“Ventos de Mudança”
A vida é um constante fluir na cadência dos nossos dias e na construção do nosso ser que urge formar, desenvolver, aperfeiçoar e consolidar.
Somos peregrinos na terra, em busca da Pátria prometida, o Céu, miragem única e fascinante que a todos atrai e incita a alcançar. Vidas simples, outras mais complexas, algumas sem história, outras contadas e reforçadas pelo palpitar do coração e dos sentidos que despertam uma avassaladora ambição de viver todos os momentos como se fossem os últimos e os únicos.
Na verdade, a vida é uma viagem admirável, é uma vertigem que passa ou um rio que corre sempre no seu leito, uns dias mais agitado, outros mais tranquilo, mas não volta nunca para trás, o seu fim é a foz…
“A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para César cujo império ainda lhe é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida” (In “O Livro do Desassossego”, Fernando Pessoa).
Na senda do poeta poderemos reiterar que se pudéssemos revelar os pensamentos e fazê-los viver, eles acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.
Na certeza inabalável de que não somos versos soltos, mas fazemos parte dum imenso poema divino, a autora de “Ventos de Mudança” ousa afirmar:
“Tens valor tu que és débil e fraca, não desesperes. Estás atemorizada e em sofrimentos, vencida pelo cansaço de muitas lutas e com o atormento que atravessas. Tem confiança, eu venci o mundo!
O dia de hoje será o tempo que disponho para lutar e para enfrentar as suas vicissitudes e também para vivenciar as coisas boas que possam eventualmente surgir.
O vento sopra, sopra às vezes com muita força arrastando quase tudo ao passar. Depois vem um período de acalmia muito menos conturbado que permite alguma reorganização.
Mas o vento volta, volta sempre. E para alguns, uma e outra vez ao longo da vida, tornando-se necessário recomeçar. E nesse vento que tudo arrasta, que transporta os nossos sonhos, as nossas alegrias, as nossas ilusões…”.
“Ventos de Mudança”, de Maria Helena Paes, da colecção Viagens na Ficção, publicado pela CHIADO BOOKS, em Junho de 2018, é o desfiar duma vida que não cessa de acontecer, é uma busca de sentido para os pequenos milagres do dia-a-dia, consubstanciado nas coisas pequenas da vida, é o entrelaçar e o tecer duma vivência vivida com muita esperança, serenidade, confiança e muita fé na providência divina, na certeza de que tudo o que acontece ao ser humano é bom quando ele o coloca nas mãos de Deus.
SUSANA MEXIA
Professora