Assembleia da República Portuguesa

Rita Santos na lista de José Cesário

Rita Santos entra nas contas de José Cesário na corrida às eleições para a Assembleia da República. O Conselho das Comunidades Portuguesas é o balão de ensaio de um plano iniciado há vários meses.

A comendadora Rita Santos, presidente da Assembleia Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), foi indicada junto do Conselho Nacional do Partido Social Democrata (PSD) por José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, para integrar a lista de candidatos daquele partido português às eleições legislativas, que deverão decorrer entre Setembro e Outubro deste ano.A caminhada para a Assembleia da República Portuguesa arrancou há vários meses, depois de José Cesário ter sido informado pela então secretária adjunta do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (vulgo Fórum Macau) da intenção de abandonar o cargo após a nomeação de Lionel Leong para a Secretaria para a Economia e Finanças do Governo da RAEM.

Endereçado o convite por José Cesário, a máquina da ATFPM foi colocada em movimento na máxima força, com vista a engrossar o número de recenseados no Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A eleição do Conselho das Comunidades Portuguesas, agendada para 6 de Setembro, foi utilizada como pretexto para a angariação de novos apoiantes, cujo poder de voto será canalizado para as legislativas em Portugal.

A voz da ATFPM tem-se feito ouvir em Lisboa junto dos jornais O Diabo e Diário de Todos, com a anuência de José Cesário, o eterno cabeça de lista do PSD para o Círculo Fora da Europa – estatuto ganho por força das inúmeras mudanças de estratégia no interior do partido, por forma a nunca colidir com o interesse dos sucessivos líderes.

O triângulo formado por José Cesário e Rita Santos fecha no vértice Vitório Cardoso, conselheiro nacional do PSD, que falhou a nomeação para representante de Portugal no Fórum Macau, onde a comendadora exercia funções de relevo em nome do Governo da RAEM.

O maior problema – senão mesmo o único – é a aceitação de Rita Santos por parte do partido de coligação, o CDS-PP, o que facilmente poderá ser desbloqueado devido à relação privilegiada que mantém com Paulo Portas, o presidente dos “populares”, e ao facto do CDS-PP não indicar ninguém para os círculos eleitorais onde o PSD teve maioria absoluta nas eleições de 2011.

Por definir está a posição na lista, uma vez que José Cesário tanto poderá ocupar o lugar para o qual for eleito na Assembleia da República, não permitindo a chegada do candidato número três àquele órgão de poder, como vir a ser renomeado secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, em caso de vitória da actual maioria, deixando assim um lugar em aberto.

Neste quadro, o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno, tem procurado contrabalançar os interesses pessoais, do PSD e do País, o que já lhe valeu uma reprimenda pública de José Cesário e críticas veladas de José Pereira Coutinho, presidente da ATFPM, e também de Vitório Cardoso.

Atento a estas movimentações está o núcleo do Partido Socialista (PS) em Macau, um dos maiores visados pelo jornal O Diabo nas suas últimas edições, sendo que tem adoptado uma postura expectante, procurando não melindrar a figura do cônsul-geral.

José Miguel Encarnação 

com Pedro Daniel Oliveira

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *