Cem anos do “Sínodo de Xangai” em análise na USJ

CONFERÊNCIA AGENDADA PARA O FINAL DE JUNHO DE 2024

Cem anos do “Sínodo de Xangai” em análise na USJ

A Faculdade de Estudos Religiosos e Filosofia da Universidade de São José (USJ) e o Centro Xavier para a Investigação da Memória e da Identidade vão assinalar, no próximo Verão, o centésimo aniversário do primeiro Concílio da Igreja Católica na China, com a organização de uma conferência de três dias que vai debater a relevância e o significado do também chamado “Sínodo de Xangai”.

A iniciativa, agendada para o final de Junho de 2024, terá entre outros oradores o arcebispo D. Savio Hon, actual núncio apostólico em Malta, o padre Gianni Criveller, director da revista Mondo e Missione, o sinólogo austríaco Leopold Leeb e o investigador Anthony Lam. Entre 26 e 29 de Junho será analisada a história do Concílio e a forma como este moldou o desenvolvimento e a afirmação da Igreja Católica nas décadas seguintes.

Realizado em Xangai, entre 15 de Maio e 12 de Junho de 1924, o primeiro Concílio da Igreja Católica na China pautou um ponto de viragem na percepção que o Vaticano tinha em relação à China. Promovido pelo primeiro delegado apostólico da Santa Sé no antigo Império do Meio, o então futuro cardeal D. Celso Constantini, o Concílio marcou o início do processo de “descolonização” eclesial da Igreja na China. «O primeiro Concílio Plenário da Igreja Católica na China é um encontro de bispos, vigários, provinciais religiosos, superiores e sacerdotes, provenientes de todas as partes da China, e que foram convocados pelo delegado apostólico do Papa Pio XI para a China, D. Celso Constantini. O Concílio foi inaugurado em Maio de 1924 e concluído em Junho do mesmo ano. Promoveu decretos relativos a vários aspectos da vida eclesiástica na China: instituições canónicas, vida religiosa, evangelização e outros. Um dos frutos mais importantes do Concílio foi a formação de sacerdotes chineses, aos quais foram destinadas maiores responsabilidades eclesiais», explicou a’O CLARIM o director do Centro Xavier para a Investigação da Memória e da Identidade, Thomas Cai.

Com a realização do encontro de Xangai, D. Celso Constantini conseguiu encaminhar a missão chinesa para a via da renovação, ao mesmo tempo que combateu os obstinados resquícios das forças que continuavam a impor traços europeus à presença católica no Extremo Oriente. Mas o futuro cardeal fez bem mais do que apenas eliminar a influência estrangeira. Confiou os destinos da Igreja Católica na China ao clero chinês e promoveu a enculturação, uma aposta que deu os primeiros frutos substanciais menos de dois anos depois. «D. Contantini também se esforçou para promover a indigenização da Igreja na China. Essa política levou à consagração de seis bispos chineses pelo Papa Pio XI em Roma, no ano de 1926. Foram os primeiros bispos chineses a ser consagrados para servir a China em mais de 250 anos», sublinhou Thomas Cai. «A fundação do Seminário do Espírito Santo, em Hong Kong, também foi fruto da visão que emergiu do Concílio. No entanto, dada a situação política na China, com a guerra civil e a guerra sino-japonesa, foi difícil implementar todas as deliberações e decretos que foram aprovados. A visão, discutida no Concílio, de uma Igreja local em comunhão com a Igreja universal, encorajou mais sacerdotes locais a evangelizar as pessoas com o recurso a métodos que se adequavam melhor ao povo chinês. Esta visão foi posteriormente reafirmada pelo Concílio Vaticano II», lembrou o responsável.

M.C.

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