Mensagem de D. Stephen Lee, Bispo de Macau
Caros Irmãos e Irmãs,
Aleluia!
«Por que procurais entre os mortos Aquele que vive? Ele não está aqui. Ressuscitou!» (Lc., 24, 5-6). Neste glorioso dia de Páscoa, não só celebramos a vitória do Senhor, mas também somos chamados a ser “peregrinos da Esperança”, a empreender o caminho do encontro com Deus e de uns com os outros, com Fé, Esperança e Amor, especialmente nesta ocasião especial do Ano Jubilar da Esperança.
A Igreja universal acolhe o Ano Jubilar, designado pelo Papa Francisco, com o tema “a esperança não engana” (Spes non confundit), tirado da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm., 5, 5). A Bula de Proclamação recorda-nos que a Esperança cristã está sempre enraizada no Amor de Deus, um amor que transcende todas as provações e incertezas. O Santo Padre convida-nos a esforçarmo-nos por ser o Sal e a Luz do mundo, em particular neste Ano Jubilar da Esperança, e a caminhar em direcção ao futuro com renovada Esperança. Com a alegria da Páscoa e a graça do Ano Jubilar, convido-vos a redescobrir na vossa vida quotidiana – especialmente durante as férias e as peregrinações – o sentido e a essência da nossa fé e da missão evangélica que Deus nos confiou.
O JUBILEU: UM CAMINHO CHEIO DE ESPERANÇA
Em Spes non confundit, o Santo Padre recorda os benefícios e o valor de “redescobrir a paciência”, em nós e nos outros. Quando São Paulo, Apóstolo, fala de paciência, refere-se muitas vezes à nossa perseverança e confiança nas promessas de Deus, sendo ele o primeiro a testemunhar a paciência de Deus, que é Deus de paciência e de encorajamento (cf. Rm., 15, 5). A paciência é um dos frutos do Espírito Santo, sustenta a nossa Esperança e converte-a numa virtude e num estilo de vida (cf. Spes non confundit, 4). A Esperança de que fala o Papa não é um desejo ou um pensamento vazio, mas uma fé firme, baseada na ressurreição e no amor de Cristo.
Neste Ano Jubilar, o Papa encoraja-nos a sair e a tornarmo-nos “peregrinos da Esperança”. A peregrinação, ao contrário de um simples passeio turístico, é uma “viagem com um objectivo”. O motivo de uma peregrinação é abrir o coração e a mente, para permitir que a experiência de Deus nos transforme e não apenas para chegar a um determinado destino. Por isso, as férias não são apenas para descansar, mas um processo de encontro com Deus e de escuta da sua voz. Quer se trate de uma curta pausa pascal ou de umas férias de Verão mais longas, somos convidados a transformar essas ocasiões em momentos de renovação da alma, que são oportunidades para nos aproximarmos de Deus.
Quando as férias vão para além do descanso e se tornam momentos de crescimento espiritual, a distinção entre Turismo e Peregrinação torna-se clara. O turista, preso ao tempo, viaja para tirar fotografias ou para fazer a sua “bucket list”. Os peregrinos, pelo contrário, “caminham com um objectivo, transcendem os limites da vida quotidiana, procuram os passos de Deus e reencontram-no”.
“Sair” não é apenas uma acção física. Como o Papa Bento XVI disse uma vez, “o tempo das férias oferece oportunidades únicas para parar diante dos espectáculos sugestivos da natureza, maravilhoso ‘livro’ que está ao alcance de todos, grandes e pequeninos. No contacto com a natureza, a pessoa reencontra a sua justa dimensão, redescobre-se criatura, pequena mas ao mesmo tempo única, ‘capaz de Deus’ porque interiormente aberta ao Infinito” (Ângelus de 17 de Julho de 2005). Façamos, então, uma pausa nos nossos passos apressados durante as férias, contemplemos em silêncio a beleza das obras do Criador, escutemos a voz de Deus e partilhemos a alegria da fé com a família e os amigos.
TORNARMO-NOS TESTEMUNHAS DA ESPERANÇA
Como “peregrinos da Esperança”, procuramos não só a esperança para nós próprios, mas somos também chamados a levar a esperança aos outros. Encorajo todos a visitarem os lugares designados para a peregrinação jubilar da Diocese de Macau, incluindo a Igreja do Seminário de Sã José e a Capela de Nossa Senhora da Penha, a fim de realizarem os actos de devoção prescritos e obterem a indulgência jubilar da Santa Igreja. Que cada alma fiel, neste ano jubilar, conheça a proximidade de Maria, “a mais afectuosa das mães, que nunca abandona os seus filhos” (Spes non confundit, 24).
Por fim, convido todos a unirem-se a mim na meditação e na oração, pedindo ao Senhor ressuscitado que nos conceda coragem e sabedoria para nos tornarmos portadores de esperança neste mundo. Que a Santíssima Virgem, Mãe da Esperança, nos acompanhe em cada passo e nos conduza ao Ano Jubilar, cheios de esperança para receber a graça do Senhor.
+ Bispo Stephen Lee Bun Sang
Diocese Católica de Macau