TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (94)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (94)

A quem devemos seguir: a Igreja ou o Estado?

O Homem é composto por corpo e alma. Tanto o corpo como a alma precisam de ser cuidados. Para os cuidados da alma existe a Igreja. Para os cuidados do corpo há a sociedade civil.

Existe uma autoridade, tanto na Igreja como na sociedade civil. Por isso, Jesus ensinou os Seus Apóstolos a respeitar não apenas as autoridades da Igreja, mas também as autoridades civis. Ele resumiu essa norma na seguinte máxima: «Dai a César o que é de César, e dai a Deus o que é de Deus» (Mateus 22:21).

No ponto 405, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) ensina-nos: “Toda a comunidade humana tem necessidade duma autoridade legítima, que assegure a ordem e contribua para a realização do bem comum. Tal autoridade encontra o seu fundamento na natureza humana, porque corresponde à ordem estabelecida por Deus”.

A autoridade é necessária ao bem comum, a qual comporta: o respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa; o desenvolvimento dos bens espirituais e temporais das pessoas e da sociedade; a paz e a segurança de todos (CCIC nº 408).

DISTINÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO– A Igreja e o Estado são diferentes um do outro nas suas respectivas origens, objectivos, funções e nos meios que empregam.

ORIGENS– A Igreja e o Estado diferem um do outro porque a Igreja tem a sua origem em Deus, enquanto o Estado surge da natureza social do homem.

OBJECTIVOS– Os seus objectivos são distintos porque a Igreja tem um objectivo sobrenatural, enquanto o Estado tem um objectivo temporal.

FUNÇÕES– Além disso, eles são diferentes um do outro porque a Igreja e o Estado têm papéis diferentes. Por isso não podem interferir nas funções um do outro. No entanto, têm que trabalhar em conjunto porque ambos foram destinados a servir o Homem e as suas tarefas sobrepõem-se em determinadas áreas.

A Igreja trabalha para alcançar o bem comum sobrenatural, isto é: (1) a glória de Deus e (2) a salvação das almas (Mateus 28: 19-20). Contudo, ela também tem que se preocupar com a ordem correcta das coisas temporais para conduzir os homens (corpo e alma) ao fim sobrenatural. E assim, a Igreja também contribui para o progresso humano.

Já o Estado trabalha para alcançar o bem comum temporal da sociedade civil. Para tal ser alcançado são necessários alguns bens espirituais, como Paz, Ordem, Justiça, Liberdade, Cultura e outros semelhantes.

MEIOS USADOS– A Igreja e o Estado também diferem nos meios que utilizam para alcançarem os seus respectivos objectivos. A Igreja recorre a meios sobrenaturais: orações, pregação do Evangelho, administração dos Sacramentos. Mas precisa usar meios materiais para atingir os seus objectivos. O Estado faz uso de meios materiais, mas pode ser muito ajudado pelas orações da Igreja.

HARMONIA, NÃO OPOSICÃO– Tanto a Igreja como o Estado têm que trabalhar para o desenvolvimento humano integral. Cada um goza de autonomia, mas ambos têm que trabalhar no respeito mútuo, colaborando entre si dentro da esfera de competência de cada um.

A IGREJA deve respeitar e encorajar a liberdade e a responsabilidade dos cidadãos. Pode emitir julgamentos morais sobre questões políticas, económicas ou sociais que afectem a fé e a moral. A Igreja deve fazê-lo sem esquecer e observando sempre a lei suprema da caridade (I Pedro 3:15-16).

O ESTADO deve reconhecer o direito de liberdade religiosa.

Pe. José Mario Mandía

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