parque Histórico de Ayutthaya, Patipat Pumpongpaet, marido de Riam Pumpongpaet, explicou a’O CLARIM que o termo “edifícios sino-portugueses” é recente e conta com o apoio da Autoridade de Turismo da Tailândia, por forma a impulsionar as atracções turísticas do género, tanto em Phuket, como em outras partes do País.
Todavia, para a comunidade de académicos e historiadores, o nome mais apropriado será “estilo arquitectónico colonial”, porque a influência portuguesa não existia em Phuket, nem noutras partes do País, quando tais construções foram erigidas, entre o século XIX e início do século XX. «Muitos desses edifícios são certamente de influência arquitectónica holandesa, francesa ou britânica», frisou.
«O ponto de viragem é estudar mais em profundidade as construções de Penang [na Malásia] e estabelecer a cooperação com as autoridades de Macau, relativamente aos seus edifícios de traça sino-portuguesa», sugeriu.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA
em Banguecoque