Nascido em berço de ouro, a tudo renunciou!
Afonso Maria d’Liguori (Marianella, Nápoles, 27 de Setembro de 1696 – Pagani, Reino de Nápoles, 1 de Agosto de 1787) foi um sacerdote e religioso italiano, bispo e fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, ou Redentoristas. É santo da Igreja Católica e a sua festa litúrgica é celebrada em 1 de Agosto. É um dos religiosos mais conhecidos da Igreja Católica. E também em Macau.
Foi ordenado presbítero a 21 de Dezembro de 1726, nomeado bispo de Sant’Agata de’ Goti, em Itália, a 14 de Junho de 1762, com ordenação episcopal seis dias depois, a 20 de Junho. Foi beatificado a 15 de Setembro de 1816, em Roma, pelo Papa Pio VII, vindo a ser canonizado a 26 de Maio de 1839, também em Roma, pelo Papa Gregório XVI. Foi proclamado Doutor da Igreja em 23 de Março de 1871, sendo o patrono dos advogados católicos, moralistas e confessores. Santo Afonso é considerado um renovador da moralidade de seu tempo. Escreveu mais de 111 obras, das quais vale a pena mencionar o “Tratado de Teologia Moral”, escrito entre 1753 e 1755, um dos maiores fundamentos teológicos da moral católica até hoje, bem como “As Glórias de Maria”, um dos mais célebres tratados modernos de Mariologia, escrito entre 1734 e 1750.
Afonso viveu no seio de uma família da nobreza napolitana. Quando era criança, foi visitado por São Francisco de Jerónimo (1642-1716), então um famoso sacerdote da Companhia de Jesus, que ficou conhecido como o “Apóstolo de Nápoles”. O santo jesuíta abençoou o menino e profetizou que sobre ele adviriam grandes bênçãos e sabedoria. Disse mesmo aos pais de Afonso: “Este menino viverá noventa anos, será bispo e fará muito bem”. De facto, as biografias de Afonso referem que aos dezasseis anos era um prodígio de inteligência, vindo a obter precocemente o grau de doutor em “utriusque iuri” (em ambos os direitos, isto é, civil e canónico), obtendo sempre os melhores resultados nos seus estudos.
O DESPERTAR DA FÉ
Afonso Mara António João Francisco Cosme Damião Miguel Ângelo Gaspar de Ligório era filho de José de Ligório e Ana Maria Catalina Cavalieri de Ligório, sendo o mais velho dos sete irmãos desta família da nobreza napolitana.
Quis sempre preservar a pureza da sua alma, tendo um director espiritual, era jovem de frequência de missa comungada e orava com grande fervor e devoção a Nossa Senhora. Era conhecido por fugir de todos aqueles que tinham más conversas. Neste trajecto juvenil de santidade, o seu pai, todavia, desejava torná-lo num político brilhante, fazendo com que estudasse várias línguas modernas e aprendesse música, artes e a vida cavalheiresca. Depois, como advogado, Afonso brilharia, obtendo triunfos importantes na barra dos tribunais. No entanto, vivia insatisfeito e receoso do grande perigo que existia no mundo, à sua volta, em se ofender a Deus.
Por revelação divina, Afonso decidiu abandonar tudo, que era muito, optando pelo sacerdócio, desejando tornar-se um apóstolo incansável de Jesus. A tarefa não foi fácil, porém. Teve que enfrentar, com grande luta espiritual, o seu pai e a família, os amigos e também a si mesmo, revelaria mais tarde. Mas aos trinta anos seria ordenado presbítero. Desde então dedicou-se a trabalhar junto dos pobres nas zonas mais difíceis de Nápoles e noutras cidades, onde ensinava o Catecismo. A 9 de Novembro de 1752 fundou, juntamente com outros sacerdotes, a Congregação do Santíssimo Redentor, dedicados ao apostolado da pregação e do estudo, em cidades e na ruralidade. Ficava quinze dias em cada lugar a pregar, rumando depois a outro destino. Ao mesmo tempo, escreveu prolificamente, sendo um dos santos modernos mais lidos. Tornado bispo em 1762, contra a sua vontade, mas por obediência, não deixou de manter o seu fervor pregador e missionário, durante treze anos, além de apoiar os pobres e os doentes. Morreu com fama de santidade, na maior simplicidade, ele que nasceu num berço de ouro e a tudo renunciou, optando pelos rigores da vida apostólica. Os Redentoristas seguem hoje o seu carisma, presentes em todo o mundo.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa