Centro do Bom Pastor lembra vítimas do golpe no Myanmar
Budistas e católicos participaram no último Domingo numa vigília em memória de todos quantos perderam a vida na sequência do golpe de Estado de 1 de Fevereiro no Myanmar. Promovida pelo Myanmar Social Club de Macau, a iniciativa decorreu ao final da tarde nas instalações do Centro do Bom Pastor.
Dezenas de pessoas participaram no Domingo, nas instalações do Centro do Bom Pastor, numa cerimónia inter-religiosa em memória de todos quantos perderam a vida nos protestos que desde o mês passado têm abalado o Myanmar. A antiga Birmânia foi palco, a 1 de Fevereiro, de um golpe de Estado perpetrado pelo Exército, que depôs o Governo civil da Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, e fez resvalar o País para o caos, com dezenas de milhares de pessoas a pedir nas ruas a reposição da normalidade constitucional.
Nas últimas semanas, duas imagens em que religiosas católicas se ajoelham perante a polícia e o exército para travar a investida das autoridades sobre os manifestantes correram mundo e encontraram eco também em Macau, com vários dos seminaristas birmaneses que preparam a caminhada para o Sacerdócio no Seminário de São José a associarem-se à vigília organizada pelo Myanmar Social Club de Macau. A iniciativa uniu católicos e budistas numa homenagem às vítimas da repressão militar, num abraço solidário que, no entender de Inocêncio Han, serviu para chamar a atenção da população do território para os atropelos que estão a ser cometidos na antiga Birmânia. «A vigília de Domingo, no meu entender, foi algo de muito bom. Foi um bom passo, ainda que estejamos limitados e não nos possamos expressar em público. Mas a vigília serviu para chamar a atenção para o que está a acontecer no Myanmar. E foi algo que a comunidade pode fazer sem prejudicar a sociedade ou colocar em risco o bem-estar da comunidade», assumiu o jovem seminarista, em declarações a’O CLARIM. «Fico feliz que não tivessem estado só algumas pessoas na vigília. Foi um número satisfatório. Pelo que sei, havia mais pessoas interessadas em participar, mas não conseguiram por várias razões. Muitos estavam a trabalhar e acabaram por acompanhar a vigília apenas pela Internet», acrescentou Inocêncio Han.
Os participantes, a maioria cidadãos do Myanmar que estão em Macau com o estatuto de trabalhadores não-residentes, depositaram flores frente a um mural improvisado onde estavam afixados papéis com o rosto e os nomes dos que perderam a vida nos protestos das últimas semanas. Nas diferentes fichas que constituíam o mural constavam a causa, a data e o lugar da morte de cada uma das vítimas e foi à frente desse memorial improvisado que se foram concentrando dezenas de velas à medida que a noite descia sobre Macau.
Marco Carvalho