USJ e Casa Pia firmam protocolo de cooperação
A Universidade de São José pode vir a receber alunos da Casa Pia de Lisboa. A possibilidade está prevista num memorando de cooperação assinado pelas duas instituições na capital portuguesa uma semana antes do Natal.
A Universidade de São José (USJ) e a Casa Pia de Lisboa assinaram, no final de Dezembro, um protocolo de cooperação que prevê o desenvolvimento de iniciativas conjuntas nos domínios da cooperação académica, técnica e cultural. O memorando, rubricado por Álvaro Barbosa, vice-reitor para a Internacionalização e Assuntos Académicos da USJ, e por Fátima Matos, presidente da Casa Pia, prevê ainda que as duas instituições encontrem soluções “para que os alunos da Casa Pia possam prosseguir os seus estudos académicos na Universidade de São José em Macau”, adianta a instituição de Ensino Superior de matriz católica numa nota de Imprensa.
A USJ poderá vir a receber os primeiros estudantes da Casa Pia já no próximo ano lectivo, explicou Álvaro Barbosa, em declarações a’O CLARIM. «Em princípio, estamos a apontar para o próximo ano. Devemos receber os primeiros alunos no próximo ano lectivo. A admissão segue o processo normal da Universidade de São José em termos de requisitos académicos, mas estes são alunos que chegam recomendados pela Casa e, como tal, sendo admitidos têm associado à candidatura deles bolsas de estudo», disse.
O estabelecimento de laços de cooperação entre as duas entidades foi pela primeira vez ponderado em Maio de 2023, aquando de uma visita de Stephen Morgan, reitor da USJ, às instalações do Centro Cultural Casapiano, em Lisboa. À época, a Universidade de São José e a instituição liderada por Fátima Matos anunciaram a negociação de um protocolo que visava “criar sinergias promotoras do desenvolvimento técnico, humano e académico dos alunos e profissionais de ambas as instituições”.
Entidade de natureza pública, sob a tutela do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, a Casa Pia de Lisboa é uma das mais relevantes instituições educativas portuguesas para crianças e jovens desfavorecidos. Com dez escolas e colégios sob a sua égide, a organização, fundada pela Rainha D. Maria I em 1780, oferece actualmente educação, formação e assistência a cerca de três mil alunos. Para além dos preceitos do ensino regular, acolhe ainda, em regime de internato, duas centenas de crianças e jovens em risco.
A missão da instituição, desde que foi criada nos caóticos anos que se seguiram ao terremoto de 1755, é oferecer as condições necessárias para que os jovens que frequentam as suas valências se possam tornar membros bem-sucedidos da sociedade. Para tal, e com vista a promover o desenvolvimento de competências intelectuais, manuais e físicas, a Casa Pia procura também inculcar valores espirituais, morais e religiosos que possam reflectir os ideais de caridade e fraternidade que presidiram à fundação da instituição, há quase dois séculos e meio.
A Casa Pia de Lisboa orgulha-se de ter tido entre as suas fileiras muitas figuras de relevo da sociedade portuguesa, um rol que engloba políticos, jornalistas, empresários e artistas. Entre eles está Pedro Fonseca Guedes, pintor macaense que pontifica, em 1901, entre os fundadores da Sociedade Nacional de Belas Artes.
Marco Carvalho