Papa pede «todos os meios» contra a corrupção

VATICANO

Papa pede «todos os meios» contra a corrupção

O Papa Francisco disse, na passada quarta-feira, que a corrupção é «uma doença recorrente» e que é preciso usar «todos os meios» para evitar esta «história antiga». Na mesma ocasião, destacou os avanços na consolidação da justiça do Estado do Vaticano.

«Ao longo de três anos, avançou-se para que a justiça fosse mais independente, com meios técnicos, depoimentos de testemunhas apuradas, técnicas actuais, nomeações de novos juízes, do novo Ministério Público», disse o Papa, numa longa entrevista à Rádio Cadena Cope.

À emissora católica de Espanha, Francisco observou que a corrupção «é uma história antiga» no mundo, sendo preciso usar «todos os meios» para a evitar e recordou vários casos da história.

«Esperemos que esses passos na justiça do Vaticano ajudem a que haja cada vez menos casos», acrescentou o Pontífice, referindo que «tudo começou com duas reclamações de pessoas que trabalham no Vaticano e que viram uma irregularidade»; duas pessoas boas que «estavam um pouco intimidadas» e foi preciso «encorajá-las a avançar».

Sobre o caso do cardeal D. Angelo Becciu, antigo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, um colaborador que «ajudou muito» e que em 2020 se demitiu da congregação e renunciou aos direitos ligados ao cardinalato, o Papa salientou que «vai a julgamento sob as leis do Vaticano», tendo desejado «de todo o coração, que seja inocente».

«Tenho uma certa estima como pessoa, ou seja, desejo que dê tudo certo. Mas é uma forma afectiva de presumir inocência, vamos lá. Além da presunção de inocência, espero que tudo corra bem. Agora, a justiça é quem vai decidir», acrescentou o Santo Padre sobre o cardeal com quem celebrou Missa da Ceia do Senhor, no dia 1 de Abril.

Francisco também conversou sobre a pedofilia e o trabalho da Igreja Católica e começou por elogiar o cardeal norte-americano D. Sean O’Malley, presidente da Comissão para a Protecção de Menores, pela sua «coragem» e pediu aos Governos para agirem contra a pornografia infantil, que é «um problema global e grave».

«Às vezes, pergunto-me como é que alguns Governos permitem a produção de pornografia infantil. Hoje, com os serviços secretos, sabem tudo. Um Governo sabe que no seu país se produz pornografia pedófila. Para mim, esta é uma das coisas mais monstruosas que eu já vi», acrescentou.

À pergunta se o diabo também está no Vaticano, o Papa respondeu que «o diabo anda por toda a parte», e explicou ter mais medo dos «demónios instruídos, quem toca a campainha, pede licença, entra em casa, fica amigo» – salientou que Jesus também falou desses.

Em Março passado assinalaram-se nove anos da sua eleição como Papa – Francisco recorda ter sido surpreendido com a escolha e explica que, desde o início, tenta «colocar em prática» o que os cardeais disseram nas reuniões antes do Conclave, sobre o que o futuro Pontífice tinha de fazer.

In ECCLESIA

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