Ano da Família decorre entre 19 de Março e Junho de 2022

DIOCESE DE MACAU DEFINE HOJE PLANO DAS CELEBRAÇÕES

Ano da Família decorre entre 19 de Março e Junho de 2022

A Comissão Diocesana responsável por preparar o Ano da Família vai reunir hoje, pela primeira vez, para deliberar de que forma a efeméride, proclamada pelo Papa Francisco a 27 de Dezembro, deverá ser assinalada no território. A informação foi avançada a’O CLARIM por Veronica Po, secretária-geral do Movimento Católico de Apoio à Família, que garante que o roteiro das celebrações deve estar definido muito antes de 19 de Março, data em que o Ano da Família arranca formalmente.

A decisão, anunciada pelo Papa Francisco durante a oração do Ângelus, a 27 de Dezembro, de dedicar o ano de 2021 à família, apanhou de surpresa os responsáveis pela gestão dos assuntos do lar familiar no âmbito da diocese de Macau. O Movimento Católico de Apoio à Família (MCAF) garante, no entanto, que o “ano especial” vai ser celebrado com a relevância devida, tendo em conta a importância que a família ocupa no seio da Igreja Católica.

A secretária-geral do MCAF, Verónica Po, adiantou em declarações a’O CLARIMque a Comissão Diocesana de Preparação do Ano da Família se vai reunir hoje, sexta-feira, pela primeira vez, para determinar de que forma o “Ano Amoris Laetitia” vai ser assinalado em Macau. «Uma vez que o anúncio do Papa Francisco foi feito recentemente, os membros da Comissão Diocesana Preparatória vão reunir a 8 de Janeiro e discutir de forma apropriada um plano de acção», explicou a responsável.

Antes do anúncio, no final do mês de Dezembro, pelo Papa Francisco, de fazer de 2021 o Ano da Família, dedicando este ao espaço da família na Igreja, ao acompanhamento dos casais no matrimónio e às dificuldades da vida conjugal, a diocese de Macau já tencionava reservar um fim-de-semana, no mês de Outubro, à celebração do papel fundamental da família na transmissão dos valores católicos. «Inicialmente, e devido ao impacto da pandemia, aquilo que tínhamos decidido era que o “Dia Paroquial das Famílias” se iria celebrar antes e depois do Dia Mundial das Missões, em Outubro», admitiu Veronica Po. «Agora vamos discutir uma forma de estender as celebrações ao longo de todo o Ano da Família. Acredito que depois desta reunião estaremos em posição de avançar com outras iniciativas. Espero que possamos ter um plano definido em meados do próximo mês», acrescentou.

O anúncio de que os próximos meses serão de reflexão sobre o papel e o lugar da família no seio da Igreja Católica foi feito pelo Papa Francisco, cinco anos após ter publicado “Amoris Laetitia”, a exortação do Sumo Pontífice sobre o amor no seio do agregado familiar.

O Ano da Família arranca a 19 de Março deste ano, dia que a Igreja consagra à figura de São José, e termina a 26 de Junho de 2022, durante o 10.º Encontro Mundial das Famílias, uma iniciativa que decorrerá em Roma.

Na homília que proferiu a 27 de Dezembro, a partir da biblioteca do Palácio Apostólico do Vaticano, o Santo Padre destacou «o valor educativo do núcleo familiar (…) fundado no amor». O Papa Francisco pediu às famílias que dêem prioridade «ao perdão sobre a discórdia». «Na família há três palavras que devem ser sempre protegidas: “permissão”, “obrigado” e “perdão”», sublinhou na ocasião.

ANTES DA FAMÍLIA, SÃO JOSÉ

Para o padre Daniel Ribeiro, a proclamação feita pelo líder da Igreja Católica, na Basílica de São Pedro, é antes de mais um convite à reflexão sobre o mecanismo afectivo que constitui a fundação da sociedade, tendo por base uma leitura crítica da exortação apostólica “Amoris Laetitia”. O vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa lembrou, contudo, que antes ainda de proclamar 2021 como o Ano da Família, o Papa Francisco havia dedicado o ano a São José, 150 anos depois do Papa Pio IX ter feito do humilde carpinteiro Padroeiro Universal da Igreja Católica. «Esta decisão sobre o Ano da Família é muito recente. Foi definido pelo Papa Francisco que este ano também vai ser dedicado a São José porque se celebram 150 anos desde que o Papa Pio IX declarou São José como Padroeiro Universal da Igreja Católica. Isto ocorreu em 1870», recordou o sacerdote. «Em Macau, começamos a equacionar algumas iniciativas em relação à celebração do Ano de São José, mas em relação ao Ano da Família ainda não há muitas coisas concretas. Vamos ter formações para assinalar o Ano de São José; há uma formação mensal, sempre no último sábado do mês. Temos a missa antecipada, que decorre às 17 horas e 30, e depois há um momento de formação, seguido por um momento de adoração eucarística. Muitas destas formações serão dedicadas a São José e teremos várias novenas durante o ano, também dedicadas a São José. Em relação a outras actividades, estamos a aguardar as indicações da Diocese. Estou certo que serão promovidas outras iniciativas», admitiu ainda.

Segundo o padre Daniel, em grande medida, a proclamação do Ano da Família acaba por ser um desenvolvimento natural, tendo em conta que São José dignifica, como ninguém, a perspectiva da vida em família: «Esta decisão, num momento como este, em que o coronavírus nos afecta a todos – e no qual as pessoas têm uma vida mais discreta, uma vida mais em casa, uma vida sem viagens, uma vida com costumes mais sóbrios –, vem muito ao encontro daquilo que foi o exemplo e a vida de São José. São José foi essa figura. Foi uma pessoa simples, um exemplo de trabalho e um exemplo de pai. São José mostra que o trabalho dignifica e mostra o modelo da paternidade. E quando falamos em José, falamos também da família. São José é um modelo de pai e este ano da família é um momento muito especial para que cada pessoa, no lar, viva bem aquilo que é a sua missão».

O anúncio de que o ano é dedicado pela hierarquia da Igreja à família, constitui também, no entender do padre Luís Sequeira, um repto à redescoberta da dimensão psico-afectiva que foi perdendo terreno no seio dos agregados familiares face à pressão e ao facilitismo que imperam na sociedade contemporânea. «É necessário ter um conhecimento mais profundo, afectivo e psíquico, da Sagrada Família. Na Humanidade, parece-me – pela situação actual, das famílias que se desagregam – que há uma necessidade fundamental e primordial do conhecimento humano; do conhecimento do Ser Humano, do que é o homem e do que é a mulher. O mundo psico-afectivo é muito posto de parte e fica só a racionalidade e a actividade», disse, questionado de seguida onde pára a afectividade.

Marco Carvalho

com Miguel Augusto

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