Novos Ministros da Eucaristia servem na Taipa e na Sé
Onze Ministros Extraordinários da Comunhão – oito servem a paróquia de Nossa Senhora do Carmo e três a paróquia da Sé Catedral – receberam no passado sábado as respectivas certidões emitidas pela diocese de Macau, numa pequena sessão de formação e partilha que decorreu no Carmo. A entrega dos diplomas esteve a cargo dos padres Eduardo Agüero, SCJ, e Daniel Ribeiro, SCJ.
Uma honra e uma responsabilidade, mas também um acto de amor. É assim que três dos Ministros Extraordinários da Comunhão, que no passado sábado receberam os seus certificados numa breve cerimónia realizada na igreja de Nossa Senhora do Carmo, se referem à missão para a qual foram chamados por parte da diocese de Macau.
No total, onze Ministros da Sagrada Eucaristia receberam, das mãos dos padres Eduardo e Daniel, as certidões emitidas pela Diocese. Os dois missionários conduziram uma pequena sessão de partilha em que evocaram a importância do compromisso assumido pelos Ministros Extraordinários. Trata-se de leigos a quem é dada permissão temporária para distribuir a Comunhão aos fiéis em auxílio dos Ministros Ordenados durante a celebração da Eucaristia, mas também em situações específicas em que a vivência da fé é dificultada pela doença ou por obstáculos de natureza similar. «Foi-nos pedido, primeiro, que assegurássemos rotativamente o serviço durante as missas comunitárias. E foi-nos solicitado também que, sendo necessário, assegurássemos a disponibilidade para distribuir a Sagrada Comunhão a doentes, a pessoas que estivessem impossibilitadas de se deslocar à igreja e em condições de a receber», explica Miriam Baganha, em declarações a’O CLARIM.
A par do marido Paulo Cordeiro de Sousa, a advogada é um dos oito Ministros Extraordinários da Comunhão a quem compete coadjuvar, rotativamente, a administração da Hóstia Consagrada, na paróquia de Nossa Senhora do Carmo.
Mais do que uma missão, o gesto é encarado como um dever por parte dos leigos. «Também é um dever. Eu, pelo menos, senti claramente como um dever quando fui chamado. Quando o padre Eduardo nos falou nessa possibilidade, eu senti que temos um dever como católicos de participar e de apoiar estas boas iniciativas», assume Paulo Cordeiro de Sousa. «Temos também o dever de fazer parte da Igreja, da vida da Igreja. Sim, é verdade. Eu sinto esta missão como um dever», complementa o também causídico.
Servir o Altar é uma missão sublime que requer discernimento e grande amor a Jesus Sacramentado, mas também preparação adequada. Estes onze Ministros Extraordinários da Comunhão receberam formação institucional para o efeito, mas mais importante do que a preparação teológica, sustenta Miriam Baganha, é a disponibilidade espiritual para se colocar ao serviço dos outros. «Fizemos uma formação institucional com várias sessões, no fundo para garantirmos que todo o conteúdo mais institucional, a parte mais teológica, é salvaguardada. Mas eu creio que essa é apenas uma parte da formação que é necessária», nota a Ministra da Comunhão, que também exerce as funções de Leitora na paróquia do Carmo. «A formação é, talvez, uma formação maior de coração e de disponibilidade e da consciência da graça que é poder distribuir a Sagrada Comunhão. Este poder não nos pertence, mas é uma graça fazer com que os outros possam receber o Corpo de Cristo. E essa é uma formação mais interior, que obviamente tem que ser acompanhada pela Igreja. É uma formação de oração, uma formação de leitura e uma formação de silêncio; uma formação de tentar beber, na nossa pequena medida, tudo aquilo que o amor de Cristo nos quiser dar», refere Miriam Baganha.
Para Mário Augusto de Souza, a dimensão do amor de Cristo é um aspecto essencial da missão em que os Ministros Extraordinários da Comunhão são incumbidos pela Igreja. Para que um leigo se torne Ministro é essencial já ter recebido os três Sacramentos da Iniciação Cristã – o Baptismo, a Primeira Comunhão e o Crisma –, estar casado pela Igreja, levar uma união que siga os preceitos da Igreja e ter o apoio da família. A estes aspectos, Mário Souza acrescenta um pressuposto essencial, o amor por Deus e pelos outros. «Antes de mais, é algo que se concretiza através do amor. Só através do amor podemos concretizar este serviço a Deus», defende. «Mas também é uma graça muito grande conseguir ajudar as pessoas a receber Jesus», remata Souza, um dos três Ministros Extraordinários da Comunhão da paróquia da Sé Catedral que participaram na cerimónia de sábado.
A sessão teve um significado particular para Miriam Baganha e para as demais leigas investidas como Ministras da Eucaristia. Apesar de ser uma prática há muito enraizada em muitas regiões do planeta, as mulheres só foram oficialmente autorizadas a distribuir a Sagrada Comunhão no início do ano passado. «O Papa Francisco mudou o Cânone para permitir que a instituição de Leitores, de Ministros da Eucaristia e de acólitos também passasse a englobar as mulheres e eu vejo isso com muita naturalidade, porque se, de facto, as mulheres estão presentes em todas as facetas da sociedade, faz sentido também que estejam institucionalmente na Igreja», argumenta. «É uma evolução naturalíssima e que é bem-vinda, até porque as leis devem reflectir a prática da sociedade e o espírito da sociedade. Não creio, no entanto, que seja uma ruptura. Não vejo nisso mais nada além daquilo que é: no fundo, uma reconciliação com a prática e com a vida», conclui Miriam Baganha.
Em Janeiro de 2021, o Papa Francisco mudou o Código de Direito Canónico e autorizou as mulheres leigas a ler a Palavra de Deus, a ajudar no altar durante as missas e a distribuir a Comunhão. Ao abrir caminho para tal, o Pontífice formalizou algo que já acontecia na prática.
Marco Carvalho