Cáritas volta a ser porto de abrigo para não-residentes
Desde que as autoridades de Macau decretaram o confinamento parcial há mais de três semanas, a Cáritas recebeu cerca de quinhentos pedidos de ajuda por parte de pessoas em situação de carência alimentar. Entre os que solicitaram apoio, estão sobretudo trabalhadores não-residentes, mas também residentes a quem a pandemia trocou as voltas.
O confinamento parcial estabelecido a 11 de Julho agravou a situação em que se encontram milhares de pessoas em Macau e voltou a fazer da Cáritas um porto de abrigo para centenas de trabalhadores em estado de carência alimentar.
O Programa de Partilha de Alimentos da organização liderada por Paul Pun recebeu, nas três últimas semanas, pedidos de ajuda endereçados por cerca de quinhentas pessoas. O confinamento parcial trouxe um ligeiro aumento no número dos que solicitaram o apoio da Cáritas, mas esconde uma quebra significativa face aos números registados nos primeiros meses da pandemia. «Durante o confinamento parcial, através do nosso Programa de Partilha de Alimentos, fizemos chegar ajuda a cerca de quinhentas pessoas. No entanto, se recuarmos um ano, no âmbito das nossas operações, o que posso dizer é que há um ano estávamos a ajudar mil pessoas. E se recuarmos um ano mais, há dois anos esse número era ainda maior – cerca de duas mil pessoas. Quer isto dizer que, ao longo do tempo, este número foi diminuindo», explicou o secretário-geral da Cáritas de Macau, sublinhando que este «número possa vir a aumentar».
Criado em Setembro de 2020, o Programa de Partilha de Alimentos destina-se, sobretudo, a apoiar trabalhadores não-residentes. A maior parte dos pedidos de apoio são de cidadãos filipinos, vietnamitas, indonésios e birmaneses, mas a Cáritas também tem sido contactada por não-residentes oriundos da China continental e até por residentes de Macau economicamente afectados pela pandemia. «No que diz respeito aos residentes de Macau, alguns deles também estão a sofrer com o aumento do desemprego. Ocasionalmente, os nossos serviços deparam-se com alguém que necessita do nosso apoio, principalmente no que diz respeito a comida. Uma vez que não se trata de um número muito significativo, o que fazemos é encaminhá-los para o Banco Alimentar patrocinado pelo Governo, até para que eles não tenham que obter comida do nosso Programa de Partilha de Alimentos», esclareceu Paul Pun. «Normalmente encaminhamo-los para o Banco Alimentar apoiado pelo Instituto de Acção Social e gerido pela Cáritas», rematou.
M.C.