Pronto, já estamos em 2015 e mais um ano se passou, o primeiro a viver permanentemente a bordo. Em Macau, pelo que vamos vendo ao longe, pouco mudou apesar do Executivo ter sido mexido. Aqui, o mesmo se passa, tudo continua na mesma. A quadra do Natal foi passada em família, a nossa primeira consoada a bordo do veleiro Dee. Tivemos um jantar tradicional, com bacalhau e tudo! Até bolo-rei houve na mesa feito no nosso forno. Vinho do Porto, árvore de Natal, presentes, luzes, enfim, tudo a que estamos habituados nesta altura. Só faltaram três coisas para que fosse um Natal como outro qualquer: a família completa, amigos… e o frio! A passagem de ano é que foi um pouco atípica. Não houve “reveillon”, nem qualquer festividade mas, por outro lado, tivemos o privilegio de ver diversos espectáculos de fogo-de-artifício. Cortesia dos vários hotéis de cinco estrelas que existem aqui à beira-mar na baía onde nos encontramos. Foi um espectáculo inesperado e de rara beleza. Até a Maria, que à meia-noite normalmente já dorme, acordou para beber leite e ver o espectáculo de luz e som, pedindo mais quando a escuridão voltou.
Na última crónica referia que não tínhamos tido a oportunidade de encontrar o veleiro de bandeira portuguesa (chama-se Allegro e está registado em Cascais), que tinha ficado em último lugar no Atlantic Rally for Cruisers. Pois uma semana antes do Natal, quando regressávamos de bote ao Dee, a minha esposa notou um veleiro ancorado atrás de nós com uma pequena bandeira portuguesa hasteada num dos brandais, mas ostentando bandeira de registo belga. Curiosos, pensando ir encontrar uma tripulação belga com algumas ligações a Portugal, descobrimos que todos eram portugueses e que eram da mesma família do outro veleiro, do Allegro! Aliás, também eles nos contaram que estavam curiosos em conhecer-nos porque tinham notado a nossa bandeira portuguesa assim que ancoraram, mas ainda não tinham visto ninguém no nosso barco. Este veleiro chama-se Magelanus III e é propriedade de João e Niúsca Magalhães, de Oeiras, e também chegou a St. Lucia participando na ARC+. Foi através deles que, para nossa surpresa, ficámos a saber que também o Allegro estava em St. Lucia. Tinham voltado de uma curta incursão nas Grenadines, exactamente na semana em que tínhamos chegado de Nova Iorque.
Conversa puxa conversa, ficou combinado um encontro na marina para conhecer a tripulação do Allegro e trocar informações, pois o Magelanus III planeava seguir rumo a Norte até às Ilhas Virgens Americanas, onde nós tivemos durante alguns meses e cujas dicas lhe seriam úteis. Nessas conversas ficámos também a saber que planeiam ficar pelas Caraíbas por três meses, indo depois de regresso a Portugal. Não sabem ainda se irão levar o veleiro ou contratar uma tripulação para fazer a travessia por eles.
Quanto ao Allegro, ficámos a saber que tem planos diferentes. Irão seguir, no dia 10 deste mês, rumo à Colômbia e ao Panamá, juntamente com toda a flotilha do ARC World, para uma volta ao mundo que irá durar 22 meses.
Para fechar bem o ano, tivemos o privilégio de termos sido intermediários na possível (faltam acertar apenas detalhes) compra de um catamaran por uma família portuguesa. Tínhamos sido contactados há alguns meses por um casal, que esteve a viver em Macau durante algum tempo, que tem planos de velejar também à volta do mundo e que procurava um catamaran com características específicas. Depois de termos visto o que havia por aqui no mercado, enviámos algumas informações, tendo eles ficado interessados num modelo propriedade de um casal suíço e cujo negócio se deve fechar ainda esta semana.
A terminar esta crónica, também esta semana ficámos a saber de outra família portuguesa que anda pelos mares das Caraíbas. Saíram de Portimão há uns meses e encontram-se na ilha de Martinica, aqui ao lado de St. Lucia. Ainda não tivemos contacto com eles mas esperamos fazê-lo em breve.
Um bom ano de 2015 para todos os nossos leitores e amigos.
João Santos Gomes
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