PEDRO GUERREIRO CAVACO

PEDRO GUERREIRO CAVACO, AUTOR DE “O HOMEM QUE ACUSOU DEUS”

«Quero contribuir para acabar com um estigma sobre o Opus Dei»

O advogado Pedro Guerreiro Cavaco assina a obra de ficção “O homem que acusou Deus”, uma aventura de conversão de um advogado com muito para criticar sobre a Igreja, mas que se vê rodeado por ela de todos os lados…

REVISTA SÍNTESE– Como é que pode descrever o livro, sem contar tudo sobre ele?

PEDRO GUERREIRO CAVACO– A história é centrada na figura de um mediático advogado, Ricardo Medeiros. Ele é o melhor advogado penalista do País, procurado pelas elites. Ricardo vive um paradoxo, ou seja, ele está numa zona cinzenta entre o ateísmo e o agnosticismo, vivendo-os simultaneamente. Casado com uma medica católica praticante e tendo como sócio no escritório um membro do Opus Dei, ele vive um confronto diário com Deus. Sem tréguas… O livro tem imensos episódios de confronto, de tensão pessoal, familiar e profissional. Acresce que vai entrar num mundo desconhecido, o mundo do Opus Dei. E a questão que fica – e só a leitura do livro pode responder – é se Ricardo consegue libertar-se da teia que o rodeia…

R.S.– O que é que leva este homem a “pôr Deus sob acusação”?

P.G.C.– Há uma razão objectiva e não subjectiva. A leitura do livro permitirá compreendê-la. As vicissitudes da nossa vida, tantas vezes, levam Deus ao banco dos arguidos. Aqui não será diferente. Deus é arguido perante um acusador implacável, o terror de qualquer advogado e de qualquer juiz.

R.S.– O que é que os leitores podem esperar de uma obra destas?

P.G.C.– Os leitores de “O homem que acusou Deus”, estou plenamente convencido, irão identificar-se com as personagens do livro; os diálogos cheios de movimento permitirão aos leitores entrar na história como um personagem mais. O livro é excessivamente realista. Tem traição, investigação, tensão, uma fantasia amorosa, confronto directo… Enfim, bons ingredientes para um livro de ficção, um romance apelativo,
 por tão realista que é. Não menos verdade, entra-se no mundo secreto do
 Opus Dei, sem fil
tros, sem invenções, sem fantasias nem construções exógenas. O livro mostra o Opus Dei real.

R.S.– Não é habitual vermos ficção católica, sobre o tema da religião. É um mercado com poucos leitores, ou com poucos autores?

P.G.C.– Os segundos ficam condicionados pelos primeiros. Estou convencido de que se houver mais oferta e esta tiver substância, qualidade, os leitores aproximar-se-ão. Espero verdadeiramente que o espírito realista que impus na escrita do livro contribua, de algum modo, para a inversão do “status quo”.

R.S.– A vida deste advogado poderia ser a de tantas pessoas que criticam e rejeitam a Igreja. Há quem diga que essas são as que estão 
mais perto da conversão. Concorda?

P.G.C.– Dependerá do ambiente. Ricardo está “cercado” por cristãos, o que o irrita verdadeiramente. Ele odeia 
Deus, a Igreja e os padres. Ele vive mal com 
o ambiente cristão que
 o abraça de manhã à 
noite. Se as pessoas que,
 como o Ricardo, estive
rem em ambientes que 
possam contribuir para
 a conversão, acredito 
que sim. Se o ambiente for hostil, dificilmente a conversão tenderá a ocorrer. Sem embargo, lembremos que Deus tem desígnios insondáveis e, por vezes, uma palavra, um livro, uma amizade, pode mudar algo que motive uma procura. Deus está sempre à espera do Homem. Sempre. Como diz o padre Hugo de Azevedo, «Ele quer é conversa».

R.S.– É um livro para católicos ou para não-crentes?

P.G.C.– “O homem que acusou Deus” não tem um perfil de público-alvo. Crentes, não-crentes, poderão ler. Uns por curiosidade sobre o Opus Dei, outros pelas expectativas que o título suscita, outros ainda porque tendem a querer obter do livro uma resposta a questões que se colocam. Em relação a estes, nada como ter em Ricardo a personagem de que mais se gosta, uma vez que ele terá a coragem de fazer as perguntas mais ousadas e sobre as quais não fica no vazio. O diálogo entre Medeiros e Deus na zona de Chaves centra-nos. E mais não posso dizer.

R.S.– O que é que gostaria que as pessoas levassem ao virar a última página?

P.G.C.– A vontade de continuar a folhear… Se “O homem que acusou Deus” tiver tocado interiormente uma única pessoa que seja, as muitas horas de escrita terão valido a pena. Por outro lado, quero contribuir para acabar com uma cisma, um estigma sobre o Opus Dei. Em 2006 fiz perguntas e tive de procurar respostas. Neste livro dou as respostas a todas as questões que naquela altura coloquei. Será uma mafia dentro da Igreja? O livro revela se sim ou não, sem contributos exteriores, exógenos (tantas vezes motivados por questões subjectivas e/ou pretensiosas) que procedam a alterações da verdade.

RICARDO PERNA

In Síntese

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