11. SENHOR, AUMENTA A NOSSA FÉ!
MEUS QUERIDOS LEITORES: Caminhámos juntos na Jornada da Fé. Fizemos dez paragens para meditar sobre os pontos básicos de uma teologia dogmática, moral e espiritual da Virtude Fundamental da Fé, a primeira virtude teologal (a segunda – como sabemos – é a esperança; e a terceira, a caridade ou amor divino). Esta é a nossa 11.ª e última paragem, na qual sublinhamos alguns pontos importantes e relevantes.
Recordemos as dez paragens anteriores com o título correspondente. Começámos a nossa reflexão sobre a primeira virtude teologal apresentando a fé como a virtude cristã fundamental. Depois, continuámos com a consideração da estreita ligação que existe entre as três virtudes teológicas. Na terceira etapa, considerámos brevemente o magistério da Igreja sobre a fé. Na quarta coluna, sublinhámos os pontos básicos de uma teologia da fé. Na quinta e sexta etapas da jornada da fé, explicámos o significado da fé em Deus e da fé em Jesus, respectivamente. Em seguida, estudámos brevemente outra característica essencial da Fé Cristã: a fé eclesial, a fé na Igreja, a comunidade dos discípulos. Nas colunas 8, 9 e 10, o autor reflectiu sobre a nossa prática da fé, que é necessária para sermos salvos: viver (8), proclamar (9) e crescer (10) na fé. Na coluna final ou etapa (11), o escritor sublinha alguns pontos relevantes a recordar.
POR QUE AS PESSOAS SÃO LEVADAS A ACREDITAR? Acima de tudo, pela graça divina da fé de Deus: a fé é um dom imerecido. Como uma semente divina que temos de regar e nutrir. Somos ajudados pela vida e pelos ensinamentos de Jesus, que é o único Mediador diante de Deus. Além disso, normalmente Deus utiliza diferentes instrumentos úteis na nossa vida diária: um amigo, um livro, um acontecimento, uma doença… As vidas dos santos, dos mártires, dos missionários, etc., são caminhos significativos para nos aproximarmos de Jesus, pelo menos para nos interessarmos por ele. Um modelo único depois de Cristo é a sua Mãe, nossa Mãe e Mãe da Igreja, Nossa Senhora Maria. Neste contexto, recorda-se as palavras de Bento XVI: “É precisamente neste caminho de fé que Maria vem ao nosso encontro como nosso apoio e guia. Ela é mãe porque deu à luz Jesus na carne; ela é mãe porque adere totalmente à vontade do Pai” (cf. Bento XVI, As Virtudes, 2010). Maria é o nosso modelo de fé: Bem-aventurada és tu porque acreditaste, disse-lhe a sua prima Isabel. Lembro-me de São Pedro de Verona, protomártir dos dominicanos (Século XIII): ele é um grande pregador e santo; perseguido pelos seus inimigos, os inimigos das verdades da fé, é martirizado: ao morrer, escreveu no chão com o seu próprio sangue – Credo un Deum – “Creio em Deus”.
QUÃO MARAVILHOSA É A NOSSA FÉ EM DEUS, UNO E TRINO! – São Tomás de Aquino escreve: “A primeira coisa de que um cristão precisa é da fé, sem a qual nenhum homem é um cristão fiel”. Assim, a fé é incrivelmente benéfica. O Doutor Angélico fala de quatro benefícios: Primeiro: a fé une a alma a Deus, porque pela fé a alma cristã está, de certa forma, casada com Deus. Segundo benefício: a fé introduz a vida eterna em nós, pois a vida eterna nada mais é do que conhecer Deus. Terceiro benefício: a fé é o nosso guia na vida presente, pois para viver uma vida boa o homem precisa saber o que é necessário para viver correctamente. Quarto benefício: a fé ajuda-nos a superar as tentações – todas as tentações: as tentações do diabo, do mundo e da carne (cf. “O Credo: explicado por São Tomás de Aquino”).
Isaías tranquiliza o rei Acaz: «Se a tua fé não for firme, não serás firme» (Is., 7, 9). A nossa fé cristã é essencialmente importante para toda a nossa vida. Rezamos para que, no final da nossa jornada de vida, possamos dizer algo semelhante ao que São Paulo disse a Timóteo: «Termino a corrida, lutei o bom combate, guardei a fé» (2 Tim., 4, 7). Guardei a fé! Após a consagração do Pão e do Vinho eucarísticos, o sacerdote diz: «– O Mistério da Fé», e o povo responde: «– Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!».
João Evangelista clama para nós: Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé (cf. 1 Jo., 5, 4). A nossa fé esperançosa e amorosa. Maravilhosa meditação de São Carlos de Foucauld: “A verdadeira fé, a fé que inspira todas as nossas acções, a fé no sobrenatural que tira a máscara do mundo e revela Deus em todas as coisas; que abole a noção de ‘impossível’ e esvazia as palavras ‘ansiedade’, ‘perigo’ e ‘medo’ do seu significado; que dá à vida calma, paz, alegria profunda, como uma criança que segura a mão da mãe; que separa a alma tão completamente das coisas terrenas, mostrando a sua total falta de importância e a sua infantilidade; que confere tanta confiança na oração, a confiança de uma criança que pede ao pai algo útil; a fé que mostra que ‘além de fazer o que é agradável a Deus, tudo é vaidade’… O adorável santo da vida oculta de Jesus em Nazaré conclui: Meu Deus, dá-me fé verdadeira, meu Deus, eu creio, ajuda a minha pouca fé!” (cf. “Meditação”).
A verdadeira fé significa conhecimento e prática: ortodoxia e ortopraxia. E, mais radicalmente, ortopraxia, que salva: alcançaremos a salvação se testemunharmos uma fé esperançosa e amorosa. Lembro-me das palavras de Santo Agostinho: “Queres falar a palavra de Deus? Sê tu mesmo o que falas. Se viverdes uma vida boa, sereis o seu louvor”.
AGARREMO-NOS À NOSSA PROFISSÃO DE FÉ (Hb., 4, 14-15) – Lembrem-se do pai que se aproximou de Jesus para lhe pedir que curasse o seu filho possuído por espíritos malignos (cf. Mc., 9, 14-29). O pai do menino pediu a Jesus: «– Por favor, se puderes, cura-o». Jesus diz: «– Se eu puder? Tudo é possível para quem acredita». O pai: «– Eu acredito; ajuda a minha incredulidade». Pedimos a graça de Deus para nos ajudar. Cooperamos com os seus dons divinos da fé, meditando sobre ela, amando mais e rezando melhor. Os discípulos perguntaram a Jesus por que não conseguiam curar o menino. Jesus: «– O mal tipo só pode sair através da oração. A oração crê, e a fé ora. E a fé esperançosa creia no amor e age através do amor» (cf. Gal., 5,6).
Há alguns meses, confessei-me com um adorável frade franciscano. A sua penitência para mim: dizer três vezes, lentamente, “eu acredito que Deus me ama”. Acreditamos que Deus Uno e Trino nos ama: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. De facto, só o amor merece fé (cf. Hans Urs von Balthasar).
QUERIDO SENHOR, acreditamos em Ti: na Tua vida de amor incondicional e abnegado. Acreditamos nos teus ensinamentos centrados – como a tua vida – no amor: amor a Deus e amor a todos os próximos, principalmente aos pobres e necessitados. Somos fracos, especialmente quando chega a noite da escuridão. Como os apóstolos, pedimos-te em oração e humildade: Senhor, aumenta a nossa fé!
Pe. Fausto Gomez, OP