Onde está Cristo na actualidade?
CRISTO ESTÁ PRESENTE NA IGREJA, NOS SACRAMENTOS E NA MISSÃO.A fé cristã não se identifica com nenhuma cultura específica. Pode, pois, entrar em toda e qualquer cultura. Diferentes expressões culturais da fé cristã enriquecem a fé cristã. O que mais importa em cada lugar e região – no mundo inteiro – é que Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e sempre, seja o centro de todas as expressões culturais. Lembro-me dos versos de John Oxenham: Em Cristo encontram-se agora o Leste e o Oeste / Nele encontram-se o Sul e o Norte / Todas as almas Crísticas são uma Nele / Por toda a vasta terra.
Nas colunas anteriores, tentámos responder à pergunta: Quem é Cristo? Nas próximas colunas, tentaremos responder à pergunta: Onde está Cristo? «Quem me serve– diz Jesus – deve seguir-me, e onde eu estiver, aí estará também o meu servo» (Jo., 12, 26).
Num artigo esclarecedor, o teólogo Mayoral fala de quatro lugares onde hoje podemos encontrar Jesus: em três lugares bastante confortáveis: a Igreja, os Sacramentos e as Sagradas Escrituras. E num outro lugar – menos confortável, talvez –, os pobres do mundo (José Antonio Mayoral, “Maestro, ¿dónde vives?”). A estes quatro, acrescentamos mais dois lugares especiais: a presença de Jesus na Eucaristia e o habitar da Santíssima Trindade nos nossos corações.
CRISTO ESTÁ PRESENTE NA IGREJA –A Igreja é a comunidade dos discípulos, o Corpo Místico de Cristo, a Igreja dos Sacramentos, a evangelizadora. É a comunidade orante e compassiva onde os seus membros – discípulos e seguidores de Jesus – experimentam a fraternidade, rezam juntos, são agraciados pelos Sacramentos e proclamam com palavras e actos o Reino de Deus.
Quando o Senhor apareceu a Paulo, no caminho para Damasco, Jesus perguntou-lhe: «– Por que me persegues?». Ou seja, por que razão seguimos a Igreja? A Igreja é uma comunidade de fé, esperança e amor, o Corpo Místico de Cristo do qual Ele é a Cabeça e os seus discípulos – mulheres, homens e crianças – os seus membros. Os membros da Igreja formam o edifício espiritual que é a própria Igreja; são as pedras vivas edificadas sobre um fundamento: Cristo (1 Cor., 3, 9-12). Somos ajudados por Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, a discípula dos discípulos, e conduzidos pelo Vigário de Cristo, o Papa.
CRISTO ESTÁ PRESENTE NOS SACRAMENTOS DA IGREJA –A Igreja é, em Cristo, sacramento ou sinal, e instrumento da íntima união com Deus de todo o género humano (Concílio Vaticano II, Lumen gentiumnos1, 9, 48; Catecismo da Igreja Católica nº 775). Cristo vive nos Sacramentos, ou seja, nas acções salvíficas que Jesus realizou através da Sua vida: as acções salvíficas que a Sua Igreja continua a realizar até hoje (J. A. Mayoral). Assim, no Baptismo, Cristo continua a baptizar; na Penitência, a curar os aflitos; na Eucaristia, a oferece-Se por todos nós, entregando-Se a todos nós (Concílio Vaticano II, Sacrosanctum conciliumnº 7).
A Igreja é uma comunidade fraterna, onde os membros se amam como Jesus testemunhou e ensinou (cf. Jo., 13, 34). A Igreja, enquanto comunidade fraterna, “é um espaço iluminado por Deus para experimentar a presença oculta do Ressuscitado” (João Paulo II, Vita consecratanº 42).
A Igreja é uma comunidade de oração. Jesus disse: «Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles» (Mt., 18, 20). O Senhor está presente na comunidade orante, na liturgia das horas. Presente na oração comunitária e presente também na oração pessoal: na oração como encontro pessoal com Cristo.
CRISTO ESTÁ PRESENTE NA MISSÃO DA IGREJA –Antes de subir ao céu, Jesus dirigiu-se à primeira comunidade de discípulos: «Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei» (Mt., 28, 19:20). “Missão significa: dar vida aos outros” (Papa Francisco, Evangelii gaudiumnº 10).
O Concílio Vaticano II estipulou: “A Igreja peregrina é missionária por sua própria natureza” (Ad gentesnº 2). “Evangelizar é, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua identidade mais profunda” (São João Paulo II, Redemptoris missionº 14). A sua missão é a evangelização que compreende a pregação da Palavra, a comunicação da vida divina através dos Sacramentos e o testemunho da Caridade.
Nosso Senhor Jesus está presente na missão (evangelização) da Igreja: o anúncio da Boa Nova a toda a Humanidade. O centro da pregação do Evangelho é Jesus Cristo, “que foi crucificado, morto e ressuscitou”, e vive! Ele é “a Boa Nova de Deus”. Jesus está presente na vida dos missionários, ou seja, de todos os Seus discípulos (cf. Redemptoris missionº 44).
Jesus está presente também de diversas maneiras em outras religiões, em outros crentes, em todas as outras pessoas de boa vontade. Jesus não é propriedade exclusiva dos cristãos: Deus quer a Salvação de todos e Jesus morreu por toda a Humanidade. Portanto, Deus dá a todos (de maneira misteriosa) graças suficientes para poder – com a cooperação de todo nós, quando possível – ser salvo. Ninguém poderá dizer a Deus: “Vós não me ajudastes o suficiente!”.
A universalidade da Salvação é um chamamento “pelo fim de todas as formas de nacionalismo e etnocentrismo, ou pela fusão da pregação do Evangelho com os interesses económicos e militares das potências coloniais” (Papa Francisco).
Somos todos missionários, evangelizadores. Assim, recordamos sempre: “Evangelizar é antes de tudo testemunhar” (São Paulo VI, Evangelii nuntiandinº 26). Assim, “o testemunho de vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão” (Redemptoris missionº 42). Iluminadas as palavras do Papa Bento XVI: “O cristão sabe quando é hora de falar, e quando é melhor não dizer nada e deixar falar só o amor” (Deus caritas estnº 31).
A terminar, umas palavras reconfortantes de Jesus: «E lembrai-vos de que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos» (Mt., 28, 20).
Pe. Fausto Gomez, OP