O que acontece imediatamente após a morte?
O Capítulo IX da Carta aos Hebreus afirma claramente que há um julgamento depois da morte: «E assim como está destinado para os homens morrer uma vez, depois disso vem o julgamento(Hebreus 9, 27)».
São Paulo diz que «todos nós devemos comparecer perante a cadeira de Cristo, para que cada um possa receber o bem ou o mal, de acordo com o tiver feito em vida(2 Coríntios 5, 10)».
Assim que a alma se separa do corpo durante a morte, ela encontra-se na presença de Deus. A luz penetrante de Deus, a luz da Verdade, faz-nos ver a nós próprios – ver como somos na realidade –, sem mais pretensões ou subterfúgios. De imediato, veremos o estado da nossa alma: (1) se somos dignos da felicidade infinita que Deus preparou para nós – o céu; (2) se ainda precisamos de limpeza e purificação, e portanto ainda não estamos prontos para participar no banquete celestial – o purgatório; ou (3) se ainda não nos arrependemos de um pecado grave ou mortal, pelo qual tivéssemos rejeitado conscientemente e voluntariamente o amor e a felicidade de Deus – o inferno (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 208).
O primeiro caso é exemplificado com o episódio do Calvário: «Então, dirigindo-se a Jesus, rogou-lhe: “Jesus! Lembra-te de mim quando entrardes no teu Reino”. E Jesus lhe assegurou: “Com toda a certeza te garanto: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!” (Lucas 23, 42-43)». Jesus prometeu-lhe a recompensa do paraíso no mesmo dia da Sua morte.
Eis algumas citações retiradas do livro “Textbook of Catholic Doctrine for High School”, da autoria do padre Mário Coarezza SDB, págs. 117-118; e do Catecismo da Igreja Católica nos1021 e 1022:
“A morte acaba com o tempo experimental na terra e é a nossa oportunidade de obter méritos e salvar a nossa alma. Segue-se o julgamento privado, que decidirá o nosso destino.
O julgamento tem lugar imediatamente à morte e termina rapidamente. Assim que dizemos que alguém morreu, já este está a ser julgado”.
“Quando a morte chegar, a alma encontrar-se-á diante do trono glorioso de Jesus, diante do qual prestará contas de cada pensamento, palavra, acção e omissão. Todas as boas e más acções serão colocadas na balança da justiça infinita de Deus”.
“Jesus dará o veredicto de acordo com o estado de cada um: (1) Aqueles que morrerem em estado de graça, que estão livres do pecado e de todo o castigo devido ao pecado, irão para o céu. (2) Aqueles que morrerem mesmo com apenas um pecado mortal irão para o inferno. (3) Aqueles que morrerem em estado de graça, mas que ainda têm alguns pecados veniais ou não cumpriram totalmente a penitência pelos pecados já perdoados, terão que despender mais algum tempo para a purificação no purgatório”.
DUAS CONSEQUÊNCIAS
1– Como não somos juízes, não temos o direito de julgar os outros.
«Mas, tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, igualmente, por que desprezas teu irmão? Pois todos compareceremos diante do tribunal de Deus(Romanos 14, 10)».
«Um só é o Legislador e Juiz, Aquele que pode salvar e aniquilar. Tu, no entanto, quem és, para julgar o teu semelhante? (Tiago 4, 12)».
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados(Lucas 6, 37)».
«Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós (Mateus 7, 2)».
2– Porque não fazemos juízos, não devemos temer o julgamento dos outros.
«Porquanto, ainda que esteja consciente de que nada há contra mim, nem por isso me justifico, pois quem julga é o Senhor (1 Coríntios 4, 4)».
CONTABILIDADE DIÁRIA ANTE O NOSSO JUIZ
É um hábito espiritual saudável fazer um exame de consciência ao final de cada dia. Todos os dias escrevemos mais umas páginas do livro da nossa vida. Como tal, devemos perguntar ao Senhor se o que escrevemos está de acordo com as Suas expectativas.
“Amigo, pega no livro da tua vida e passa as suas páginas todos os dias; e assim não serás surpreendido quando for lido no dia do teu julgamento em privado, nem te envergonharás quando for publicado no dia do teu julgamento universal” (“Jesus as Friend”, pág. 66, Salvador Canals).
Pe. José Mario Mandía