Padre John Wotherspoon, capelão prisional na ex-colónia Britânica

«Cadeias de Macau e Hong Kong entre as melhores do mundo»

Apelidando as prisões de Macau e Hong Kong como «excelentes», o padre John Wotherspoon, capelão prisional na ex-colónia britânica, falou a’O CLARIM sobre o trabalho que desenvolve junto de reclusos africanos nas duas Regiões Administrativas Especiais, tendo enaltecido o contributo da Imprensa para a diminuição drástica do tráfico de estupefacientes no aeroporto de Chek Lap Kok.

O CLARIMQual o foco da sua acção missionária?

PADRE JOHN WOTHERSPOON – O meu ministério em Hong Kong é, basicamente, cuidar dos presos e das pessoas pobres, especialmente toxicodependentes e sem-abrigo.

CLVisitou o Estabelecimento Prisional de Macau no passado dia 9 de Julho. Em que contexto?

P.J.W. – Visitei dois reclusos tanzanianos, como parte da minha campanha para evitar que pessoas da Tanzânia transportem drogas para a China continental, Hong Kong e Macau, e também como parte do meu trabalho em ajudar os próprios reclusos e as suas famílias.

CLEsteve com outros reclusos?

P.J.W. – Encontrei-me apenas com os dois tanzanianos, ambos muçulmanos. Tento servir todos os reclusos, independentemente da sua religião ou nacionalidade.

CLEm que condições foi encontrá-los?

P.J.W. – Estão ambos bem e conscientes que as condições em Macau, tal como em Hong Kong, são das melhores do mundo e bem diferentes do seu país de origem, onde dormem três reclusos por cama – resulta numa taxa elevada de casos de tuberculose e de portadores do Vírus de Imunodeficiência Adquirida – e dependem dos familiares para terem comida.

CLO seu trabalho é desenvolvido maioritariamente em Hong Kong. Que condições encontra nas prisões da ex-colónia britânica?

P.J.W. – São excelentes, em comparação com outras partes do mundo. Visito todos os prisioneiros, sejam chineses do território, do continente chinês ou de outros países. Nas prisões de Hong Kong há algumas centenas de africanos, incluindo perto de 130 tanzanianos.

CLConhece alguma ONG africana que esteja consciente desta realidade?

P.J.W. – Em Janeiro, enquanto estava na Tanzânia, tive contacto com cerca de trinta famílias de reclusos que estão em Hong Kong. Tive a ajuda de uma assistente social de uma prisão em Dar Es Salaam, chamada Grace Soso, que ouviu uma entrevista minha na rádio. A Grace fundou há pouco tempo uma pequena ONG para ajudar as famílias dos tanzanianos que estão presos em Hong Kong.

CLConte-nos uma história de sucesso relacionada com o seu trabalho.

P.J.W. – Em meados de 2013 havia vários tanzanianos a serem detidos todas as semanas no Aeroporto Internacional de Hong Kong, por tráfico de droga. Desde que iniciei a minha campanha na Internet, auxiliado pela Imprensa de Hong Kong e da Tanzânia, o número de traficantes detidos no aeroporto de Hong Kong decresceu para cerca de um por mês. Desde há cerca de um ano que não se regista um novo caso de algum tanzaniano detido no Estabelecimento Prisional de Macau.

CLFale-nos um pouco de si.

P.J.W. – Nasci em Brisbane, na Austrália, em 1946. Juntei-me aos Oblatos de Maria Imaculada (ordem missionária dedicada aos pobres) em 1965. Fui ordenado padre em Melbourne em 1973, trabalhando depois em escolas e paróquias australianas até 1984. Desde 1985 que trabalho em Hong Kong, à excepção de sete anos na China continental, onde entre 2001 e 2008 trabalhei a favor dos pobres, contando com a grande ajuda de amigos de Macau. Nos últimos seis anos tenho sido capelão prisional a tempo inteiro em Hong Kong.

 

John Legend elogia Portugal (CAIXA)

O cantor John Legend visitou, no passado dia 16 de Julho, a cadeia masculina de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos (Portugal), antes de pisar o palco do Festival Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia. À saída, já depois de estar reunido com reclusos da Unidade Livre de Drogas, elogiou o sistema prisional português, em comparação com o sistema norte-americano. «Já visitei várias cadeias nos Estados Unidos e acho que as prisões em Portugal são mais humanizadas. Temos muito que aprender com países como Portugal. O ambiente é mais saudável e parece-me que estão mais interessados em dar aos reclusos uma vida melhor. Nos Estados Unidos temos mais celas solitárias, condições desumanas e muitos menores presos no sistema juvenil», disse John Legend, em declarações reproduzidas pelo diário Público. O cantor de R&B encabeça a campanha “Free America” para acabar com a encarceração massiva nos Estados Unidos.

N.d.R. – O trabalho do padre John Wotherspoon, entre outras notícias de relevo, pode ser acompanhado no sítio www.v2catholic.com

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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