Depois do Santo Padroeiro, eis a Padroeira Principal
Se São Francisco Xavier (SFX) é um dos santos padroeiros da diocese de Macau, Nossa Senhora da Imaculada Conceição é a sua padroeira principal. Francisco Xavier é celebrado amanhã, 3 de Dezembro, e a Senhora da Imaculada Conceição é-lo cinco dias depois, a 8 de Dezembro.
A Imaculada Conceição de Maria é um dogma que enuncia que Maria foi preservada do pecado original para a sua missão de ser a Mãe de Jesus. É a concepção imaculada da Virgem Maria (em Latim, sine macula), livre do pecado original desde o primeiro instante da sua existência. O mesmo texto refere também que a Virgem Maria viveu uma vida completamente livre de pecado.
Como já referimos, a Festa da Imaculada Conceição é comemorada a 8 de Dezembro. Foi inscrita no Calendário Litúrgico pelo Papa Sisto IV (1471-1484), a 28 de Fevereiro de 1477. A Imaculada Conceição da Virgem Maria foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX (1846-1878) na Bula Ineffabilis Deus, em 8 de Dezembro de 1854. Hoje em dia esta solenidade é festa de guarda em toda a Igreja Católica, excepto em certas dioceses ou países onde, mediante aprovação da Santa Sé, a sua celebração foi suprimida ou transferida para um Domingo. Em Macau, por exemplo, é feriado neste dia.
Em Portugal, a 25 de Março de 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a Restauração da Independência de Portugal em relação a Espanha, coroando-a como Rainha.
A celebração parece ter começado na Igreja oriental no Século VII e pode ter-se espalhado para a Irlanda no século seguinte, embora o registo mais antigo e comprovado na Igreja ocidental provenha de Inglaterra, no início do Século XI. Ao longo do Século XV ganhou vigor, apesar das acusações de heresia dos tomistas e das fortes objecções de vários teólogos proeminentes. Contra todas as resistências, em 1477 o Papa Sisto IV, um franciscano escotista e devoto da Imaculada, uma devoção da sua Ordem, aliás, colocou-a no Calendário Romano (ou seja, na lista de festas e observâncias da Igreja) através da Bula Cum praexcelsa. Em 1481 e 1483, em resposta a polémicas, o mesmo Papa publicou mais duas Bulas que proibiam qualquer pessoa de pregar ou ensinar contra a Imaculada Conceição, sob pena de excomunhão. O Papa Pio V (1566-1572) manteve a Festa no calendário tridentino, mas suprimiu a palavra “Imaculada”.
Mais tarde, o Papa Gregório XV (1621-1623) proibiu, em 1622, qualquer afirmação pública ou privada de que Maria fora concebida em pecado. O seu sucessor, Urbano VIII (1623-1644), permitiu aos franciscanos, em 1624, estabelecer uma ordem militar dedicada à Virgem da Imaculada Conceição. Após a promulgação da Ineffabilis Deus, a frase tipicamente franciscana “imaculada concepção” reafirmou-se no título e na eucologia (fórmulas de oração) da Festa. Com Pio IX, o dogma triunfou.
V.T.