José Barbosa, Director Executivo da Famasete, entre Silicon Valley e a MIF 2015

Crise travou evolução tecnológica.

A participação na Feira Internacional de Macau (MIF) deu ao empresário José Barbosa a possibilidade de apresentar as soluções interactivas inovadoras que a sua empresa produz em Famalicão. A’O CLARIM, o director executivo da Famasete elogiou o tecido empresarial de Macau e realçou a importância da China no mundo. Falou também sobre a recente viagem que fez a Silicon Valley (Estados Unidos) e traçou o perfil do empresário português. Quanto à tão propalada crise económica, considera que foi um pretexto para se ter desinvestido em muitas áreas importantes do sector tecnológico em Portugal.

O CLARIMParticipou pela primeira vez na MIF. A que ramo de negócios se dedica?

JOSÉ BARBOSA – É sempre com bastante orgulho e empenho que a Famasete procura participar nas mais diversas feiras pelo mundo. Tendo em conta que o mercado internacional é cada vez mais apetecível, procuramos sempre focar-nos no nosso ramo de negócio, que é a interactividade. Apostámos na criação da marca Wingsys, que envolve a produção e o desenvolvimento de “software” e “hardware” interactivo multi-toque em mesas interactivas, quiosques multimédia e “tablets”. Por isso, achámos que seria obrigatória a nossa presença na 20.ª edição da Feira Internacional de Macau.

CL – Que opinião tem da MIF? Pessoalmente, que resultados alcançou?

J.B. – Participar como expositor numa feira desta dimensão e mediatismo é sempre uma mais-valia, não só pelos contactos que são feitos – clientes e fornecedores – mas também pela visibilidade que a nossa marca de sistemas interactivos alcança. Tenho a certeza de que a participação e o investimento feito em feiras de tecnologia e comércio, como a MIF, vieram fazer com que a marca “Wingsys” passasse a ser uma referência na comercialização de produtos interactivos inovadores para os clientes. Tivemos também a oportunidade de fazer contactos com novos e possíveis clientes, que serão agora acompanhados pela nossa distribuidora em Macau, a TechEd.

CLComo viu o tecido empresarial de Macau nos contactos que fez por cá?

J.B. – Penso que existe uma forte aposta, não só na plataforma regional de cooperação com outras partes da China, como também com a Europa e os Países de Língua Portuguesa. Na minha opinião, a realidade do mercado de Macau é bastante prometedora na medida em que possui uma diversificação de procura de produtos inovadores e de oportunidades de investimento bilateral.

CLE o mercado da China continental?

J.B. – Nos dias de hoje, a China apresenta-se como elemento fundamental da economia mundial porque, à medida que cresce, também o sistema económico e a oferta mundial aumenta, até porque [o gigante asiático] contém a principal fatia de reservas do nosso planeta. Por isso, parece-me que o mercado empresarial neste país é bastante evolutivo, pelo qual vale a pena apostar.

CLEsteve recentemente em Silicon Valley, nos Estados Unidos, onde estão instalados os maiores grupos mundiais das novas tecnologias. Que experiência retirou desta sua visita?

J.B. – Foi um evento muito esperado pela equipa Famasete. No “Global Strategic Innovation”, que decorreu em Silicon Valley durante o mês de Setembro, tivemos a oportunidade de visitar o maior centro de inovação mundial e de participar em sessões de “networking” sobre inovação estratégica. Na companhia de outras empresas e empreendedores de Portugal, Macau, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, tivemos o privilégio de conhecer as instalações e o funcionamento de grandes empresas de renome mundial, como a HP, a Google e a Cisco, entre outras.

CLComo vê a retoma económica em Portugal?

J.B. – Segundo um estudo da OCDE, de mês para mês, Portugal tem registado um crescimento gradual e contínuo da actividade do Índice de Compósito. Desta forma, tudo indica que a retoma da economia portuguesa deverá evoluir e recuperar nos próximos anos. Penso que, a nível prático, existe uma melhoria considerável da actividade económica e financeira, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.

CLQue perfil traça do empresário português?

J.B. – Acho que nós, empresários portugueses, somos bastante lutadores e persistentes na nossa busca pelos negócios e pelo sucesso. Procuramos sempre mais e queremos dar a conhecer ao mundo a excelência e a qualidade dos nossos produtos e serviços. Quer seja no turismo, na gastronomia, na saúde ou na tecnologia, visualizamos sempre uma vertente nacional e internacional. No entanto, para uma melhor abordagem de mercados externos, talvez nos devêssemos unir e trabalhar mais em parcerias. Juntar pequenas e grandes empresas, procurando uma solução eficiente para ambas as entidades.

CLSomos empreendedores ou teremos que aprender ainda mais com os exemplos de fora? Seja nas boas práticas empresariais ou na gestão de recursos humanos…

J.B. – Iremos sempre aprender com as experiências dos outros e com as nossas. Por isso digo que era importante desenvolver mais acções entre as empresas portuguesas. Promover a partilha e a aprendizagem de conhecimento. Temos de ser ainda mais empreendedores e dar a conhecer Portugal. Nos contactos que faço em feiras internacionais vejo que muitos ainda não conhecem o nosso país. Muitas vezes, nem sabem onde se situa, o que é uma pena…

CL – Terá sido a crise um pretexto para o desinvestimento na área das novas tecnologias em Portugal?

J.B. – Penso que a crise económica que se instalou em Portugal foi pretexto para o desinteresse em muitas áreas importantes. Mas a verdade é que, apesar do esforço de inúmeros empresários portugueses, o processo tecnológico evolutivo do nosso mercado está um pouco atrasado, comparativamente a outros países, como a Alemanha ou a China.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

 

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