Se recebemos o Espírito Santo no Baptismo, qual a necessidade da Confirmação?
Se nós, católicos, recebemos o Espírito Santo no Baptismo, por que razão necessitamos da Confirmação (Crisma)? Boa pergunta! De facto, recebemos o Espírito Santo em cada Sacramento, mas ele desempenha um papel diferente em cada um deles.
No Baptismo, limpa-nos de todos os pecados e faz de nós um filho de Deus. «Porquanto, todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vós não recebestes um espírito que vos escravize para andardes, uma vez mais, atemorizados, mas recebestes o Espírito que os adopta como filhos, por intermédio do qual podemos clamar: “Abba, Pai!”» (Romanos 8:14-15).
E o que há a respeito da Confirmação? A palavra “Confirmação” vem do Latim “Confirmare”, que significa “segurar”, “fortalecer”, “desenvolver” ou “crescer/aumentar” (entre as tropas, os soldados). Na Confirmação, o Espírito Santo faz-nos soldados de Cristo, especialmente pelos sete dons e doze frutos (ver TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ n.º 76). O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica diz, no ponto 266: “Chama-se Confirmação, porque confirma e reforça a graça baptismal”.
Algumas pessoas poderão objectar porque o Evangelho não registou o momento em que Jesus Cristo instituiu este Sacramento. É uma verdade. Mas o capítulo 8 (versículos 14-17) dos Actos dos Apóstolos refere algo sobre a prática do Baptismo e sobre um outro rito: a imposição das mãos: «Então, os apóstolos de Jerusalém, ouvindo que o povo de Samaria havia acolhido a Palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes, assim que desceram até eles, oraram para que recebessem o Espírito Santo, porquanto o Espírito ainda não havia sido derramado sobre nenhum deles; tinham apenas sido baptizados em o Nome do Senhor Jesus. Sendo assim, à medida em que Pedro e João lhes impunham as mãos, recebiam estes o Espírito Santo».
Também nos Actos dos Apóstolos, encontramos a seguinte passagem: «E aconteceu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões altas, e chegando a Éfeso, encontrou ali alguns discípulos e lhes indagou: “Recebestes o Espírito Santo na época em que crestes?”. Ao que eles replicaram: “De forma alguma, nem sequer soubemos que existe o Espírito Santo!”. Diante disso, Paulo questionou: “Ora, em que tipo de baptismo fostes baptizados, então?”. E eles declararam: “No baptismo de João”. Então Paulo lhes explicou: “O baptismo realizado por João foi um baptismo de arrependimento. Ele ordenava ao povo que cresse naquele que viria depois dele, ou seja, em Jesus!”. E, compreendendo isso, eles foram baptizados no Nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo e começaram a falar em línguas e a profetizar» (Actos 19:1-6).
De que forma a Igreja primitiva encarava a imposição das mãos?
Na Constituição Apostólica Divinae consortium naturae, o Papa Paulo VI escreve: “A partir de então, os Apóstolos, para cumprirem a vontade de Cristo, comunicaram aos neófitos, pela imposição das mãos, o dom do Espírito para completar a graça do Baptismo. É por isso que, na Epístola aos Hebreus, se menciona, entre os elementos da primeira instrução cristã, a doutrina sobre os Baptismos e também sobre a imposição das mãos. A imposição das mãos é justificadamente reconhecida, pela Tradição católica, como a origem do sacramento da Confirmação que, de certo modo, perpetua na Igreja a graça do Pentecostes” (Catecismo da Igreja Católica nº 1288).
Este Sacramento também é chamado de “Crisma”. Mais uma vez, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica explica porquê no ponto 266: “Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do rito essencial que é a unção”.
Quando se celebra normalmente a Confirmação? Idealmente, deve ser celebrada antes da Primeira Comunhão. Porquê? Nos pontos 1285, 1302, 1303, 1304, 1306, 1314 e 1316, o Catecismo da Igreja Católica aponta a Confirmação como um “acabamento”. O Baptismo e a Confirmação permitem ao indivíduo participar, com toda a comunidade, no sacrifício do Senhor por meio da Eucaristia. A Eucaristia completa a iniciação Cristã – ela tem lugar depois do Baptismo e da Confirmação terem sidos recebidos.
Ainda na Divinae consortium naturae, o Papa Paulo VI sublinha que “os fiéis, após serem referenciados pelo Santo Baptismo e pela Confirmação, são incorporados plenamente no corpo de Cristo pela participação na Eucaristia”.
Pe. José Mario Mandía