A paróquia de São Lourenço vai celebrar, a 19 de Junho, a administração do Sacramento da Eucaristia (Primeira Comunhão) a cerca de vinte crianças.

ADMINISTRAÇÃO DO SACRAMENTO DA EUCARISTIA A 19 DE JUNHO

Paróquia de São Lourenço quer entender os problemas e as expectativas dos jovens

A paróquia de São Lourenço vai celebrar, a 19 de Junho, a administração do Sacramento da Eucaristia (Primeira Comunhão) a cerca de vinte crianças. A celebração, que ocorre no âmbito da Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo – este ano tem lugar três dias antes, a 16 de Junho –, constitui um dos momentos altos do ano pastoral na Paróquia, salientou o padre James Hyoung.

O sacerdote sul-coreano referiu que o número de crianças que todos os anos recebem o Corpo e Sangue de Cristo, pela primeira vez, na igreja de São Lourenço, se tem mantido estável de ano para ano.

Missionário da Congregação Clerical dos Beatos Mártires Coreanos, o padre James Hyoung acentuou que atrair os mais novos não tem sido um problema, mas que mantê-los ligados à Igreja já se prefigura mais difícil. «Todos os anos temos por volta de vinte crianças a celebrar a Primeira Comunhão na paróquia de São Lourenço. São, na sua esmagadora maioria, crianças chinesas. O número de crianças inscritas na Catequese e que celebram a Primeira Comunhão não sofre grandes alterações de ano-para-ano», explicou, acrescentando: «No entanto, um dos grandes problemas que temos em mãos é que há muitos idosos na igreja e quase não temos jovens. Por vezes, interrogo-me sobre a razão pela qual isto acontece; pergunto-me onde é que eles estão, para onde foram os nossos jovens. Um dos meus objectivos é tentar perceber melhor o que está a acontecer. Quero encontrar-me com os jovens desta paróquia, quero perceber que problemas enfrentam, entender melhor aquilo que valorizam e consideram importante e quais as suas expectativas».

O progressivo envelhecimento da população nas zonas antigas da cidade é particularmente evidente no bairro de São Lourenço, mas para o padre James Hyoung o fenómeno não é a única justificação para o facto das novas gerações se terem afastado da vida da Igreja. O sacerdote considera que o desgaste provocado pela pandemia de Covid-19 continua a fazer-se sentir, mais não seja pelos hábitos que ajudou a enraizar. «A população em São Lourenço está cada vez mais envelhecida. Ao longo destes mais de dois anos, desde que a pandemia de Covid-19 teve início, no começo de 2020, as pessoas foram aconselhadas a manter-se em casa, a explorar o Instagram, o YouTube e as redes sociais, e agora algumas sentem que não necessitam de assumir um papel mais activo, quer em termos sociais quer na participação na vida da Igreja» notou. «Muitos também não estão particularmente interessados em fazer sacrifícios», atirou o padre James.

Apesar do impacto que tem na população de Macau, o pároco de São Lourenço continua a ver na pandemia uma oportunidade. O missionário defendeu que por muito traumática que a experiência de sobreviver a um flagelo possa ser, os católicos têm a responsabilidade e o dever de se afirmarem como testemunhas de fé. «O Covid-19 ofereceu-nos a oportunidade de interiorizar que Deus é, verdadeiramente, o Senhor. Muitas pessoas morreram, muitas mais adoeceram, e isto foi algo que trouxe muita tristeza e muita desilusão, mas conseguimos permanecer vivos na nossa fé e é por isso que temos o dever de falar, que temos o dever de partilhar o Evangelho com as pessoas que estão à nossa volta», afirmou, concluindo o raciocínio: «A pandemia é uma oportunidade para as pessoas. Eu estou sempre a dizer para as pessoas olharem para o que está à sua volta, porque as pessoas que estão à volta delas precisam da sua ajuda e da sua oração. Temos de nos predispor a fazer sacrifícios por elas. É uma oportunidade porque Nosso Senhor nos convoca. Convoca-me a mim e convoca-o a si e nós temos que aceitar a sua chamada, temos de partir e anunciar a Boa-Nova».

CELEBRAR SÃO LOURENÇO

A “Festa da Primeira Eucaristia” é um dos momentos altos da actividade pastoral desenvolvida na paróquia de São Lourenço, mas não é o único. Outro grande momento de celebração realiza-se a 10 de Agosto, dia que a Igreja Católica consagra à celebração da vida e do legado de fé do mártir Lourenço de Huesca. A exemplo do que tem sucedido noutros anos, a data vai ser assinalada com Missa, presidida pelo bispo D. Stephen Lee, e com uma refeição partilhada com os paroquianos, explicou o padre James Hyoung: «Vamos ter uma missa solene, presidida pelo nosso bispo, Stephen Lee; depois vamos para um grande restaurante, onde a comunidade paroquiana se reúne para partilhar uma refeição».

«Vamos partilhar uma refeição e este momento de partilha também é uma oportunidade. Algumas destas pessoas – alguns dos nossos vizinhos, dos nossos irmãos e irmãs – não têm nada. São pessoas bastante pobres e poder partilhar uma refeição não é apenas um gesto de caridade. É também uma forma de afirmar que o nosso pensamento está com eles. É o nosso dever, é a nossa salvação», rematou o sacerdote.

Marco Carvalho

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