Academia São Pio X “renasce” aos sessenta anos

D. STEPHEN LEE VAI DESCERRAR BUSTOS DE SÃO PIO X E DO PADRE ÁUREO CASTRO

Academia São Pio X “renasce” aos sessenta anos

A 8 de Outubro cumpre-se seis décadas desde que a Academia de Música São Pio X abriu portas pela primeira vez. Para assinalar a ocasião, o bispo D. Stephen Lee vai descerrar os bustos de São Pio X e do padre Áureo Castro nas novas instalações da instituição católica de instrução musical, na Rua da Praia do Bom Parto.

Para além da homenagem ao patrono e ao fundador da Academia de Música São Pio X, o programa de comemoração dos sessenta anos da instituição prevê também a organização, ao longo do presente ano lectivo, de várias palestras e recitais. A cerimónia de 8 de Outubro marca formalmente o início de um novo ciclo, um ano depois da Academia se ter transferido para o edifício do antigo Colégio Mateus Ricci, na Rua da Praia do Bom Parto.

Construído em 1868 e considerado pelas autoridades de Macau como um imóvel de interesse arquitectónico, o edifício foi sujeito, nos últimos três anos, a extensas obras de reabilitação e beneficiação, num processo que acabou, inevitavelmente, por ser afectado pela pandemia de COVID-19. Agora, e depois de décadas em que permaneceu de portas fechadas, o imóvel ganha nova vida e oferece um novo fôlego à Academia de Música São Pio X, seis décadas depois de ter aberto portas pela mão do padre, músico e compositor Áureo Castro. «Estou muito satisfeita com o resultado final. Tive a oportunidade de conhecer as instalações antes das obras de renovação terem sido realizadas e apercebo-me perfeitamente da diferença. Em termos gerais, o processo não foi propriamente fácil; deparámo-nos com imensas dificuldades e encontrámos muitíssimos problemas», explicou a directora da Academia São Pio X, Basilla Sam, em declarações a’O CLARIM.

Um dos maiores desafios, reconheceu a responsável, foi manter as características arquitectónicas do imóvel sem ter que sacrificar a funcionalidade do espaço e a sua adequabilidade à instrução musical. Obrigados a manter as portas e as janelas originais, bem como inalteradas as linhas e a estrutura do edifício, os responsáveis pela instituição e os arquitectos que assinaram o projecto de renovação viram-se forçados a conceber soluções originais para garantir a insonorização das instalações e assegurar que a aprendizagem decorre em condições ideais. O resultado é um espaço que alia imponência histórica e modernidade e consegue oferecer aos alunos as melhores condições do que aquelas de que usufruíam até há um ano. «O resultado final é muito agradável. Sempre que damos as boas-vindas a novos alunos e mostramos as instalações aos pais, a sensação com que ficamos é que ficam felizes com o ambiente que proporcionamos», salientou Basilla Sam. «Na minha perspectiva, um ambiente de aprendizagem agradável e distinto é muito importante para quem queira aprender música, porque ajuda a construir e a desenvolver um sentido de pertença. Neste tipo de ambiente, acredito que os estudantes vão sentir-se impelidos a serem melhores alunos», acrescentou.

Mas a mudança para as novas instalações, com vista para a antiga Baía da Praia Grande, trouxe ganhos mais palpáveis. O número de salas de aula e de outras valências que a Academia oferece actualmente aos alunos é amplamente superior. Os ganhos em termos de espaço permitem que se equacionem novas possibilidades de desenvolvimento e um maior grau de envolvimento com a comunidade. «Em comparação com as nossas antigas instalações, actualmente temos mais salas de aula e mais espaço, o que significa que também temos mais possibilidades para oferecer futuramente novos cursos. Antes, tínhamos apenas dez salas. Agora temos quinze, temos duas salas multifunções e duas salas para recitais, o que significa que podemos organizar mais recitais, mais actividades, variar a nossa oferta e criar cursos diferentes para os alunos», antecipou Basilla Sam.

A Academia recebeu a doação de três órgãos eléctricos e de um órgão de tubos semelhante ao que se encontra na igreja de São Domingos. Uma das principais apostas está centrada no ensino do órgão de tubos e na preparação de organistas que possam servir nas paróquias de Macau. No entanto, as novidades em termos pedagógicos não se ficam por aqui: a Academia tem actualmente cerca de duzentos alunos, mas Basilla Sam está apostada em fazer crescer a fasquia. «Contratámos novos funcionários e neste momento temos um total de 22 professores. Comparado com o que sucedia no passado, trata-se de um aumento significativo. Costumávamos ter entre dez a doze professores, mas nos dois últimos anos foram muitos os professores que se juntaram à nossa equipa. O mesmo aconteceu com os estudantes. No passado, tínhamos por volta de 150, mas agora, já este ano, temos mais de duzentas alunos inscritos e apenas usamos as instalações durante metade do tempo», explicou a directora, tendo concluído: «Acredito que o número de alunos possa ser maior, se conseguirmos conceber com sucesso um programa para adultos que nos permita fazer uso das nossas instalações também durante o período da manhã. Podemos atrair um número maior de estudantes, mas também vai depender da disponibilidade dos professores para ensinarem durante o período da manhã. Seja como for, não é fácil equacionar o número exacto de alunos que a escola pode vir a acolher. Este programa para adultos – o programa sénior, como eu lhe costumo chamar – está ainda em fase de planeamento».

Marco Carvalho

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