Belmiro Peio, na despedida como Vice-Cônsul de Angola na RAEM

«Macau pode ajudar-nos com o tecido empresarial».

Angola está de portas abertas para acolher o investimento empresarial de Macau e da China, com o intuito de diversificar a sua economia, em vez de ficar dependente das receitas do petróleo, disse a’O CLARIM o vice-cônsul de Angola na RAEM, Belmiro Peio, a poucos dias de regressar a Luanda.

«As duas partes, Angola e Macau, podem aproveitar esta dinâmica do Fórum Macau, implementando projectos e estreitando parcerias. Neste momento, Angola precisa diversificar a sua economia. Macau pode ajudar-nos com o tecido empresarial, ao investir nos sectores da indústria, da agricultura e das infra-estruturas. Por outro lado, também pode ser o elo de ligação com a China», referiu o diplomata angolano, que chegou ao território a 12 de Outubro de 2011.

«A nível pessoal e profissional faço um balanço positivo da minha passagem pela Região, porque tendo em conta a experiência já acumulada em duas missões anteriores [França e Brasil], pude engrossar o meu conhecimento no nosso Consulado-Geral em Macau», acrescentou.

«As relações de Angola com a China são boas. Macau é uma Região Administrativa Especial, mas tem relações bilaterais connosco, que também consideramos boas, através da conhecida “plataforma Macau”, na qual o Fórum é o nosso interlocutor privilegiado», explicou o diplomata.

Quanto a Portugal e Angola, optou por desvalorizar as recentes tensões entre ambos: «Há um cordão umbilical a ligar os dois países, que data de há muito tempo. Entre Estados há sempre altos e baixos. Neste momento, considero que as relações com Portugal são boas. As pequenas “coisas” existem sempre, e vão continuar a existir; mas serão ultrapassadas. Há interesses comuns, que são factores mais importantes».

Belmiro Peio foi terceiro secretário na Embaixada de Angola em Paris, entre 1993 e 2000. No Brasil, subiu a segundo secretário no Consulado-Geral angolano no Rio de Janeiro, transitando depois para a Embaixada em Brasília, onde exerceu funções de primeiro secretário. Permaneceu no País entre 2000 e 2007. Depois de quase quatro anos e meio em Macau, espera ficar em Luanda para poder desfrutar um pouco mais do seu país de origem.

De Macau, leva a recordação de ser «um espaço acolhedor, com uma série de atractivos que não havia no passado», afirmando em jeito de conclusão: «Nunca imaginei estar cá um dia, mesmo em serviço. Conhecia Macau através dos livros e das revistas. Quando estudava, havia referências nos livros da escola como local de língua portuguesa. Tive aqui uma experiência válida e enriquecedora».

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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